A POSIÇÃO DA RÚSSIA SOBRE O GOLPE NO
BRASIL
Alex Solnik
A posição oficial de Moscou acerca dos
últimos acontecimentos no Brasil é que continua no poder o governo eleito em
2014, agora comandado por quem foi vice. No entendimento de Putin, nada mudou,
não houve ruptura, razão pela qual em nenhum instante ele sequer cogitou
ponderar se a Rússia iria reconhecer ou não o novo governo. É o que revela,
nessa entrevista exclusiva ao 247, o cônsul-geral da Rússia, Konstantin
Kamenev.
É a sua terceira missão diplomática no
Brasil. A primeira foi no tempo do general João Figueiredo: “Eu lembro, quando
eu cheguei, em agosto de 1983, ele retornou de sua visita oficial à China. E
havia cartazes e slogans nas ruas de Brasília – “Recebem João com coração”.
“Lembro também a visita de Ronald Reagan ao Brasil, quando ele confundiu Brasil
com Bolívia. Foi bem ridículo”. Ele reconhece que até “nos tempos da assim
chamada ditadura nós também tivemos um bom relacionamento com o Brasil” mas
que, “com o governo Lula esse processo se tornou mais factível e mais tangível,
nós especificamente no período do governo Lula implementamos parceria
estratégica”.
Grande parte do sucesso se deveu à
simpatia que Putin tinha por Lula: “Simpatias inegáveis e sinceras, isso é
verdade, pode acreditar”. Ele admite que a relação com Estados Unidos é difícil:
“Quando surgem interesses geopolíticos, os Estados Unidos sempre tentam se opor
aos interesses da Rússia e estão promovendo uma política de contenção da
Federação da Rússia, isso é bem evidente”.
Ele também afirma que “Quando Mauricio
Macri venceu, o canal ‘Russia Today’ foi fechado”. Como se sabe, o novo
presidente argentino é um fervoroso adepto do “american way of life”.
·
O senhor já
esteve em missão no Brasil quantas vezes?
Eu sou um bom conhecedor do seu
maravilhoso país. Essa é a minha terceira missão. A primeira começou no ano de
1983 e finalizou no ano 1987. A segunda foi em 1996 e finalizou em 2001. E a
partir do ano 2013 eu também trabalho aqui como cônsul-geral da Rússia no
Brasil.
·
Na primeira vez
tinha alguma crise no Brasil?
Era ditadura, mas não se sentia como uma
ditadura muito dura.
·
Já estávamos nos
estertores da ditadura...
Já estava chegando aos seus últimos
dias, mas não agonizando. O Brasil é um país bem energético, cheio de novos
projetos. O ministro da Fazenda era Antônio Delfim Netto. Já o presidente
Figueiredo naquela época viajava muito. Lembro, quando cheguei, em agosto de
1983, ele retornou de sua visita oficial à China. E havia cartazes e slogans
nas ruas de Brasília – “Recebem João com coração”. Que interessante...
·
Isso foi
armado...
Armado, sim...
·
...pelos
funcionários do governo...
Uma propaganda da ditadura. “Receba o
João com coração”.
·
Mas o povo não
gostava dele...
Não. Claro que foi, digamos, uma atitude
ditatorial, autoritário bem evidente.
·
O senhor teve
alguma relação mais próxima com Figueiredo?
Não, não.
·
A sua missão qual
era?
Eu fui Adido de Cultura e de Imprensa na
embaixada russa em Brasília. Eu lembro também a visita de Ronald Reagan no
Brasil, quando ele confundiu Brasil com Bolívia e disse “Bolívia”. Declaração
oficial na entrevista à imprensa. Foi bem ridículo. (Risos).
·
Na segunda vez,
em 1996 já era governo Fernando Henrique...
Sim, FHC...
·
Sentiu alguma
diferença em relação ao período anterior?
