PMDB será pedra no caminho do ajuste fiscal de Temer
POR ROSANA HESSEL
Michel Temer já se prepara para vestir a faixa presidencial, mas o partido dele, o PMDB, vem se movimentando para tornar a trajetória do governo mais complicada. Parte relevante da legenda está disposta a dificultar o andamento do ajuste fiscal elaborado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Com as eleições municipais se aproximando, muitos peemedebistas não querem nem ouvir falar na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à inflação do ano anterior. Alegam que o discurso de que o governo pode cortar despesas com saúde e educação tende a jogar contra candidatos do partido com chances de saírem vitoriosos das urnas.
Os mesmos peemedebistas trabalham pesado para aprovar, no Senado o aumento dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que a equipe econômica quer segurar. Meirelles já disse a Temer que o reajuste, agora, será terrível para a imagem do ajuste fiscal, pois elevará o teto do funcionalismo e funcionará como um efeito cascata nas contas de estados e municípios. “Será um desastre”, diz um auxiliar de Meirelles. “É difícil entender o porquê de o PMDB estar jogando contra, quando deveria estar fechado com o governo, como faz o PSDB”, acrescenta.
Esse mesmo técnico lembra que os peemedebistas já criaram problemas durante a tramitação do projeto de renegociação das dívidas dos estados. Parte da legenda pressionou para que pontos importantes, como a proibição de reajustes a servidores nos próximos dois anos e a não realização de concursos públicos no mesmo período, fossem abortados. Com isso, Meirelles, que havia defendido esses pontos até o fim, acabou tendo a imagem arranhada entre os agentes econômicos. Muitas dúvidas foram levantadas pelo mercado sobre o real compromisso do Planalto com a arrumação das contas públicas.
Brasília, 18h36min
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