BEM ME QUER...MAL ME QUER
Gilmar Mendes diz que existe caixa dois
do bem e do mal, e agora, os R$ 50 milhões de Aécio são propina do bem?
Há exatamente duas semanas, o número
dois da Odebrecht, Benedicto Júnior, depôs ao ministro Hermann Benjamin, do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e denunciou o caixa dois de R$ 9 milhões ao
senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi distribuído para aliados como o senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator do golpe no Senado, e Dimas Fabiano
Toledo, filho do responsável pela notória lista de Furnas.
HermannBenjamin mandou colocar tarjas
pretas sobre o nome de Aécio, mas o estrago estava feito. Aécio, que propôs
ação no TSE contra a presidente eleita Dilma Rousseff, foi desmoralizado, mas
conseguiu uma nota pública de apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
que lançou a tese do "caixa dois do bem".
"No importante debate travado pelo
país distinções precisam ser feitas. Há uma diferença entre quem recebeu recursos
de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que
precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para
enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção", disse FHC.
Agora, no entanto, Aécio foi delatado
pelo número um da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que denunciou o pagamento de
R$ 50 milhões ao presidente nacional do PSDB, como contrapartida aos
investimentos da Cemig, estatal mineira, e Furnasfizeram
numa das usinas do Rio Madeira. Parte da propina teria até sido paga em
Cingapura a um operador de Aécio.
Será que este caso também se enquadra na
teoria do "caixa dois do bem"?
O que fará FHC para defender seu pupilo?
Na realidade, FHC deveria apenas se
desculpar diante dos brasileiros por ter avalizado o golpe contra a democracia
liderado por Aécio Neves – o político com maior número de pedidos de inquéritos
na lista de Rodrigo Janot.
Veja a nota de FHC:
Lamento
a estratégia usada por adversários do PSDB que difundem "noticias alternativas"
para confundir a opinião pública.
A
imprensa é instrumento fundamental da democracia. Usada por quem não é
criterioso presta um mau serviço ao país.
Parte
do noticiário de hoje sobre os depoimentos da Odebrecht serve de sinal de
alerta. Ao invés de dar ênfase à afirmação feita por Marcelo Odebrecht, de que
as doações à campanha presidencial de Aécio Neves, em 2014, foram feitas
oficialmente, publicou-se a partir de outro depoimento que o senador teria
pedido doações de caixa dois para aliados.
O
senador não fez tal pedido. O depoente não fez tal declaração em seu depoimento
ao TSE.
É
preciso serenidade e respeito à verdade nessa hora difícil que o país
atravessa.
Ademais,
independentemente do noticiário de hoje tratar como iguais situações
diferentes, não é o caminho para se conhecer a realidade e poder mudá-la.
Visto
de longe tem-se a impressão de que todos são iguais no universo da política e
praticaram os mesmos atos.
No
importante debate travado pelo país distinções precisam ser feitas. Há uma
diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de
atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou
punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e
simples de corrupção.
Divulgações
apressadas e equivocadas agridem a verdade, e confundem os dois atos, cuja
natureza penal há de ser distinguida pelos tribunais.
A
palavra de um delator não é prova em si, apenas um indício que requer
comprovação. É preciso que a Justiça continue a fazer seu trabalho, que o país
possa crer na eficácia da lei e que continue funcionando.
A
desmoralização de pessoas a partir de "verdades alternativas" é
injusta e não serve ao país. Confunde tudo e todos.
É
hora de continuar a dar apoio ao esforço moralizador das instituições de Estado
e deixar que elas, criteriosamente, façam Justiça.
Fernando
Henrique Cardoso
Presidente
de honra do PSDB
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