Uma
reflexão sobre o momento atual.
(Ernesto
Germano)
No final de 2015, em algumas palestras que fiz a
convite de sindicatos eu falava do risco real de uma retomada neoliberal na
América Latina. Em alguns Informativos do período eu falava da nova tática
estadunidense dos golpes brancos, golpes trasvestidos de “legais” e
“constitucionais”. Sempre cito o golpe em Honduras (contra Manuel Zelaya) e o
golpe no Paraguai (contra Fernando Lugo).
Nesses momentos eu sempre alertava para o risco das
eleições na Argentina onde a direita, muito bem preparada e financiada por
Washington, tinha como principal meta destruir toda a herança de progresso e
realizações sociais do período Kirchner. Entre outras coisas, eu acreditava
que, vencido o processo da Argentina, o próximo alvo seria o Brasil. E assim
aconteceu. Como sempre, tudo muito bem maquiado de legalidade.
Quais os próximos passos do Império? Essa resposta é
fácil para qualquer um de nós: Equador, Bolívia, Venezuela e Nicarágua! Ou
seja, a retomada da América Latina como o quintal dos fundos estadunidense.
Porém, curiosamente, nem tudo sai tão perfeito como foi
previsto pelos ideólogos da direita. Um dos grandes erros, por exemplo, é que
toda a direita latino-americana apostava suas fichas na eleição de Hillary Clinton,
nos EUA, e foi surpreendida por um troglodita chamado Donald Trump que tem
projetos próprios e diferenciados do defendido pelos “falcões” de Washington.
Ou seja, alguma coisa “desandou” no projeto da direita em nossa região, mas,
lamentavelmente, a esquerda não está sabendo entender e aproveitar essa brecha.
Pelo contrário, a nossa esquerda está mais preocupada em se autoconsumir do que
em ter um programa voltado para os interesses dos trabalhadores e que utilize a
atual e profunda crise do neoliberalismo para conduzir uma luta verdadeiramente
emancipadora.
Um exemplo concreto do que estamos tentando mostrar é a
situação do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, tema que tratamos no
último Informativo.
Falamos da renúncia de Serra e da indicação de Aloysio
Nunes para mostrar a preocupação do governo golpista em desmontar toda a
política exterior independente criada por Lula e substituir por uma submissa e
afinada com os interesses dos “seus patrões”. Mas há algo mais a ser visto
nessa questão e que vai ajudar a entender a renúncia de Serra.
Acontece que, como dissemos acima, toda a
“intelectualidade” do golpe no Brasil acreditava na eleição de “dona” Hillary.
Por isso José Serra assume o Itamarati com a principal missão de minar o
MERCOSUL, bombardear a aliança com os países da nossa região e a política
sul-sul traçada por Lula. Porque seu objetivo era levar o Brasil ao pacto do
TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento) e, talvez,
reencarnar o projeto do NAFTA, enterrado por Lula e Kirchner. Isso feito, o
enfraquecimento do BRICS (a “pedra no sapato” de Washington”) seria apenas uma
consequência. E tinha a concordância e ajuda da Argentina para isso.
Mas acontece que Trump surpreendeu a todos e uma das
primeiras medidas de seu governo foi acabar com o TTIP, tirando o tapete dos
golpistas argentinos e brasileiros. Mais do que isto, Trump anunciou uma política
nacionalista e pouco diplomática com a América Latina (vide o caso do muro do
México e as leis contra imigrantes).
Vamos prosseguir nessa análise do momento brasileiro.
Também no Informativo passado dissemos que o golpista Michel Temer teria
assegurado aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social que “a
economia brasileira vem se recuperando rapidamente”. Será verdade?
A realidade é bem diferente. O que estamos constatando,
diariamente, é que o Brasil atravessa uma das piores recessões de sua história
e, é claro, isso é reflexo da grande crise que se abateu sobre o sistema capitalista
mundial. E podemos constatar a veracidade dessa afirmativa através de dados
coletados diariamente nos jornais e nos institutos de pesquisas que costumamos
consultar.
