domingo, 3 de abril de 2016

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares



Companheiros.
Todos que acompanham o Informativo sabem que não gosto de reproduzir matérias na íntegra e prefiro um documento mais dinâmico, mas agora sou levado a reproduzir um texto muito interessante diante do momento político brasileiro. Saudações a todos
Quando crianças adotam o discurso de ódio e intolerância dos pais
Professora analisa o que leva crianças a hostilizarem por motivações partidárias
Escrito por: Ingrid Matuoka • Publicado em: 30/03/2016
Carta Capital – Em São Paulo, um menino de 9 anos foi xingado e ameaçado por seus colegas de escola por usar uma peça da cor vermelha – era uma camiseta com a bandeira da Suíça. Um pai publicou em uma rede social, orgulhoso, o desenho que seu filho criou na aula de artes - Dilma e Lula, lado a lado, acompanhados por mensagens que pedem a morte dos dois. Em outra escola, uma adolescente se sente isolada pelos amigos e luta contra professores para ter o direito de defender o capitalismo e outras posições à direita.
Estes episódios pouco se diferenciam da cultura de violência que se instalou e se iniciou entre os brasileiros – adultos. E, agora, as crianças e adolescentes estão refletindo o mundo da "gente grande", com consequências igualmente grandes para eles e para a sociedade.
Para a professora da PUC de São Paulo Dulce Critelli, especializada em filosofia da educação, a sociedade está semeando um ambiente de intolerância que tem em sua base a incapacidade de respeitar o outro.
Quais podem ser as consequências para uma criança de estar em um ambiente violento e de intolerância, reproduzindo discursos de ódio?
Essas atitudes são um controle social a respeito de coisas absolutamente aparentes, por defesas de convicções que nem sempre são conscientemente assumidas ou compreendidas. O que assusta é isso, e na criança fica mais visível.
Qual é a capacidade que uma criança ou adolescente tem de conhecer mais profundamente, e de forma ponderada, os exemplos históricos e as posições que está assumindo? É uma adesão sem compreensão, muito por alto.
Uma criança que vê uma briga não entende o que está acontecendo, e nem a sociedade tem conseguido compreender. Adultos que supõem que o outro está em uma posição diferente da dele já estão se omitindo de conversar para evitar brigas. Uma criança, no entanto, não tem essa ponderação. Ela vive ressoando o que está no ambiente dela e que aprendeu naturalmente.
Durante a infância, acumulamos uma série de princípios, atitudes e valores muito distraidamente, e isso vai formando nosso caráter. Aquilo que aprendemos e reproduzimos naturalmente tende a permanecer conosco até o final da vida. Faz-se necessária muita leitura, muita história vivida e reflexão para conseguir ponderar o que se está fazendo. As crianças não têm essa condição.
Quais podem ser as consequências para a sociedade de ter crianças se desenvolvendo em um ambiente como este?
Se nós e a escola não ajudarmos a mudar esse tipo de comportamento, é muito tentador dizer que caminhamos para o que vemos de convivência social e política nos países regidos por fundamentalismos e posições radicais. Toda essa intolerância anuncia como futuro possível o que está acontecendo nesses atentados em Paris, em Bruxelas, porque é a incapacidade de respeitar o outro.
O ideal é que a sociedade eduque as crianças favorecendo nelas o respeito pela própria opinião e pela opinião alheia, e que sejam capazes de construir acordos. Isso não significa ceder ou não ter opinião, mas compreender que, como todos os diferentes vivem no mesmo lugar, precisamos permitir que essas diferenças apareçam sem se destruir mutuamente. Uma sociedade precisa disso porque sempre vão surgir posições muito diferentes, e é necessário que surjam.
É muito duvidoso que todo mundo que esteja a favor ou contra o impeachment tenha uma posição só, por exemplo. Temos uma diversidade e uma singularidade imensa e cada um de nós provoca no meio social uma diferença. Não somos como os animais, que simplesmente se reproduzem constantemente no seu jeito e condição e são os mesmos ao longo da história.
O fato de crianças estarem se envolvendo em brigas e violência por questões partidárias mostra o que sobre a nossa sociedade?
Mostra quanto não temos um espírito cívico. Mas ao mesmo tempo é o começo de um interesse pela questão pública. Pode ser que ele não esteja sendo bem tratado e nem bem experimentado, mas é um começo.
Qual seria a forma ideal para os pais e responsáveis se portarem em relação às crianças nesse momento de intolerância?
