A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes), em nome dos (as) sessenta e três
reitores (as) das Universidades Federais brasileiras, vem, mais uma vez,
manifestar a sua indignação com a violência, determinada por autoridades e
praticada pela Polícia Federal, ao conduzir coercitivamente gestores(as),
ex-gestores(as) e docentes da Universidade Federal de Minas Gerais, em uma
operação que apura supostos desvios na construção do
Memorial da Anistia.
É notória a ilegalidade da medida, que repete práticas de um
Estado policial, como se passou com a prisão injustificada do Reitor Luiz
Carlos Cancellier de Olivo, da Universidade Federal de Santa Catarina, há pouco
mais de dois meses. Apenas o desprezo pela lei e a intenção política de calar
as Universidades, lócus do pensamento crítico e da promoção da cidadania, podem
justificar a opção de conduzir coercitivamente, no lugar de simplesmente
intimar para prestar as informações eventualmente necessárias. Ações
espetaculosas, motivadas ideologicamente e nomeadas com ironia para demonstrar
o desprezo por valores humanistas, não ajudam a combater a real corrupção do
País, nem contribuem para a edificação de uma sociedade democrática.
É sintomático que este caso grotesco de abuso de poder tenha
como pretexto averiguar irregularidades na execução do projeto Memorial da
Anistia do Brasil, que tem, como uma de suas finalidades, justamente preservar,
em benefício das gerações atuais e futuras, a lembrança de um período
lamentável da nossa história. Na ditadura, é bom lembrar, o arbítrio e o abuso
de autoridade eram, também, práticas correntes e justificadas com argumentos
estapafúrdios.
As Universidades Federais conclamam o Congresso Nacional a
produzir, com rapidez, uma lei que coíba e penalize o abuso de autoridade. E
exigem que os titulares do Conselho Nacional de Justiça, da Procuradoria Geral
da República, do Ministério da Justiça e do Ministério da Transparência,
Fiscalização e Controladoria da União intimem seus subordinados a balizarem as
suas atividades pelos preceitos constitucionais, especialmente quanto ao
respeito aos direitos individuais e às instituições da República. A sociedade
não pode ficar sob ameaça de centuriões.
A Andifes, as
reitoras e os reitores das Universidades Federais solidarizam-se com a
comunidade da Universidade Federal de Minas Gerais, com seus gestores,
ex-reitores e com seus servidores, ao mesmo tempo em que conclamam toda a
sociedade a reagir às violências repetidamente praticadas por órgãos e
indivíduos que têm por obrigação respeitar a lei e o Estado Democrático de
Direito. As Universidades Federais, reiteramos, são patrimônio da sociedade
brasileira e não cessarão a sua luta contra o obscurantismo no Brasil.
Brasília, 06 de dezembro de 2017.
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