Por exemplo, no dia 07 de março de 2017 o jornal Valor
Econômico anunciava que “O Brasil é o único a ter queda no PIB em um ranking de
45 países”. Na verdade, uma simples consulta aos dados oficiais mostra que o
Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,9%, no 4º trimestre de 2016, em relação ao
trimestre anterior. Para todo o ano de 2016, a queda do PIB foi de 3,6%. As
expectativas são de fechamento de 2017 com crescimento zero.
O programa “Uma ponte para o futuro”, apresentado pelo
PMDB como seu projeto de salvação do país, não é mais do que uma retomada da
ortodoxia sempre receitada pelo FMI. A atual política econômica do governo
brasileiro segue fielmente a cartilha clássica do neoliberalismo: compensar os
efeitos da crise mundial sobre as margens de lucro das grandes empresas com
redução de direitos da classe trabalhadora e da população.
Um exemplo perfeito é a proposta de reforma no sistema
brasileiro de Previdência e Seguridade Social. Uma proposta que vai atingir
todos os tipos de benefícios e os dois regimes previdenciários administrados
pelo Estado - o Regime Geral e o Regime Próprio. Mais do que isso, reduz acentuadamente
os valores dos benefícios e amplia os prazos para se obter as pensões e
aposentadorias. Outro exemplo é a proposta de “reforma trabalhista”, retirando
ou enfraquecendo conquistas históricas dos trabalhadores.
E as consequências são cada dia mais visíveis. O Brasil
perdeu 1.321.000 postos em 2016. A queda no emprego ocorreu em todos os
setores, mas, na construção civil, a eliminação de postos de trabalho foi especialmente
elevada e atingiu 14% da mão de obra do setor.
A previsão da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) é de que haja aumento de 3,4 milhões de desempregados no mundo em 2017.
Desse total, 1/3 serão brasileiros. Ou seja, de cada três postos de trabalhos
eliminados no planeta, um será no Brasil!
O fato concreto é que essa política recessiva causou
uma desaceleração no nível de preços desde a segunda metade de 2016. Nossa
imprensa amestrada comemora e amplia magicamente as “vitórias” do novo governo.
E vamos ver que a taxa oficial de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), curiosamente, ficou em 6,48% - abaixo do teto da meta, que é de
6,50%. E não é mentira!
Mas, qual a mágica? Simplesmente que todo esse
desaquecimento geral da economia é o principal fator para essa queda na
inflação. Há menos demanda, mas devemos considerar também: aumento no
desemprego, queda de salários, retração dos investimentos públicos e privados;
endividamento das famílias e das empresas.
Só para se ter uma pequena ideia sobre o tamanho do
“buraco” onde estamos entrando, basta dizer que a indústria de transformação
fechou 2016 com queda de produção (- 6,6% em 2016); os Indicadores Industriais,
da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostram que o faturamento da
indústria recuou 12,1%, em 2016, em comparação com 2015; também a CNI mostra
que as horas trabalhadas foram reduzidas em 7,6% e o nível de emprego em 7,5%;
em 2016 houve uma queda de 8,6% na massa salarial e de 1,2% no salário médio,
revelando que o desemprego na indústria atingiu os trabalhadores menos
qualificados.
Mas Temer e seu “ministro amestrado” continuam
espalhando que o Brasil voltou a crescer. E a nossa imprensa submissa e também
golpista fica repetindo essa balela.
• Quem acha que está bom? A pesquisa Ipsos Global Advisor Pulso Econômico, que traz a autoavaliação
de 26 países sobre a situação local, mostra que os brasileiros estão pouco
otimistas. Apenas 10% dos entrevistados no país fazem uma avaliação positiva do
cenário atual. O resultado garantiu ao Brasil o penúltimo lugar no
levantamento, perdendo somente para a Coreia do Sul, onde 7% considera a
economia “muito boa” ou “um pouco boa”.
“A percepção negativa do brasileiro em relação à
economia do país é resultado da atual recessão, que trouxe de volta o fantasma
da inflação e do desemprego, impactando o consumo e as finanças pessoais”, diz
Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs no Brasil.
Os países vizinhos do Brasil, Argentina e México,
também possuem uma baixa aprovação de suas economias, com 23% e 14%,
respectivamente.