Claro, muitíssima diferença. Plano Real
estava em pleno auge, funcionando
relativamente bem. Lembro também que os preços subiram, a inflação subiu
muitíssimo. Na minha primeira missão, o cruzeiro foi trocado pelo cruzado. Logo
depois, cruzeiro novo. Já a partir do ano 1994 circulava o real, que naquela
altura do tempo foi igual ao dólar americano.
·
Isso foi no
começo...
Começo, sim...
·
E foi uma
fantasia que durou pouco.
Mas, de certa maneira, consolidou a
economia, o organismo industrial, produtivo do país foi bem fortalecido. E esse
esquema neoliberal contribuiu para que o país pudesse sair do nível de
desenvolvimento inicial ao nível da emergência dos países emergentes no mundo
inteiro. Mais relevantes entre os países do mundo inteiro. É claro que
“emergentes”, não “desenvolvidos”. Isso foi bem pensado, economicamente,
financeiramente, nos moldes financeiros e do orçamento, foi bem pensado.
·
O rapaz que criou
esse plano, Persio Arida, foi meu colega de colégio.
Que interessante. Esse plano contribuiu
para gerar demanda, pra fortalecer a classe média, e o fortalecimento da classe
média sempre pressupõe geração de demanda interna. Isso contribui para o
desenvolvimento econômico. Hoje em dia, quando nós vemos certos sinais de
recuperação, quando o Brasil, nessa recessão atingiu já o poço do abismo e está
saindo paulatinamente desse poço de abismo, o ponto crítico mais baixo dessa
curva, a situação é bem diferente, a situação pressupõe que investimentos são
rápidos e a demanda continua sendo bem baixa. Lenta no nível crítico. Isso
significa que a saída da crise vai ser muito lenta. Muito paulatina. O país vai
sair da crise bem devagar. E quando a demanda está gerida e quando a classe
média, classe média baixa, tem assalariados, trabalhadores mostrando sinais da
demanda crescente, isso significa saída bem mais rápida do que nós vemos no dia
de hoje.
·
As relações entre
Brasil e Rússia mudaram depois que Lula assumiu?
Sabe, eu vou dar uma retrospectiva mais longa.
As relações entre Rússia e Brasil sempre foram boas. Nos tempos da assim
chamada ditadura nós também tivemos um bom relacionamento com o Brasil e com a
Argentina, também, que estava em plena ditadura. Vamos relembrar esse embargo
pra trigo, exportação de trigo para a União Soviética. Imposto pelos Estados
Unidos após a nossa operação no Afeganistão. O Brasil e a Argentina estavam
exportando trigo para a União Soviética e esses regimes de direita estavam
cooperando plenamente com a Rússia naquele período. Também se vamos ver o
período de Fernando Henrique, os anos 90, nossa cooperação se fortaleceu ainda
mais, foram criadas instituições chaves que abriram caminho para a parceria
estratégica entre os dois países, o Brasil e a Federação da Rússia, ou seja,
comercial, intergovernamental, Brasil-Rússia, chefiada pelos altos dirigentes.
Foi instituída no ano 1997 durante a visita do chanceler Primakov ao Brasil.
Comissão de alto nível começou a funcionar a partir do ano 2000 chefiada pelo
presidente do governo da Federação da Rússia e pelo vice-presidente do Brasil.
O atual presidente, vice-presidente no ano passado, Michel Temer viajou a
Moscou e manteve importantes encontros, conversas e reunião, bem importantes no
ano passado. Em tempos de crise sempre se vê muito bem os países que são
verdadeiros parceiros e os países que são parceiros assim chamados ou entre
parênteses. Por que nós somos parceiros naturais do Brasil? Nós não temos
cruzamentos dos interesses no mundo globalizado ou em plena globalização. Isso
é verdade: algum tempo nós fomos competidores na exportação do aço e essas
tarifas enormes para o aço da Rússia entrar no Brasil era o único ponto
litigioso entre o Brasil e a Rússia. E não um ponto crítico. Nós somos
verdadeiros entusiastas de construir um mundo multipolar. Nós somos
idealizadores e principais promotores da ideia dessa organização BRICS. Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul. Inicialmente foi criado sem África do
Sul, depois África do Sul aderiu a esse formato. E que se iniciou como formato
de diálogo político. Agora se converteu em uma organização dos países
emergentes com mais de 80% da superfície e da população economicamente ativa do
planeta. É bem evidente que o fortalecimento dos laços financeiros, econômicos,
nas esferas de inovação, é muito importante no ambiente de hoje desses países
porque mais cedo ou mais tarde eles vão se converter nos promotores iniciais da
produção industrializada global. O que acontece é que nós vemos que a China já
se tornou a economia mais potente, a segunda economia, ou a primeira economia.
Disputa o primeiro lugar com os Estados Unidos, no mundo de hoje. E ultrapassou
o Japão já faz muito tempo. Nós também temos oportunidades de converter-nos em
países da primeira linha, já entramos nas dez primeiras economias mundiais,
tanto o Brasil como a Rússia, nos termos do volume do produto interno bruto, o
PIB.
·
Com o governo
Lula não havia um certo entendimento melhor?
Sim, sim, o senhor tem plena razão. Com
o governo Lula esse processo se tornou mais factível e mais tangível. Nós
especificamente no período do governo Lula implementamos os termos como
parceria estratégica. Como aliança tecnológica entre o Brasil e a Rússia. O
primeiro astronauta brasileiro lançado ao espaço no hemisfério ocidental, no
ano 2006, na época do foi no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Também mudamos
o peso da nossa cooperação na esfera tecnológica bem desenvolvida de utilização
de alta tecnologia. Como, por exemplo, estávamos àquela altura cooperando na
esfera aeroespacial, na esfera técnico-militar, e nossa cooperação
técnico-militar entre o Brasil e a Rússia teve incremento bem forte. Também na
esfera de biotecnologia efarmacêutica. Por exemplo: aqui na nossa região, do
Sul, do Sudeste, na nossa região consular atua a empresa russa BIOCAD, que está
produzindo vacinas contra câncer. E está mostrando bons resultados. Também
tivemos bom relacionamento na esfera energética com o Brasil. Principalmente na
época do presidente Lula, esse processo se aprofundou, se instalou aqui a
representação da empresa Gazprom, da empresa Rosneft, que também colaborou
muitíssimo com a parte brasileira na exploração dos poços petrolíferos no assim
chamado pré-sal nos estados do Rio e no Espírito Santo e em muitas outras
esferas tecnologicamente bem desenvolvidas. Gostaria de destacar que houve
muita cooperação e elas foram muito bem avançadas.
É claro que essas relações todas passam
pelas pessoas que estão no poder.
Claro, e se iniciaram essas relações
especificamente no período dos primeiros dois mandatos do Partido dos
Trabalhadores, de Luiz Inácio Lula da Silva, foi quando começou essa
reaproximação mais forte de diálogo político. As visitas que aconteceram
naquela altura do tempo foram bem importantes, muitos acordos
intergovernamentais foram assinados. Gostaria nesse sentido de destacar a
visita do presidente Putin no outono do ano de 2004 aqui no Brasil, logo depois
a visita do presidente Lula a Moscou, no outono do ano 2005, ele foi
acompanhado pela mulher, Marisa Letícia. Também muitas visitas de alto nível,
de chanceleres, de ministros de postos-chave da economia, ministros de Defesa,
parlamentares, porta-vozes das altas câmaras visitaram um e outro país. Esse
formato de diálogo continua. Continuou também na época da presidente Dilma
Rousseff. Muitas visitas de envergadura, importantes, como a visita da
presidente Dilma a Moscou em dezembro do ano 2012, a visita do presidente
Medvedev no ano 2013, comissão de alto nível em Brasília, a visita do
presidente Putin a Brasília logo depois de sua participação na cúpula do BRICS
em Fortaleza em 2014. Tudo isso é evidência justa e inequívoca, “inegável”, eu
diria, do interesse dos dois países na cooperação e para ampliar essa
cooperação. Nutrir essa cooperação com conteúdo prático e mutuamente benéfico,
é bem evidente essa tendência.