Um dos artigos de Hannah Arendt sobre educação diz que toda criança, quando adentra uma sociedade, é uma novidade, e sua tendência é de não respeitar as tradições. A responsabilidade dos pais e professores seria a de fazer uma ligação: respeitar essa novidade, mas inseri-la no contexto da tradição.
Às vezes usamos essa palavra de uma maneira inadequada e parece que tradição é algo pesado e fechado, quando na verdade ela nos oferece um fio condutor que organiza nosso modo de ser atual.
Por exemplo, não faz parte de nossa tradição a noção de que a coisa pública também nos pertence e agora parece que isso está despertando. Respeitar essa tradição não é fazer de novo o mesmo, mas é entender o que vem vindo, conversar com o que nos organizou anteriormente e poder corrigir esse rumo.
Então os filhos sempre têm ideias diferentes dos pais e essa é uma oportunidade de começar a aprender que o pensamento do outro também tem valor, tanto quanto o seu. É um momento de criar acordos entre o novo e o velho, o possível e o atual. Não é porque elas já estão estabelecidas que são melhores, tampouco são melhores por serem novas. É nesse confronto, que não é um conflito, entre as duas facetas que se pode criar comportamentos novos.
E para isso eles têm de ouvir o que as crianças estão dizendo e refletir com elas, começando a oferecer a oportunidade de construir uma capacidade de compreensão e reflexão e de não pegar as coisas por alto, só porque o amigo também pensa assim.
Que atitude um professor pode ter para promover um ambiente mais saudável?
Nossa educação é precária e muitas escolas já têm um viés ideológico forte em que a intransigência e intolerância fazem parte, com a ideia de que existe uma verdade. Acho que a escola tem de se rever.
Um professor, por mais que tenha posição partidária clara para ele, não tem o direito de, numa escola, impor e mostrar que aquela é a única posição possível. Ele tem obrigação de mostrar todas as facetas de um debate.
Tenho aqui uma frase da Hannah Arendt que resume o fundamento da educação na escola e em casa: “Qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo mundo não deveria ter crianças. E é preciso proibi-la de tomar parte na sua educação”.
Dilma dobrou Israel. Após recusa do governo brasileiro e pressão de movimentos internacionais, o governo de Israel anunciou na segunda-feira (28) a retirada da nomeação de Dani Dayan como embaixador do país em Brasília. Segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu – que também é o ministro de Relações Exteriores de Israel –, Dayan será cônsul-geral do país em Nova York.
O anúncio foi a solução encontrada por Israel para por fim a meses de tensão entre Tel Aviv e Brasília, desde que o governo de Netanyahu anunciou em agosto de 2015 a nomeação de Dayan para a embaixada na capital brasileira. A nomeação foi rejeitada pelo governo brasileiro e rechaçada por movimentos sociais brasileiros e estrangeiros solidários à Palestina devido à atuação de Dayan como representante de colonos israelenses em território ocupado palestino.
Em comunicado, a vice-ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Hotovely, parabenizou Dayan, afirmando que sua nomeação “em uma das cidades mais estratégicas” dos Estados Unidos era “uma importante mensagem para o mundo”.
De origem argentina, Dayan foi durante seis anos (2007-2013) o presidente do Conselho Yesha, organização que trabalha em prol dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, considerados ilegais pela comunidade internacional, e segue sendo um nome importante no movimento pró-assentamentos em terras palestinas.
Os prazos para o processo de impeachment. O rito do processo de impeachment determina a observância de alguns prazos, medidos em número de sessões da Câmara e em dias corridos, para apresentação de defesa, elaboração do perecer e votação na comissão e no plenário. A contagem dos prazos começa na data da instalação da comissão. Portanto, a partir de 18 de março, abre-se um prazo de 10 sessões (algo como três semanas) para a presidente da República oferecer sua defesa perante o colegiado. Se, por hipótese, houver sessão todos os dias úteis, de segunda a sexta, o último dia de prazo para apresentação da defesa seria dia 1º de abril. Mas o governo já apresentou sua defesa.
Terminado o prazo para defesa, o relator passa a dispor de até cinco sessões (uma semana ou um pouco mais) para apresentar seu parecer. Supondo que o relator deixe para apresentar seu parecer no último dia e considerando que haverá pedido de vistas, seja qual for o conteúdo de seu voto (contra ou a favor), a data provável seria em torno de 11 de abril.
A votação do parecer na comissão deve acontecer num prazo de até 10 dias após sua apresentação, período durante o qual, além da discussão, poderá haver diligências e esclarecimento de dúvidas. Essa etapa deve ocorrer na quarta semana de abril.
Concluída a votação na comissão, que se dá por maioria simples, com aprovação ou rejeição do parecer, a matéria é submetida ao plenário da Câmara dos Deputados.
Para aprovação do processo de impeachment no plenário da Câmara são necessários os votos de dois terços da Casa, ou seja, de 342 deputados. Portanto, se a soma dos ausentes, dos que se abstiverem e dos que votarem contra for igual ou superior a 172 votos, o processo será automaticamente arquivado.
Se aprovado na Câmara, o processo segue para o Senado. Antes do julgamento propriamente dito no Senado, ocasião em que a sessão de julgamento será presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, o processo passará por uma votação prévia de admissibilidade, na qual se exige apenas maioria simples.
Aceito na votação de admissibilidade, o pedido de impeachment será processado, com a citação e o imediato afastamento da Presidente da República por 180 dias e a consequente posse do Vice-presidente da República. Se rejeitada a admissibilidade, o processo é automaticamente arquivado.
O julgamento, em sessão sob a direção do presidente do Supremo Tribunal Federal, requer o voto favorável de dois terços dos senadores, ou seja, 54 votos. Se o governo conseguir apoio, entre ausências, abstenções e voto contra, de mais de um terço ou pelo menos 28 senadores, o processo será rejeitado, com o seu arquivamento e o imediato retorno da presidente às funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo.
Justiça argentina condena empresário por crimes na ditadura militar. (Em Opera Mundi) A Justiça da Argentina condenou, na segunda-feira (28), o empresário Marcos Levín, ex-dono da empresa de transportes La Veloz del Norte, a 12 anos de prisão por ter participado do sequestro de Víctor Cobos, em 1977, então funcionário e sindicalista de sua empresa. Foi a primeira condenação de um empresário como coautor ou cúmplice de crimes de lesa-humanidade referentes à ditadura militar do país (1976-1983).
Formalmente, Levín foi condenado por privação ilegal da liberdade e tortura. O Tribunal Federal de Salta, cidade no noroeste do país, também considerou culpados no mesmo caso os ex-policiais Víctor Hugo Almirón, Víctor Hugo Bocos e Víctor Cardozo. Os dois primeiros receberam a mesma pena, e o último foi condenado a 8 anos de prisão.
Cobos, sequestrado em 22 de janeiro de 1977, integrava a direção local da UTA (Unión Tranviarios Automotor), sindicato argentino do setor de transportes. Ele havia sido acusado de cometer supostas fraudes na empresa de Levín.
Sob tortura, Cobos foi forçado a assinar um termo em que acusava ter roubado a La Veloz del Norte com a participação de colegas. Com o documento, ele foi formalmente levado a uma prisão, de onde foi liberado três meses depois. Outros funcionários da empresa foram vítimas dos mesmos crimes.
Atualmente, outros nove empresários enfrentam processos na Justiça sob a acusação de terem sido cúmplices de crimes da ditadura militar da Argentina. O dono da empresa agroindustrial Ledesma, Carlos Pedro Blaquier, e o diretor do jornal La Nueva Provincia, Vincente Massot, são acusados por crimes de lesa-humanidade no período do regime militar.
Blaquier é investigado por sua suposta participação nas chamadas “noites dos apagões”, em julho de 1976, em que ocorreram cerca de 400 sequestros no país. Já Massot é acusado de ter participado do sequestro, tortura e assassinato de dois funcionários do jornal. De acordo com o Ministério Público, um dos trabalhadores havia protagonizado um forte conflito sindical com o jornal em 1975.
Os demais acusados são ex-diretores ou acionistas das seguintes empresas: Acindar (siderúrgica), Ford e Mercedes-Benz (automóveis), Las Marías (ervas e chás), Loma Negra (cimento), Molinos Río de la Plata (alimentos, na época pertencente à multinacional Bunge & Born) e a Comissão Nacional de Valores (órgão do governo).
Macri aumenta em até 100% as tarifas de transporte. A partir do próximo dia 08 de abril, o preço das tarifas de trem, metrô e ônibus terão um aumento de até 100%. O anúncio foi feito pelo ministro de Transportes, Guillermo Dietrich, curiosamente um dos maiores comerciantes de automóveis do país, sendo representante da Ford e da Volkswagen!
Ao fazer o anúncio, ele culpou os governos anteriores (Kirchner) dizendo que “o populismo” havia atrasado os aumentos de tarifa e criado problemas na infraestrutura argentina.
Com os novos preços, a tarifa mínima de ônibus passará de 3 pesos (0,20 dólares) para 6 pesos; o serviço de trens subirá de 2 pesos (0,14 dólares) para 4 pesos (0,27 dólares) e; os serviços de metrô passarão de 5 pesos (0,34 dólares) para 7,50 pesos (0,51 dólares). Mas o ministro afirmou que aposentados, pensionistas e outros beneficiários de programas sociais continuarão tendo um desconto de 55%.
Pobreza na Argentina dá um salto! Desde a posse de Mauricio Macri, há 1,4 milhões de novos pobres na Argentina. Uma em cada 3 pessoas vive em situação de pobreza e 350 mil já estão na zona de indigência!
Os dados foram revelados em uma pesquisa feita pela Universidade Católica Argentina (UCA) e estima-se em 34,5% da população na linha de pobreza. E a pesquisa mostra ainda que o aumento na pobreza se deve, em grande parte, ao aumento nos preços dos serviços públicos (ainda não computado o aumento nos preços das passagens, como nota acima) e na cesta básica.
Vale lembrar, como já noticiado no nosso Informativo, que desde a sua posse Macri autorizou um aumento de 300% na tarifa de gás natural e mais de 50% no valor da cesta básica, além do aumento da tarifa de energia elétrica (entre 200% e 600%, dependendo da região). Macri, por decreto, eliminou a Lei de Controle que proibia remarcar preços de alimentos, bebidas, perfumaria e artigos de limpeza doméstica. E vale lembrar que ele autorizou o aumento de 150% nos preços dos remédios.
Obama chama argentinos de ladrões? Um vídeo que corre na Internet está causando muita polêmica e “dor de cabeça” para a diplomacia estadunidense.
A imagem mostra o momento em que o presidente estadunidense retira sua aliança de ouro e guarda no bolso do terno para saudar jovens argentinos que foram vê-lo no centro cultural de Buenos Aires.
O vídeo causou muita polêmica nas redes sociais e todos diziam que Obama retirou a aliança por medo de ser roubado.
Venezuela dá sinal de alerta! O governo da Venezuela declarou na quinta-feira (31) que o continente sul-americano vive o “ressurgimento” de um Plano Condor e manifestou apoio à presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que enfrenta um processo de impeachment no Congresso.
“A Venezuela alerta sobre o ressurgimento de um novo Plano Condor em nossa região, que tenta, por meio de formas não convencionais de guerra, derrubar os governos progressistas, revolucionários e de esquerda”, diz a nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores venezuelano. O comunicado relembrou o aniversário de 52 anos do golpe de Estado no Brasil, ocorrido em 1964.
A Operação Condor, formalizada em 1975, foi a aliança entre governos ditatoriais da América do Sul para a execução coordenada de ações repressivas contra indivíduos contrários aos regimes militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
Segundo a nota do governo venezuelano, as ações contra Dilma e outros governos sul-americanos ocorrem “puramente para satisfazer os interesses geopolíticos da hegemonia dos Estados Unidos”. A nota segue dizendo que “a República Bolivariana da Venezuela reafirma sua solidariedade com o governo da presidente Dilma Rousseff e com o povo do Brasil”.
O presidente boliviano criticou as elites do continente, que, de acordo com ele, tentam retornar ao poder por meio de métodos não convencionais. “Eles, junto ao governo dos Estados Unidos, não querem que os trabalhadores governem os povos, e devemos refletir muito bem sobre o que está acontecendo na América do Sul”.
América Latina e Rússia. Como eu tenho comentado aqui no Informativo e nas minhas recentes palestras, um dos pontos que mais preocupam Washington é a crescente influência da Rússia na América Latina. Isso, junto com os investimentos da China na região, está tirando o sono dos estrategistas estadunidenses e provocando esses movimentos golpistas.
A realização de um novo encontro, a “Rodada de Negócios e Foro Midiático Rússia – América Latina”, entre os dias 28 e 29 de março, evidencia que nossa região passou a ser um “grande sócio” do governo russo e isso influi na nova geopolítica mundial.
Depois das absurdas sanções aplicadas pelos EUA e União Europeia contra a Rússia, a América Latina passou a ser a principal alternativa e, atualmente, 83% de todas as importações agropecuárias do país asiático são provenientes da América Latina e Caribe! Moscou tem agora o mercado que precisa para suprir as importações que eram feitas a partir da União Europeia ou dos EUA, um negócio que chega a 9,2 bilhões de dólares anuais.
Peru: 30 anos de neoliberalismo! Depois de 30 anos de governos neoliberais, o Peru é atualmente um dos líderes na extrema pobreza na América Latina e, certamente, onde mais foram cortados os programas sociais para atender à população mais carente.
Não dá para esquecer que Alberto Fujimori, o grande implantador do projeto no país e em parte da América Latina, desencadeou uma terrível guerra civil no país para impor seus programas, deixando mais de 70.000 mortos e cerca de 15.000 desaparecidos políticos. Eleito em 1990, quando disputou as eleições contra o escritor Mario Vargas Llosa, teve seu governo marcado por escândalos de corrupção, associação com o narcotráfico, suborno da grande imprensa local e repressão violenta a comunidades indígenas e movimentos sociais.
Fujimori governou até 2001, quando foi substituído por Alejandro Toledo, que deu continuidade aos programas neoliberais e ampliou a presença estadunidense no país através de um “Tratado de Livre Comércio”. Também o seu governo foi marcado por várias denúncias de corrupção, subornos, cortes nas políticas sociais e vínculos com o narcotráfico na região.
O canalha seguinte foi Alan Garcia, que assumiu em 2006 e já era acusado e estava sendo investigado por corrupção, em um processo que vinha desde 1992. Seu governo foi marcado por uma série de denúncias, nunca investigadas, de corrupção no sistema de saúde e entidades financeiras.
O atual presidente, Ollanta Humala, foi eleito em 2011 com um discurso de esquerda e prometendo “mudanças sociais que o povo deseja”. Mas acabou se entregando definitivamente e hoje comanda o país de acordo com as orientações do FMI e de Washington.
Ainda a crise de 2008. A queda nos preços das commodities, o aumento no desemprego e a retração dos investimentos montam um quadro que mostra que o mundo ainda está longe de superar a crise iniciada em 2007/2008.
Entre os fatores que contribuem para a crise estão a desaceleração da economia chinesa, os mercados financeiros excessivamente desregulamentados e grande número de paraísos fiscais. A economia mantém-se atrelada à especulação financeira, que detonou a crise no final da década passada, e ganhou força com a expansão monetária feita pelo Federal Reserve norte-americano e depois copiada pelo Banco Central Europeu.
Alguns fatos mostram os problemas na economia mundial. O valor de mercado conjunto das cinco maiores mineradoras do mundo caiu 52%. Glencore, Rio Tinto, BHP, Vale e Anglo American perderam US$ 269 bilhões em valor negociado nas bolsas de valores, até o final de janeiro.
Já as petrolíferas Exxon/Mobil, BP, Chevron, Shell e Total perderam US$ 205 bilhões em valor de mercado. O setor demitiu 250 mil trabalhadores em 2015 e vai no mesmo padrão este ano. A BP já anunciou que vai suprimir 4 mil postos de trabalho.
As petroleiras anunciaram cortes de US$ 170 bilhões em investimentos entre 2016 e 2020, segundo dados da Wood Mackenzie. Desde 2014, os projetos cortados e adiados somam US$ 380 bilhões. Segundo especialistas da Bloomberg, se os preços do petróleo continuarem abaixo de US$ 50/barril, a Noruega vai enfrentar um “desastre econômico”. Houve no país redução de 42% dos impostos pagos pelas empresas de energia. O setor petróleo já demitiu 30 mil pessoas, levando o desemprego na Noruega ao mais alto patamar dos últimos nove anos.
O varejo não passa incólume. A maior empresa do ramo no mundo, a Walmart, fechará 269 lojas, das quais 60 no Brasil e 154 nos Estados Unidos. O comércio mundial teve o pior ano desde a crise de 2008. O desemprego levou o presidente da França, François Hollande, a decretar Estado de Emergência Econômica e Social, diante da trágica situação do mercado de trabalho, com poucos sinais de recuperação econômica.
O quadro se repete em outros países. As receitas adotadas em 2008 apenas reduziram os impactos agudos da crise, mas mantiveram um quadro de crise crônica.
No Japão, idosos são levados a roubar. Os roubos em lojas por pessoas da terceira idade estão crescendo assustadoramente no Japão e o governo já levantou dados mostrando que a maioria dos idosos presos por esses crimes são reincidentes.
Pelo menos 35% dos roubos em lojas japonas são cometidos por pessoas com mais de 60 anos, segundo o levantamento feitos pelo governo, e 40% deles são reincidentes.
De acordo com uma pesquisa feita por especialistas, “a situação social no Japão está empurrando as pessoas de idade avançada para a necessidade de cometer pequenos crimes”. Alguns dos pesquisadores estão dizendo que essas pessoas, mais idosas, cometem os crimes desejando ser levados à prisão, onde teriam uma vida mais tranquila.
Segundo os levantamentos oficiais, a tendência é que o Japão tenha, em 2060, metade de sua população com mais de 60 anos.

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