• Privatização de 4 aeroportos. Grupos internacionais da Alemanha, França e Suíça
ganharam, na quinta-feira (16), a concessão de quatro aeroportos brasileiros,
na primeira fase de um programa de privatizações imposto pelo governo golpista
de Temer.
Dois aeroportos, Fortaleza e Porto Alegre, foram
comprados pela Fraport AG Frankfurt Airport Services, empresa alemã por 425
milhões de reais e 290,5 milhões de reais, respectivamente. O aeroporto de
Salvador foi arrematado pela francesa Vici Airports, por 660,9 milhões de
reais, e o de Florianópolis foi comprado pela empresa suíça Zurich
International Airport AG, por 83,3 milhões de reais.
A grande verdade, escondida pela imprensa, é que esses
leilões foram prejudiciais ao Brasil. Com a recessão interna e a crise
internacional, obviamente que esses aeroportos estavam muito depreciados.
• A lista do trabalho escravo. Obtida através da Lei de Acesso à Informação (LAI), a
“Lista de Transparência sobre Trabalho Escravo Contemporâneo” traz dados de
empregadores autuados em decorrência de caracterização de trabalho análogo ao
de escravo e que tiveram decisão administrativa final. A solicitação busca
garantir transparência à política de combate a essa violação aos direitos
fundamentais enquanto o governo federal não voltar a divulgar a informação,
como costumava fazer.
Os dados sobre flagrantes que caracterizaram trabalho
escravo tornaram-se o centro de uma polêmica após o Ministério do Trabalho do
governo Temer, órgão responsável por sua publicização semestral desde 2003,
evitar, na Justiça, a divulgação do cadastro de empregadores flagrados por esse
crime, a chamada “lista suja“. O Ministério alega a necessidade de aprimorar as
regras a fim de não prejudicar empregadores.
Em dezembro de 2014, o ministro Ricardo Lewandowski,
então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido de uma
associação de incorporadoras imobiliárias e suspendeu a divulgação do cadastro.
Em maio de 2016, após o governo federal ter publicado outra portaria com novas
regras para a lista, atendendo às demandas do STF, a ministra Cármen Lúcia,
atual presidente do STF, levantou a proibição. Mesmo assim, o Ministério do
Trabalho, sob o governo de Michel Temer (PMDB), manteve por decisão própria a
suspensão.
Criada em 2003 pelo governo federal, a “lista suja” é considerada
pelas Organização das Nações Unidas (ONU) um dos principais instrumentos de
combate ao trabalho escravo no Brasil. É e é apresentada como um exemplo global
por garantir transparência à sociedade e um mecanismo para que empresas
coloquem em prática políticas de responsabilidade social e possam gerenciar
riscos de seus negócios.
• Banqueiros tentam manipular eleições no Equador. O portal equatoriano datocertero.com publicou, na segunda-feira (13), matéria
denunciando que um diretor do Banco Guayaquil teria pago 30.000 dólares ao
instituto de pesquisas Cedatos para que publicasse um estudo sobre o segundo
turno das eleições mostrando Guillermo Lasso, o candidato da direita, liderando
a preferência dos eleitores.
O portal eletrônico reproduziu uma fatura demonstrando
que Cedatos cobrou 30.485,60 dólares da empresa LIVERCOSTAS S. A., pertencente
a um assessor de Lasso pela pesquisa.
Obviamente, os assessores do partido de Lasso – CREO –
negaram ter qualquer vínculo com a Cedatos, mas o portal manteve as acusações e
trouxe novas informações mostrando que a empresa LIVERCOSTAS S. A. pertence a
Iván Fernando Correa Calderõn, vice-presidente de Mercado do Banco de Guayaquil
e conhecido contribuinte para o CREO.
• Lasso pretende privatizar a saúde. O candidato da coligação de direita equatoriana
CREO-SUMA, Guillermo Lasso, tem um projeto para privatizar a saúde no país. Ele
defende “remodelar” o sistema de saúde e acusa o governo de Rafael Correa de
ter aumentado os gastos do Estado com esse segmento. Acusa Correa de ter
elevado a gratuidade nos serviços de saúde dizendo que, até 2007, eram feitas
20,3 milhões de consultas gratuitas e, com Correa, chegou a 42,5 milhões de
consultas em 2015.
