Moro ajudou
Temer a encobrir reunião do achaque
Fernando Brito
O mais importante, agora, é que se
investiguem os fatos nos depoimentos dos executivos da Odebrecht com muito mais
afinco do que as alegações e, de toda a batelada de informações que ontem
vieram à tona um fato com local, hora e participantes absolutamente definidos,
caracterizando um verdadeiro achaque, coordenado pessoalmente pelo então
candidato a vice-presidente da República e hoje o homem no comando do país.
Um fato que não pode permanecer no limbo
pela simples alegação de que ele, por salvaguarda constitucional, não pode ser
criminalmente responsabilizado até que se encerre a sua passagem pelo Palácio
do Planalto, até porque há outros participantes que detinham (e um deles ainda
detém) funções públicas.
Foi essa situação, chocante e escusa, da
qual Sérgio Moro protegeu o Sr. Michel Temer ao vetar a pergunta de número 34
da lista de questões feitas por Eduardo Cunha a ele, que transcrevo,
literalmente:
34 - “Vossa Excelência tem conhecimento
se houve alguma reunião sua com fornecedores da área internacional da Petrobras
com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010, no seu escritório
político na Avenida Antônio Batuíra, nº 470, em São Paulo/SP, juntamente com
João Augusto Henriques?”
Pois agora surge a informação precisa
desta reunião: foi neste endereço, no dia 15 de julho de 2010, às 11h30. Não é
preciso muito esforço, está na lista telefônica que ali é o escritório de
Michel Temer, telefone 3816-39XX
Temos um fato concreto, com data, hora,
local e lista de participantes. Há fartos meios de prova, como passagens aéreas
e agendas dos envolvidos. E não há um pedido de ajuda para campanha, mas um ato
de exigir vantagens financeiras para a assinatura de um contrato.
Esta é a primeira providência:
confirmar, objetivamente, a reunião do achaque, o destino e a forma dos
pagamentos da impressionante quantia de US$ 40 milhões (por favor, evite-se
histórias de mochilas, para que não se tenha de fazer as contas do volume,
porque é maior do que uma caixa d’água de mil litros cheia até à boca com notas
de R$ 100).
Isto é, faço questão de apresentar aos
neojornalistas e neopoliciais-procuradores, abastecidos de convicções, o que
antigamente chamávamos de “Sua Excelência, o fato”.
Ou para esta imensa teia que temos aí só
interessam as “moscas selecionadas”?
As denúncias em relação a Lula, Dilma e
outros que estão fora do poder devem ser apuradas, mas estão na base do “tenho
certeza de que era para eles”.
Esta tem nome, sobrenome, endereço e
fartas impressões digitais.
Vai prevalecer o veto do juiz Moro e a
Procuradoria e a mídia também vão deixar para lá, pois não vem ao caso?
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