15 DE OUTUBRO DE 2018, 19H54
Kakay: “Não é minimamente razoável investir na absoluta falta de respeito aos direitos constitucionais”
Advogado criminalista divulga nota contra a candidatura de Jair Bolsonaro e o que ela representa: “Que vença um mundo de esperança, que vença uma proposta de solidariedade”
O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, divulgou uma nota, nesta segunda-feira (15), contra a candidatura de Jair Bolsonaro. Acompanhe a íntegra:
Meus amigos, eu quero registrar, para ser absolutamente sincero e coerente, o que penso deste embate final entre o que eu julgo ser uma decisão entre a barbárie e a esperança em um mundo civilizado e humano. O Coisa vai incrementar o mundo jurídico criminal com seu reacionarismo doentio. Profissionalmente a barbárie, desde que com as instituições funcionando, é muito boa para a advocacia criminal, sob o prisma raso de ter muitos clientes. Mas não é minimamente razoável investir na mediocridade, no terror, na absoluta falta de respeito aos direitos constitucionais.
Saibam, o risco de não termos as suas instituições funcionando é real. Ele e o vice pregam um golpe militar. Eu não quero viver neste mundo medíocre. Os motivos de ordem política, os motivos de ordem econômica estão exaustivamente postos em todos os jornais do mundo civilizado, basta nós nos informarmos. Eu quero invocar os motivos do coração, do amor, das relações de amizade. Da solidariedade. Da fraternidade. Eu não quero “ele” porque eu tenho filhos. Porque eu leio. Eu leio. E leio. Leio poesias. Leio um pouco de tudo. Eu não quero “ele” porque eu conheço um pouco a história do Brasil e do mundo.
Nós que temos acesso à informação temos que ter responsabilidade. O horror da corrupção nós enfrentamos com um Judiciário independente, com o respeito às garantias constitucionais e com a condenação, se for o caso, após o devido processo legal. Tanto que temos hoje muitas pessoas importantes do mundo político e empresarial presas. A justeza ou não nós enfrentaremos caso a caso. O fascismo, porém, nós não temos como “prender”, ele corrói as bases da sociedade e instala entre nós o medo, o ódio, a separação dos povos.
Esta é uma decisão que nós vamos ter que assumir. Não sou dono da verdade, mas tenho lado. Tudo que li na vida, as mulheres que amei, os filhos que eu respeito, a maioria dos amigos para os quais me entreguei, o que escrevi, o que falei Brasil afora, tudo, tudo me faz ter a certeza de que temos que derrotar este projeto – que não tem projeto – mas que sintetiza o ódio e o atraso. Que vença um mundo de esperança, que vença uma proposta de solidariedade. Vamos nos lembrar de Manoel de Barros: “Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras – liberdade caça jeito”. Vamos juntos caçar um jeito de fazer um Brasil justo e solidário, sem violência.
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