Para privatizar a saúde no país, Lasso apresentou uma
fórmula muito “criativa”. Em um discurso de campanha em Manabí, prometeu criar
uma “zona franca” em toda a província para beneficiar os setores de turismo,
construção e saúde. Segundo seu programa, as clínicas de saúde estariam isentas
de qualquer imposto, mas deveriam oferecer 25% de sua capacidade instalada para
atendimentos gratuitos.
• Outras propostas de Lasso. Segundo Augusto de la Torre, conhecido direitista do governo de Durán
Ballén, o governo de Guillermo Lasso vai fazer os “ajustes necessários” na
economia com redução dos gastos públicos e uma reforma trabalhista com um
“aperto nos cintos” dos trabalhadores.
Segundo ele, a proposta inicial é reduzir os gastos
públicos dos atuais 40% do PIB para 30%. Ele anunciou que “A reforma
trabalhista terá que reduzir os custos das demissões, criar os contratos de
trabalho por tempo parcial e os empresários deverão fazer acordos com os
trabalhadores para ‘ajustar os cintos’, fazendo-os trabalharem mais sem pagar
horas extras”.
• Partido Comunista Equatoriano declara apoio a Lenín Moreno. O Partido Comunista Equatoriano (PCE) ratificou na
quarta-feira (15) seu apoio à continuidade da Revolução Cidadã e seu apoio à
candidatura do representante do Movimento Aliança País, Lenín Moreno.
“É importante que o povo saiba que a esquerda verdadeira
está com o projeto político impulsionado por Lenín Moreno”, disse o secretário
geral do partido em uma coletiva com a imprensa. Ele se fez uma crítica ao
grupo conhecido como Unidade Popular que se diz de esquerda, mas está apoiando
a candidatura de Lasso. “Essa não é a verdadeira esquerda, a real, a
revolucionária, pois em seu processo histórico sempre estiveram vinculados a
governos apenas para receber algo em troca do apoio”, disse.
• Inflação argentina sobe 2,5% em fevereiro. A inflação registrou nova alta na Argentina,
atingindo, no mês de fevereiro, 2,5%, de acordo com números divulgados pelo
Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos). Em janeiro, o aumento
havia sido de 1,3% e, em 12 meses, o índice já atingiu 25,4%, com crescimento
de 3,5% só no primeiro bimestre do ano.
A meta do Banco Central do país é de 17% para 2017, mas
analistas ouvidos pela imprensa do país já consideram difícil que ela seja
atingida, tamanho o incremento nos dois primeiros meses. De acordo com o jornal
La Nacion, não só os preços regulados – como energia elétrica, que sofreu
aumento – registraram crescimento, mas também a inflação “núcleo” – como
alimentos, por exemplo – subiu. Isso indica uma dificuldade futura para segurar
os valores, já que o governo não tem como controlar esses índices por meio de
regulação.
• Cuba, abrindo caminhos para a paz. Depois de ter sediado e organizado o acordo de paz
entre o governo colombiano e os guerrilheiros das FARC-EP, Cuba dá mais um
exemplo de como se deve pensar o futuro da humanidade, com solidariedade e paz.
O embaixador de Cuba na Colômbia, José Luis Ponce
Caraballo, ofereceu, em nome do governo do país caribenho, mil bolsas de estudo
de medicina para membros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
e para o governo do país.
As bolsas serão distribuídas no período de cinco anos,
de 200 em 200. Metade delas irá para as FARC; a outra será concedida ao governo
colombiano. Os selecionados já poderão iniciar os estudos no período escolar
2017-2018, que se inicia em setembro. Só para lembrar, Cuba é reconhecida
internacionalmente pela excelência na medicina.
Iván Márquez, chefe de delegação das FARC nas
negociações do acordo, comemorou a iniciativa cubana. “Ao general-de-exército
Raúl Castro [presidente de Cuba], nossa gratidão por encher a Colômbia com seu
amor e solidariedade. Ajuda a paz e nos oferece médicos. A contribuição de Cuba
ao processo de implementação do Acordo de Havana e ao pós-conflito na Colômbia
é um gesto de pura humanidade”, afirmou, pelo Twitter.
