Destituição de Dilma Rousseff é 'canalhada', diz ex-presidente da República Dominicana
Em sua coluna no jornal Listin Diario, Leonel Fernández qualificou impeachment como 'tragicomédia' que mascarou disputa em torno dos recursos naturais
O ex-presidente da República Dominicana Leonel Fernández (1996-2000) afirmou nesta segunda-feira (05/09) que a destituição de Dilma Rousseff da Presidência brasileira foi uma “canalhada”, a qual mascarou uma “luta de poder” em torno dos recursos naturais do país.
Em sua coluna no jornal dominicano Listin Diario, Fernández, que também é presidente do PLD (Partido da Libertação Dominicana), apontou que não foram apresentadas provas de crimes contra a ex-mandatária, que manteve os direitos políticos de acordo com decisão dos senadores.
Nesse sentido, segundo ele, “o que aconteceu no Brasil em relação a Dilma Rousseff não foi um julgamento ou um impeachment”. “Foi, bem mais, uma espécie de teatro, um melodrama, uma tragicomédia que mascarou o fato de que, no fundo, realmente se trata é de uma luta de poder”.
Fernández traça, no texto, um histórico da Presidência brasileira com Dilma, que enfrentou as manifestações contra a tarifa do transporte público em 2013 e uma queda de popularidade no final do seu primeiro mandato, chegando até sua reeleição, onde teria se iniciado uma “conspiração” para afastá-la do cargo.
“Ainda que formalmente tenham aceitado os resultados, os setores de poder, na verdade, nunca admitiram a derrota”, escreveu.
OECD Development Centre/Flickr
Para ex-presidente da República Dominicana Leonel Fernández, impeachment de Dilma é 'canalhada'
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O principal motivo para a destituição de Dilma, de acordo com Fernández, foi uma luta “pelo controle das reservas de hidrocarbonetos em águas profundas, o qual converte o Brasil no oitavo país do mundo com maiores reservas de petróleo”, e cuja gestão dos recursos naturais por governos petistas não agradou a setores empresariais.
Para o ex-presidente dominicano, o impeachment foi a forma encontrada para afastar a então mandatária de forma definitiva do cargo, o que não poderia ocorrer por meio de um golpe militar, “que seria rechaçado em escala mundial por todos os partidários da democracia”. “Havia que se empregar um novo estilo, mais sofisticado, mais apegado a cânones legais”.
De acordo com ele, “há quem afirme que o ocorrido em Brasil não foi um golpe de Estado. Talvez tenham razão”, escreveu. “O que aconteceu no Brasil foi algo pior. Foi uma canalhada”, completou.
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