segunda-feira, 17 de abril de 2017

O INSUSTENTÁVEL TEMER CAPITANEAVA ESQUEMA DO PMDB

O insustentável Temer capitaneava esquema DO PMDB  
Tereza Cruvinel


A maior ironia da crise em seu atual grau de fervura, depois da lista de Fachin, está no fato de Michel Temer estar blindado pelo cargo que, com o golpe, tomou de Dilma Rousseff.

Apesar das graves denúncias contra ele, com destaque para a participação numa reunião que acertou propina de US$ 40 milhões, que hoje seriam mais de R$ 120 milhões, Temer não pode ser investigado por atos que antecederam seu mandato.

“Por ora”, diz textualmente o procurador-geral Rodrigo Janot em sua petição ao Supremo, na qual afirma que Temer “capitaneava” o esquema de propinas para o PMDB. 

Mas o problema do Brasil é agora.

Não pode o país ser condenado a manter um governo que se tornou moralmente insustentável. Após citar passagens das delações e outros elementos, Janot afirma serem fortes as indicações de que os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral) sempre foram encarregados da "obtenção de recursos ilícitos para o grupo capitaneado por Michel Temer".

Temer sujeitou-se hoje a gravar e divulgar um vídeo em que tenta se explicar.
Quando um presidente chega a este ponto, está sangrando.

E, no entanto, a gravidade das acusações que pesam contra o ocupante da presidência da República não está sendo colocada no centro do drama político nacional. 

Se a Constituição não permite que ele seja investigado e, por decorrência, afastado do cargo, e se não tem ele a grandeza de renunciar, a saída constitucional tem que ser encontrada. Passando pela antecipação de eleições gerais, e quem sabe pela eleição de uma Constituinte destinada exclusivamente a remontar o sistema político destroçado.  

Quando Dilma enfrentava o impeachment, sob a acusação de ter cometido pedaladas fiscais e editado decretos sem autorização legislativa, os brados por “renúncia” ecoaram, vindos da mídia e da oposição.

Agora, faz-se um silencioso obsequioso sobre a insustentável situação de Temer.

Examinando o depoimento do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Janot volta a destacar o papel de Temer afirmando que  "o núcleo organizado do PMDB da Câmara"  era formado por Temer, Padilha e Moreira Franco. O do PMDB do Senado, como também foi dito nas delações, era coordenado por Romero Jucá. 

Referindo-se a Padilha, Janot diz que ele "atuava como verdadeiro preposto de Michel Temer, deixando claro que muitas vezes falava em seu nome e utilizava seu peso político para obter êxito em suas solicitações".

Ao relatar a reunião que tratou da propina de US$ 40 milhões em 15 de julho de 2010, no escritório de Temer, o delator Márcio Faria da Silva destacou a posição de comando que ele assumiu no encontro: “Michel Temer sentou na cabeceira”. De um lado Eduardo Cunha, de outro Henrique Eduardo Alves. 

Temer se referia a eles como “esses rapazes”, dizendo que cuidariam dos aspectos práticos da propina de 5% sobre um grande contrato.

Depois de um desmentido categórico, Temer já admitiu o encontro, negando porém a negociação da propina. Deve confiar na indulgência com que sua situação vem sendo tratada.


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