Há
cerca de um ano, em 30 de março de 2015, o vice-presidente Michel Temer
utilizava a sua conta no Twitter para colocar-se terminantemente contra o
impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Nesta terça (29), dia em que a
legenda que comanda, o PMDB, desembarca do governo, já está claro o seu papel
como um dos timoneiros do golpe em curso.
"O impeachment é impensável, geraria uma crise
institucional. Não tem base jurídica e nem política", escreveu, no ano
passado, um Temer leal à sua presidenta. Um mês depois, reafirmava: "Só se
pode pleitear impeachment em hipóteses constitucionais. Em nenhuma delas há
esta possibilidade".
Ao que parece, o peemedebista mudou de
ideia. A cúpula do PMDB - aprofundando a divisão interna do partido -
determinou, nesta terça (29), que os parlamentares da legenda deixem
imediatamente a base do governo e que os filiados entreguem os cargos que
ocupam no Executivo Federal. Um Temer bem menos leal, nesse caso, deve
permanecer como vice-presidente.
De acordo com matérias veiculadas na
mídia, ele teve participação ativa na mobilização para o PMDB abandonar Dilma
Rousseff, participando de diversas reuniões com parlamentares e ministros do
PMDB em busca de um rompimento “unânime”.
Mas permanecerá ele próprio dentro do
governo, conspirando para derrubar uma presidenta idônea e, desta forma, herdar
o governo que a oposição da qual ele faz parte agora não teve votos para
conquistar.
Se havia alguma dúvida de que lideranças
do PMDB atuavam na convenção desta terça guiadas por qualquer princípio
republicano, os gritos de "Brasil para frente, Temer presidente" que
surgiram após o anúncio de rompimento terminaram de eliminá-la.
Assim que acabou a solenidade do
partido, que durou menos de quatro minutos, contudo, milhares de internautas
começaram a cobrar a saída de Temer do governo, inclusive resgatando, com
ironias, a polêmica carta que ele dirigiu à presidenta no ano passado. E a
hashtag #RenunciaTemer chegou a liderar o ranking dos assuntos mais comentados
no Twitter do Brasil.
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