Segundo o jornal colombiano El Espectador, os cursos de
medicina no país estão entre os mais caros do ensino superior. Na Universidade
de Los Andes, uma das mais importantes do país, só a matrícula custa em torno
de R$ 21 mil.
• Escócia pensa em sair do Reino Unido. A ministra-chefe do Governo escocês, Nicola Sturgeon,
informou na segunda-feira (13) que estará defendendo um segundo plebiscito no
parlamento regional com a finalidade de obter a independência da Escócia entre
o outono de 2018 e a primavera de 2019.
“Na próxima semana eu vou procurar as autoridades do
Parlamento para chegar a um acordo com o governo britânico”, disse ela.
Durante uma conferência de imprensa em Bute House, sua
residência oficial em Edimburgo, a ministra manifestou que é necessário “atuar”
antes que seja “tarde demais”. E cita as medidas conservadoras e intransigentes
de Theresa May, atual governante escocesa.
Ela disse que o povo escocês deve ter a possibilidade
de escolher entre se converter em uma nação independente ou fazer parte do
“Brexit duro” defendido por Theresa May, que defendeu a completa saída da União
Europeia. Sturgeon disse que May não havia “movido uma palha” para alcançar um
acordo com a região escocesa que, como a Irlanda do Norte, votou pela
continuidade na União Europeia durante o referendo de junho de 2016.
No mesmo dia, o governo britânico rechaçou qualquer
possibilidade de realizar um novo referendo de independência da Escócia,
considerando que essa divisão traria uma grande incerteza econômica no país.
• País falido, mas muito armado! A Grécia é o segundo pais membro da OTAN que mais
investe em defesa, ficando atrás apenas dos EUA. Em dados percentuais, os
gregos destinam 2,36% do PIB em orçamento militar, enquanto os estadunidenses
destinam 3,61% do PIB!
Os dados constam do mais recente informe divulgado pela
própria OTAN que destaca os poucos membros da entidade que cumprem com a
principal exigência do acordo: investir em Defesa o mínimo de 2% do PIB
nacional. Segundo o informe, apenas EUA, Grécia, Estônia, Reino Unido e Polônia
“cumprem com seus deveres”! Para quem não sabe, a Grécia tem mais tanques do
que Alemanha, Itália e França... juntas!
• Ultradireita perde eleições na Holanda. Não dá muito para comemorar, mas o ultradireitista
Geert Wilders reconheceu sua derrota nas eleições gerais de quarta-feira (15),
na Holanda. A vitória coube ao conservador Mark Rutte, conhecido por sua
política neoliberal e alinhamento com a União Europeia, além das provocações
recentes contra a Turquia.
A verdade é que o partido de ultradireita cresceu,
ganhando mais quatro cadeiras no Parlamento, e garantindo que Rutte vai
precisar fazer alianças para garantir a governabilidade.
Pouco depois dos resultados, os presidentes da França e
da Espanha correram para a imprensa e felicitaram Rutte pela vitória, em uma
clara demonstração de que a União Europeia estava tensa diante das eleições
holandesas e a possibilidade de crescimento da política de afastamento do
bloco. O presidente francês, já com “as barbas de molho”, não perdeu tempo em
felicitar a vitória do conservadorismo na Holanda, porque sabe que tem “dentro
de casa” um fantasma chamado Marine Le Pen, líder da ultradireita e que já
anunciou a saída da França da UE em caso de sua vitória.
• Por que a Síria?
Mais de 450.000 pessoas perderam a vida e 11 milhões são refugiados ou
deslocados de suas regiões natais. Pelo menos 652 crianças foram assassinadas
em 2016, 255 delas próximas a escolas. Essa são as lamentáveis cifras que temos
depois de 6 anos de guerra patrocinada pelos EUA contra a Síria.
Mas, por que tanta raiva? Por que tanta vontade de
destruir um país? Segundo o estudioso espanhol José Antonio Egido, a razão da
guerra está na tentativa de destruição do pan-arabismo, um movimento que busca
a integração do povo árabe e que tem a Síria como referência.
Os EUA e os seus capachos europeus desejam um mundo
árabe divido para liquidar com todo o movimento progressista na região. “Acabar
com o Governo de Bashar al Assad e exterminar os governos progressistas e
anti-imperialistas no Oriente Médio”, disse Egido durante a entrevista.
