A data de hoje, que lembra o golpe de Estado de 1964 (na verdade
ocorreu em 1º de Abril, mas os mandões da ditadura escolheram 31 de março para
não virar a piada do dia da mentira) poderá, daqui para a frente, ser recordada
por motivo mais grato à democracia e aos brasileiros. Poderá ser o dia em que o
mundo gritou, em uníssono: “não vai ter golpe”.
Este brado ecoou de Cajazeiras (PB) às grandes capitais brasileiras e
reverberou em Paris onde, ao som de Asa Branca, a multidão acompanhou o que
acontecia nas ruas das cidades brasileiras e de outras cidades mundo afora.
A grande manifestação contra o golpe, ocorrida hoje, 31 de março de
2016, foi uma grande vitória do povo brasileiro. Foram às ruas quase um milhão
de pessoas em todo o país, não era uma multidão formada por pessoas avulsas,
convocadas pela Rede Globo. Quem ocupou a rua foi o povo organizado nos
movimentos populares, entidades como a UNE, MST e outras, centrais sindicais
(CUT, CTB e demais), partidos da esquerda cujas bandeiras pontilharam de
vermelho as multidões.
Quem saiu às ruas não foi uma multidão avulsa, mas o povo organizado –
esta é a realidade que precisa ser frisada. Isso faz toda a diferença na
conjuntura em curso. Povo organizado em inúmeras cidades brasileiras, em todas
as unidades da federação. É a força do povo para deter a mão golpista!
A energia que ocupou as ruas vai potencializar novos momentos da luta,
que não terminou. Vai ecoar no plenário da Câmara dos Deputados que, orientada
pela voz das ruas, rejeitará o absurdo pedido de impeachment acolhido, como
vendetta, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
A força do povo cresceu hoje junto com duas ocorrências da esfera
institucional.
Uma delas, que a rigor não é novidade, foi o relativo fiasco da decisão
da direção golpista do PMDB de Michel Temer. Tendo tomado na terça-feira a
decisão de sair do governo, aquela decisão não foi respeitada pelo conjunto do
partido. Aliás, foi classificada pelo presidente do Senado, o peemedebista
Renan Calheiros, em rota de colisão com Temer, para quem a decisão de sair do
governo não foi um “movimento inteligente”.
Outra vitória importante, na esfera institucional, foi a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar, por 8 votos a 1, a decisão do
ministro Teori Zavascki de tirar a investigação sobre Lula da alçada do juiz
Sérgio Moro e transferi-la para a suprema corte. Decisão acompanhada por duras
críticas contra a atuação ilegal do juiz de Curitiba.
O protagonismo da presidenta Dilma cresceu nos últimos tempos. É com
ímpeto guerreiro que ela enfrenta as ameaças fascistas que rondam seu mandato.
E coloca-se à frente da resistência democrática para derrotar o golpismo e
garantir a legalidade. Ânimo que traz embutida a certeza de que, vencida esta
fase adversa, seu governo vai avançar no rumo das mudanças que o país precisa.
O dia 31 de março vai ficar marcado no calendário da democracia
brasileira como o dia em que os brasileiros demonstraram a determinação de não abandonar
as ruas, não se desmobilizar, enquanto a ameaça de golpe contra a democracia
persistir. Como o dia em que aquele slogan democrático foi reforçado e virou:
“Não
vai ter golpe! Vai ter luta!”
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