sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Coisas do Brasil: um ministro, a mulher vice-governadora e a filha deputada.


Após gafe, ministro da Saúde leva 'puxão de orelha' da filha

Maria Victoria Borghetti Barros (PP), candidata à Prefeitura de Curitiba, lembrou que mulheres trabalham em média 5h a mais que homens

As declarações do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), de que os homens vão menos ao médico porque “trabalham mais”, levaram a própria filha do político, a deputada estadual Maria Victoria (PP-PR), a se manifestar. Em vídeo publicado em sua conta na rede social Facebook na noite desta quinta-feira (11), ela disse que precisou dar um "puxão de orelhas" no pai.
A deputada estadual Maria Victoria Borghetti Barros
A deputada estadual Maria Victoria Borghetti Barros
Foto: Giuliano Gomes/Futura Press
"Por mais que haja dados absolutos de que há maior número de homens no mercado formal de trabalho, o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] afirma que as mulheres trabalham em média cinco horas a mais na semana do que os homens. Portanto, é uma jornada de trabalho mais longa", destacou.A parlamentar se referia aos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2014. Conforme o levantamento, apenas no trabalho doméstico, a jornada feminina, de 20,6 horas, é mais do que o dobro da observada para os homens, de 9,8 horas por semana.
Maria Victoria lembrou ainda o fato de profissionais do sexo feminino serem submetidas a jornadas duplas quando voltam para casa. Considerando a “dupla jornada”, elas trabalham em média 56,4 horas semanais, contra 51,6 horas deles. “Não é isso, mulherada?”, perguntou, ao final do vídeo.
O ministro fez as afirmações durante o anúncio da criação de um plano para aumentar as estatísticas de atendimento a homens na rede pública de saúde do Brasil. “Eu acredito que é uma questão de hábito. Os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para a saúde preventiva. Isso precisa ser modificado”, disparou. Barros é casado com a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), que até o momento não se pronunciou sobre o tema.
Rejeição ao feminismo
Curiosamente, a deputada, candidata à Prefeitura de Curitiba, costuma rejeitar o feminismo, movimento que, em suas diferentes vertentes, defende os direitos humanos das mulheres. Questionada sobre a questão pela reportagem do Terra em convenção de seu partido, no dia 4 de agosto, ela falou que “de maneira alguma” se coloca como feminista. “Eu sou a favor da equidade de gênero. A mulher e o homem são diferentes, e isso é muito positivo. Os dois têm de trabalhar juntos”, respondeu.
A pepista criticava, na ocasião, a subrepresentação feminina da política. “É muito baixa. Só 9% (de parlamentares) no Congresso Nacional, apesar de fazermos muitas campanhas de incentivo à mulher ingressar na política, porque a mulher tem uma inteligência emocional que pode ser muito favorável em qualquer profissão, mas principalmente na política, por esse carinho e vontade de cuidar e servir ao próximo”.

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