Na última quinta-feira (7), o
Ministério Público Federal fez um grande estardalhaço, com direito a fotos
posadas do procurador Deltan Dallagnol para a mídia, sob o pretexto de
“devolver à Petrobras” R$ 653,9 milhões desviados da estatal pelo esquema investigado
na Operação Lava-Jato.
Os valores devolvidos teriam
sido obtidos através de 36 acordos de colaboração premiada e cinco de leniência
firmados com empresas. Entre os acordos, Dallagnol citou as delações relativas
à Odebrecht, Braskem, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Seria motivo de comemoração
se não fosse o custo exorbitante da “recuperação” dessa dinheirama.
Segundo estudo elaborado pelo
Grupo de Economia & Soluções Ambientais da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
só em 2015 os impactos diretos e indiretos da Operação Lava-Jato na economia
reduziram o PIB brasileiro em R$ 142,6 bilhões, o equivalente a uma retração de
2,5% do PIB (Produto Interno Bruto).
O estudo estimou, só em 2015,
uma queda de R$ 22,4 bilhões na massa salarial, uma diminuição de R$ 9,4
bilhões em arrecadação de impostos e uma perda de até 1,9 milhão de empregos.
“É evidente que a
investigação de toda irregularidade deve ser feita. Mas a questão central é
conduzi-la de forma a maximizar seus benefícios em aprimoramento das
instituições e minimizar seus custos em produção e emprego”, diz o professor da
FGV Gesner de Oliveira no editorial do relatório.
O estudo alerta, ainda, que a
“publicidade excessiva” das delações premiadas tem “efeitos devastadores” sobre
o valor das empresas e a disponibilidade de crédito, e que a paralização de
obras tocadas por empresas investigadas gera custos e diminui a concorrência.
O estudo também diz que “Uma
parcela desse prejuízo é inevitável diante do imperativo de conduzir uma
investigação abrangente e minuciosa”. Porém, parcela majoritária desse custo
poderia ser evitada se os devidos cuidados tivessem sido tomados pelos
investigadores, ou seja, pelo MPF.
“O objetivo deveria ser o de
proteger o emprego e, para tanto, a capacidade de investimento sem descuidar do
rigor da investigação”, diz o estudo.
Após mais de três anos e
dezenas de fases deflagradas em todo o País, a Operação Lava-Jato contabiliza
mais de 200 prisões. Dezenas de empresários estão ou estiveram na cadeia,
principalmente os donos e os executivos de grandes empreiteiras, além de
diretores da Petrobras.
O resultado do alarde em
torno da Lava-Jato, porém, foi a paralisação das obras de infraestrutura no
país. Sem obras, a cadeia industrial e de serviços ligada à construção pesada e
ao setor de óleo e gás parou de gerar emprego e renda, o que provocou uma das
maiores recessões da história brasileira, se não a maior.
A economia brasileira teve
agudo desemprego em 2015, 2016 e 2017. O principal motivo foi o efeito maligno
da operação Lava-Jato. Hoje, temos mais que 12 milhões de desempregados,
segundo o IBGE.
A queda abrupta das
atividades da Petrobras e das empreiteiras envolvidas pela operação, nos
últimos anos, fechou direta ou indiretamente, inúmeros postos de trabalho na
indústria e na construção civil.
São quase 3 milhões de
trabalhadores demitidos nesses dois setores só em 2015 e 2016.
Tudo isso poderia ter sido evitado
com investigações sigilosas. Porém, a sede de fama e poder dos “golden boys” da
República de Curitiba está acarretando esse desastre ao país.
Na esteira do estrelismo
desses playboys de Curitiba, vidas destruídas e dezenas de milhões de
brasileiros amargando desemprego e privações.
Um dia o Brasil terá que
fazer Justiça impondo a essas pessoas o castigo por terem feito tanto mal ao
Brasil. Politizar o combate à corrupção e usá-lo para autopromoção pessoal é
pior do que não combater essa corrupção.
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