Notas internacionais, por Ana Prestes: 14 de dezembro de 2018
Movimentos do futuro governo Bolsonaro, impasse na COP24, muro dos EUA na fronteira com México: destaques desta sexta, 14 de dezembro
- Uma pesquisa, realizada pelo Instituto Ipsos, com 362 jornalistas e formadores de opinião da América Latina, em 14 países, resultou com um índice de 74% de desaprovação de Bolsonaro como futuro presidente do Brasil. A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 29 de outubro. Entre os brasileiros entrevistados, 45% aprovam Bolsonaro.
- O embaixador Ernesto Araújo agora é oficialmente o Coordenador do Grupo Técnico de Relações Exteriores do gabinete de transição governamental. Foi nomeado por Onyx Lorenzoni, ministro extraordinário da Transição, nesta quinta (13/12).
- Eduardo Bolsonaro é o que se arvora como o mais entendido em relações internacionais dentro do clã presidencial. Eis que ele escreve uma mensagem, via Twitter, no dia de hoje (14/12), dizendo que o Brasil já tem muitos problemas migratórios no norte (se referindo à Roraima) e que "não precisamos importar imigrantes para adentrar nosso território sem qualquer tipo de checagem da sua vida pregressa ou <CERTIFICAÇÃO SANITÁRIA>". Sim, ele disse certificação sanitária, que é um procedimento utilizado para controle do trânsito nacional de produtos de origem animal pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
- Todos os problemas dos EUA serão resolvidos com a construção do muro na fronteira com o México, parece pensar Trump. Ele quer um muro de todas as formas. Depois de pressionar os líderes democratas, tanto da Câmara de Representantes como do Senado, dizendo que pararia o país se o recurso para o muro não fosse disponibilizado, Trump afirmou ontem (13/12) que o México já está pagando pelo muro com o novo acordo do NAFTA, assinado no final de novembro durante o G20 em Buenos Aires. Trump afirmou isto após uma conversa telefônica com López Obrador, sem que isso tenha sido dito na conversa entre os dois.
- Há um impasse na COP24 na Polônia. Reunidos desde 2 de dezembro, os líderes participantes não conseguem chegar a um acordo. O encontro deve definir as diretrizes globais para as 197 partes do Acordo de Paris, em que os países se comprometeram a limitar o aquecimento global de 2ºC. A intenção é de que 100 bilhões de dólares sejam mobilizados anualmente até 2020.
- Entidades sindicais brasileiras, sendo oito confederações e oito centrais, protocolaram no dia de ontem (12/12) em Brasília uma denúncia junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT) contra o Estado brasileiro por violação de direitos sindicais. Segundo as entidades, o Brasil não está cumprindo a Convenção 151 da OIT, que assegura diferentes direitos trabalhistas, como os direitos à organização sindical e à negociação coletiva.
- Paris e toda a França vivem um dia de protestos de setores da educação hoje. É aguardado mais um dia de manifestações dos Coletes Amarelos para amanhã (15/12), apesar do apelo do governo francês para que os protestos fossem cancelados diante da mobilização das forças de segurança na busca do esclarecimento sobre o ataque terrorista de Estrasburgo.
- A pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o ministro do STF, Luiz Fux, determinou ontem (12/12) a prisão de Cesare Battisti para fins de extradição. Na decisão, Fux diz que o atual presidente da República tem poderes para revisar o ato de Lula (dezembro de 2010) que autorizou a permanência de Battisti no Brasil. Ele tem ordem de prisão na Itália e ficará preso no Brasil até sua provável extradição. Em troca de tuites com o vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, logo após a eleição de Bolsonaro, tanto o pai, como o filho (Eduardo) se referiram ao caso Battisti e disseram que logo enviariam um “presente” para Salvini.
- O presidente venezuelano Nicolás Maduro acusa o governo dos EUA de preparar um plano com Brasil e Colômbia para dar um golpe na Venezuela. A acusação foi feita em uma conferência de imprensa dada ontem (12/12) em Caracas. Maduro se referiu à visita de John Bolton ao Rio de Janeiro em 29 de novembro, quando se reuniu com Bolsonaro e equipe e teria tratado do início de “provocações militares”. Maduro, no entanto, ressaltou que não pensa ser esse o sentimento das Forças Armadas brasileiras.
- Sobre a passagem dos bombardeiros atômicos russos (Tu-160) pela Venezuela, o secretário geral da OEA, Luis Almagro, pediu que entidades internacionais verifiquem se a Venezuela está cumprindo suas obrigações com a não proliferação de armas nucleares. Segundo Almagro, a OEA está “profundamente” preocupada com as manobras militares realizadas em conjunto por russos e venezuelanos. Almagro quer que a Opanal, entidade contra a proliferação nuclear da OEA, verifique se a Venezuela está cumprindo o Tratado de Tlatelolco, que garante a desnuclearização da América Latina. A OEA tem funcionado como um dos instrumentos de ação dos EUA na imposição de constrangimentos à Venezuela.
- A China deteve o segundo canadense em Pequim. O primeiro, Michael Kovrig, ex-diplomata e funcionário da International Crisis Group (ICG), é um especialista em temas de política externa e de segurança no Oriente Médio. O segundo, Michael Spavor, administra uma agência de viagens especializada na Coreia do Norte. Segundo o governo chinês, os dois são suspeitos de “atividades que ameaçam a segurança nacional”. As prisões acontecem no contexto de tensão entre China e Canadá, após a prisão, em 1º. de dezembro, de Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei, para ser extraditada para os EUA.
- A Justiça da Nicarágua condenou a 15 anos de prisão o ex-militar e vigilante particular Pierson Adam Gutierrez Solis, que confessou ter matado a estudante de medicina brasileira Raynéia Gabrielle Lima Rocha em julho desse ano. O caso da brasileira ganhou muita repercussão por se dar exatamente no período de grande efervescência política no país, com as ruas tomadas por protestos, tanto de opositores como de defensores do governo Ortega.
- Por falar em Nicarágua, a Câmara de Representantes dos EUA aprovou uma lei que limita o acesso do país a empréstimos internacionais. O NICA Act, como é conhecido, foi aprovado na última terça (11/12) e está pronto para ser assinado por Trump. Com a legislação, a Nicarágua deverá pedir aprovação dos EUA ao pedir empréstimo para instituições financeiras internacionais. A lei também estabelece sanções pessoais a lideranças governamentais ou apoiadoras do governo da Nicarágua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário