quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Rio 2016: O aplauso é belo, a vaia foi linda

Rio 2016: O aplauso é belo, a vaia foi linda


Não deu certo a blindagem para proteger Michel Temer, mas o espetáculo surpreendeu. Foi de uma beleza sutil, sem folclorização excessiva
Não deu nada certo a cuidadosa blindagem com que os organizadores da Olimpíada tentaram proteger o presidente ilegítimo Michel Temer na abertura oficial dos Jogos, na noite desta sexta-feira (5/08).
As vaias que iam fatalmente acontecer... aconteceram. O usurpador estava visivelmente constrangido.
O zelo chegou ao requinte. O telão evitou imagens da triste figura e o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, agradeceu genericamente às “autoridades brasileiras”. Nenhum nome pronunciado.

Agência Efe

Temer foi vaiado em cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio
Folha de S.Paulo, sempre solícita na defesa de Temer e do golpe, tinha previamente tentado dizer que vaias, no Maracanã, são genéricas, não específicas. Ou seja, vaia-se por vaiar, não porque as Olimpíadas do Rio nascem à sombra de um governo sombrio. 

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O Maracanã aplaudiu perigosamente a delegação de Cuba, do Uruguai e da Palestina. Devia ter muito bolivariano infiltrado por lá.
A ovação à delegação dos atletas olímpicos refugiados reitera o tom de toda a abertura: solidariedade e boas intenções.

Agência Efe

Espetáculo de abertura da Rio 2015 surpreendeu
O espetáculo surpreendeu. Foi de uma beleza sutil, sem folclorização excessiva, na medida do bom gosto – tudo aquilo que se desconfia que o Brasil é incapaz de fazer. Aquela coisa do carnaval – um excesso de improvisação e voluntarismo que acaba dando certo.
Um comovente show produzido por artistas brasileiros com a participação de artistas brasileiros. Essa gente sempre acusada pela elite ignóbil e ignorante de ser parasita, de viver das migalhas das benesses oficiais, das leis de incentivo etc. Artistas capazes de espargir talento e produzir beleza.
No cenário de indigência moral, política, estética de um Brasil que perdeu o rumo, ainda bem que há momentos como este. O aplauso é belo; e a vaia foi linda.

Texto originalmente publicado em Carta Capital

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