Mas explicou também que a outra causa do conflito com a
Síria é fortalecer Israel e as monarquias (ditaduras) na Arábia Saudita, Catar,
Kuwait e Bahrein, aliados fiéis de Washington, para manter o controle na
região. Ele lembrou que os interesses ocidentais sobre a Síria e seus recursos
naturais não são recentes, mas que já em 1957 os EUA e a Grã-Bretanha tentaram
controlar o petróleo sírio e continuam atuando na região.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos
Humanos, a agressão imperialista contra a Síria é vista como a pior tragédia do
planeta desde a Segunda Guerra!
• A onda militarista dos EUA. Muito interessante o artigo de James Petras em ‘Rebelión’. Segundo ele,
“O militarismo dos EUA cresce exponencialmente ao longo das primeiras décadas
do século XXI, amparado tanto em presidentes democratas quanto por
republicanos. A histeria com que os veículos de comunicação de massa divulgam o
aumento dos gastos militares do presidente Trump ignora deliberadamente a
enorme expansão que teve o militarismo, em todas as suas facetas, sob a
presidência de Obama e de seus predecessores, Bill Clinton e George Bush
Filho”.
Em uma rápida demonstração dos dados obtidos através do
próprio Congresso estadunidense, vamos ver que Bill Clinton elevou o orçamento
bélico de 302 bilhões de dólares, em 2000, para 313 bilhões, em 2001. Sob o
governo de Bush o gasto militar disparou de 357 bilhões de dólares (2202) para
465 bilhões de dólares, em 2004, alcançando 621 bilhões de dólares em 2008.
Mas o pior ainda está por vir. Durante o governo de
Obama, o Premio Nobel da Paz, o gasto militar saltou de 669 bilhões de dólares,
em 2009, para 711 bilhões, em 2011. E não mais parou de crescer.
• O orçamento militar de Trump. A proposta de orçamento de Donald Trump para o ano
fiscal de 2018, cumpre à risca a promessa eleitoral de “Estados Unidos em
primeiro lugar”. Ele, simplesmente, está propondo cortes de 1 bilhão de dólares
no financiamento das áreas de artes e comunicação pública em troca de aumentos
de recursos para a defesa e a segurança nacional.
“Esse é o orçamento do 'America First'. Vamos gastar
menos dinheiro fora e mais em casa”, afirmou o diretor do Escritório de
Orçamento da Casa Branca, Mick Mulvaney, que acompanhou o secretário de
Imprensa, Sean Spicer, em sua entrevista coletiva diária.
Na proposta, que estabelece as prioridades do governo
de Trump, há grandes cortes também no orçamento da Agência de Proteção do Meio
Ambiente (EPA), de 31%, no Departamento de Estado, de 23%, e no Departamento de
Saúde, de 23%.
De fato, Trump batizou a proposta de “America First: um anteprojeto
orçamentário para fazer os EUA grandes de novo”. E os cortes mais pesados
ocorreram nas verbas do Departamento de Estado destinadas à ajuda externa e às
organizações internacionais, que perderão US$ 17,3 bilhões.
Trump mandou cortar recursos que eram repassados à ONU
para vários programas de combate às mudanças climáticas, diminuiu as verbas
para missões de paz e para os custos operacionais do órgão.
Por outro lado, Trump decidiu elevar o orçamento do
Departamento de Defesa em US$ 54 bilhões, o que representa 10% do total. E
também o dinheiro repassado aos departamentos de Segurança Nacional e de Assuntos
de Veteranos, que sobem 7% e 6%, respectivamente.
Entre os programas considerados prioritários, que
incluem uma emenda para fechar as contas do ano fiscal anterior de US$ 30
bilhões, estão o do caça F-35 e os de desenvolvimento de drones. Além disso, a
proposta indica um aumento da dotação de contingências, um item que surgiu
durante as guerras do Afeganistão e do Iraque, em US$ 5,1 bilhões.
Outra das grandes promessas de Trump, o muro com o
México, também está contemplada dentro do orçamento do Departamento de
Segurança Nacional: US$ 1,5 bilhões neste ano para começar as obras, e outros
US$ 2,6 bilhões para 2019.
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