ALEX SOLNIK
Jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. Autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
Não adianta Bolsonaro tentar tirar o corpo fora do caso Queiróz
Não adianta o presidente eleito Jair Bolsonaro tentar tirar o corpo fora do caso Queiróz. Eles estão ligados quase umbilicalmente. O PM era amigo dele há 34 anos. Foi assessorar o filho, Flávio, por recomendação dele. O cheque suspeito de R$24 mil foi para a conta da sua mulher.
Seu argumento de que a operação foi limpa porque ninguém usa cheque para passar dinheiro sujo é inconsistente: o dinheiro não era sujo, era limpo, era salário de servidor. E a sua mulher era uma ilustre desconhecida na época. E, além disso, "todo mundo" fazia aquilo na Assembleia do Rio de Janeiro.
Ele está no rolo. E quanto mais tempo durar o silêncio de Queiróz mais vai crescer a nuvem de suspeitas sobre Bolsonaro.
E a imprensa não vai deixar barato. Bolsonaro fez a escolha errada ao se aliar à Record e ao SBT e atacar a Globo. Os departamentos de Jornalismo do SBT e da Record não chegam aos pés do da Globo. Paparicações de Silvio Santos e salamaleques de Edir Macedo não vão resolver nada.
Além do Queiróz, tem a filha dele, que também "trabalhava" no gabinete, mas era personal trainner e foi demitida no mesmo dia que o pai: 15 de outubro passado, entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial. Indício de que Bolsonaro foi informado nesse dia do escândalo que ia estourar. Se não foi por isso, por que ele romperia uma amizade de 34 anos de bons serviços prestados com alguém que guardava tantos segredos?
Tem também o caso da Wal do Açaí, lotada no gabinete, mas trabalhando para Bolsonaro em sua casa de veraneio, como a Folha revelou no ano passado e depois do que o jornal passou a ser ameaçado pelo círculo presidencial com o apelido de "foi-ce", uma corruptela de "foice", o símbolo do comunismo e "foi-se".
Tem também o outro PM, também do gabinete de Flávio Bolsonaro que passou mais de 200 dias em férias. Tudo muito esquisito.
O caso do Queiróz se resume em que ele usava sua conta para receber depósitos de salários de servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro, o que já está documentado; os valores eram sacados em dinheiro e daí em diante ninguém sabe para onde iam. É isso o que falta saber. É claro que um funcionário não faz isso senão por recomendação do seu chefe.
O mais perturbador é que ele não foi visto mais desde 15 de outubro. Ninguém sabe onde está.
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