Milhares marcham em apoio a Constituinte de Maduro; 'projeto vai unir venezuelanos', diz estudante
População elegerá 540 representantes para escrever nova Constituição do país; 'Teremos direito a voz, a voto. Estamos participando, revolucionando e estamos a favor de construir uma Venezuela melhor', diz universitária
Na atual batalha política travada na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro fez mais um esforço de reação, diante das fortes críticas feitas pela oposição e das baixas taxas de popularidade. Ontem (23/05), ele anunciou as bases para a implantação do processo de eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte e foi do Palácio de Miraflores, sede do governo, até o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em marcha com milhares de apoiadores, para entregar oficialmente o pedido de abertura da votação para eleger os 540 deputados que poderão discutir, exclusivamente, uma nova Carta Magna para o país.
A atual bancada de deputados da Assembleia Nacional não participará do processo, mas continuará a exercer seu mandato.
Representante de uma Comuna (um tipo de associação de bairro), a estudante da Universidade Nacional Simon Rodrigues, Rosa Calvo, de 21 anos, apoia o processo constituinte. "É um projeto que vai unir os venezuelanos", disse à reportagem do Brasil de Fato. Ela acredita que os estudantes, mesmo os que estão contra a abertura do processo, vão aderir às discussões: "Teremos direito a voz, a voto. Estamos participando, revolucionando e estamos a favor de construir uma Venezuela melhor".
Também favorável ao processo, o jovem Fred Marques, que trabalha em uma Rádio Comunitária, listou os artigos da atual Constituição que, para ele, garantem a abertura do processo. "Não há leis que combatam o contrabando de comida, o terrorismo. O mundo tem que saber que essa nova assembleia é produto da atual Constituição, criada em 1999", disse.
Constituinte
Entre os pontos mais emblemáticos, a proposta apresentada por Maduro diz que a Assembleia terá deputados representando cada um dos municípios venezuelanos, sendo que nas capitais serão dois deputados.
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Agência Efe
Marcha em Caracas nesta terça-feira (23/05) reuniu milhares de pessoas em apoio à Assembleia Constituinte convocada por Nicolás Maduro
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Setores sociais e econômicos também elegerão um deputado cada. Serão representados os campesinos, pescadores, pessoas com deficiência, empresários, aposentados, estudantes e trabalhadores. Os indígenas mereceram um parágrafo único. "Os povos indígenas estarão representados por oito deputados", disse Maduro ao ler o texto.
Em seu Twitter, o mandatário compartilhou um vídeo no qual diz que "o apoio de um povo nos dá a certeza de que a Constituinte será uma vitória contundente".
Também serão eleitos representantes de conselhos comunais regionalmente. O presidente explicou que cada venezuelano só terá direito a votar por um setor, à sua escolha. O CNE ainda terá que validar o pedido de Maduro.
Em frente ao CNE, na Praça Diego Ibarra, os apoiadores do presidente se reuniram para um ato político. Mesmo com a chuva que caiu durante todo o dia, uma verdadeira multidão permaneceu no local.
O maior desafio do governo, considerando que o CNE aceite e comece a implantar o processo eleitoral, será convencer boa parte da população venezuelana que rejeita o atual governo. Para isso, Maduro tem prometido incluir nas propostas constitucionais as políticas públicas do chavismo que são bem avaliadas pela população, como as de construção de casas populares, a titilação de terras e a segurança alimentar.
Publicado originalmente no site do jornal Brasil de Fato
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