Ex-embaixador
britânico:
Assad não fez
ataque químico
Em uma entrevista via Internet concedida
para a rede Sky News, o ex-embiaxador do Reino Unido na Síria, Peter Ford,
afirma categoricamente que o presidente Bashar al Assad não foi o autor dos
ataques com gás sarin realizados no dia 4 de abril em Idlib, província síria, e
que tiveram como "resposta" um ataque com mísseis desferido pelos
Estados Unidos contra uma base militar síria a sudeste de Homs, em 7 de abril.
Peter Ford: Para começar é preciso
definir a quem o crime beneficia. Claramente não beneficia ao regime sírio ou
aos russos, e considero altamente improvável a hipótese de que ou o regime
sírio ou os russos estejam por trás disso tudo.
Há muitas possibilidades.
A primeira é que sejam “fake news”,
notícias falsas, imagens, vídeos, informações todas falsas, saídas de fontes da
oposição, não de jornalistas independentes nos quais se possa acreditar.
Também é possível que as imagens mostrem
cenas de um bombardeio que tenha atingido um depósito jihadista de munições
químicas. Sabemos de fonte segura que os jihadistas estocavam armas químicas
nas escolas em Aleppo-Leste, onde essas munições foram vistas por jornalistas
ocidentais. É outra possibilidade.
Seja como for, os que acreditam nessas
notícias sempre destacam a questão de uma intervenção contra o regime de Assad.
Verdade é que nós nunca aprendemos. As
ditas armas químicas do Iraque, você lembra? Matraquearam nossos ouvidos sem
descanso (para nos forçar a intervir). Em Aleppo, nos contaram que estaria a
ponto de acontecer um holocausto, massacres...
Nada disso aconteceu.
Jornalistas independentes lá estiveram
depois e não encontraram nenhuma prova de massacre algum. O que vimos eram
combatentes sendo evacuados em ônibus, em perfeita calma. Em seguida,
descobrimos que muitas das imagens que circularam no ocidente eram encenações.
Há também quem diga "Ok, agora
estamos lá; mas uma intervenção em 2013 teria mudado as coisas".
Nada há de construtivo em discussões
sobre o que teria acontecido se isso, se aquilo... Pessoalmente, entendo que em
2013 foi muito acertado não intervirmos como aliados de jihadistas. Posso estar
enganado, mas entendo que a maioria das pessoas, desde que refletissem por um
instante, logo se perguntariam, elas mesmas, sobre quem substituiria Assad e
seu regime secular, que dá proteção às minorias, aos cristãos, aos direitos das
mulheres... Não me parece que os islamistas teriam constituído melhor solução.
E isso é ainda mais verdade hoje.
Tenha bem em mente o fato de que Idlib,
onde tudo isso aconteceu, é um ninho de cobras de jihadistas, dos mais
extremistas.
Os intervencionistas são como cachorros
que retornam ao próprio vômito. Já cometeram todos esses erros – o Iraque, a
Líbia –, mas não aprendem, querem reproduzir o mesmo cenário agora na Síria.
Felizmente, o governo Trump semana
passada deu um passo adiante, e isso pode ser significativo; finalmente, semana
passada, deu um passo na direção de desautorizar a política de Obama, que
consistia exclusivamente de tentar derrubar o governo da Síria. Os assessores
de Trump disseram que estão mais interessados em erradicar o Daech (Estado
Islâmico), que essa é sua prioridade.
E é significativo que apenas poucos dias
depois dessa manifestação do governo Trump, aconteça esse ataque. Se os
jihadistas quisessem dificultar o serviço de Trump, que quer dar racionalidade
à política dos EUA, os jihadistas sem dúvida tentariam distribuir informações
falsas, como do tal 'ataque químico'.
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