·
O senhor
acompanhou a visita de Putin a Lula em Brasília?
Sim, eu tive oportunidade de acompanhar
muitas visitas. De Putin, de Medvedev e de receber em Moscou também.
·
E qual era a
visão de Putin sobre o Lula? Ele tinha simpatia pessoal pelo Lula?
Sim, simpatias “inegáveis” e simpatias
sinceras. Isso é verdade, pode me acreditar.
·
Teve algum
diálogo entre os dois que possa exemplificar esse entendimento?
Sim, claro, algo pessoal, quando uma
pessoa está olhando nos olhos da outra pessoa isso sempre está queimando
obstáculos e muralhas, muros. E quando existe se estabelece um contato
psicológico, um entendimento no nível dos olhos e das simpatias, isso significa
diálogo franco, humano e bem estabelecido.
·
Como o Kremlin
está vendo o que aconteceu no Brasil? Foi golpe? Foi impeachment?
Sabe, a posição de Moscou é bem clara
nesse sentido. Que nós respeitamos os processos políticos nos países amigos que
transcorrem naturalmente sob a única condição que devem transcorrer nos moldes
rígidos do sistema constitucional desse país. Se transcorre nos moldes desse
país, nos quadros constitucionais que estão regidas pela lei básica, a constituição,
pelas leis adicionais e corresponde a sistema judicial do país, isso é bem
evidente que nós não interferimos, só seguimos com atenção esse processo.
·
As relações
continuam normalmente?
Sim, sem dúvida nenhuma.
·
O governo Temer é
reconhecido por Moscou?
Não surgiu essa questão.
·
Nem se comenta?
Sim, sim, sim, nem se comenta. Não se
comenta. Claro, ele foi vice-presidente, ele é presidente da comissão de alto
nível Brasil-Rússia.
·
A mudança não vai
afetar em nada o BRICS?
Ele já se encontrou em Pequim na cúpula
do G-20 quando se encontrou com todos os líderes, com o presidente Putin.
·
Houve reunião
entre eles?
Não sei disso. Especificamente, não. Eu
gostaria de adicionar que, mais do que isso, pensamos e esperamos que o
relacionamento vai ser desenvolvido e aprofundado mais na época do presidente
Temer até o ano 2018 e que a cooperação não vai ser interrompida.
·
Não vai afetar em
nada o BRICS?
Não vai afetar nem BRICS nem outros
formatos do diálogo de cooperação que compartimos com o seu país. Como o G-20
também.
·
Como está a
relação Rússia-Estados Unidos? Apesar de não haver mais Guerra Fria parece que
os dois vivem às turras ainda. São amigos? São adversários? São inimigos?
Bem, como têm dito o presidente Putin e
o chanceler Lavrov, nós não consideramos os Estados Unidos como adversários,
amigos ou inimigos. Nós vemos como parceiros. Parceiros importantes no mundo
contemporâneo. E gostaríamos de ver esse país na qualidade de bons parceiros,
parceiros fiéis da Rússia. Lamentavelmente, hoje em dia, nós não temos
fundamentos pra dizer que essa parceria é franca. Às vezes, tem sido frutífera
e conseguimos grandes avanços na cooperação contra o terrorismo, contra os
desafios novos, por exemplo, a criminalidade no cyberespaço e outros, muitíssimas
coisas. Mas, lamentavelmente, hoje, esses laços estão parcialmente congelados.
Apesar de que nós continuamos cooperando com a NASA e os astronautas da NASA
estão na estação orbital que é controlada e dirigida pela Federação da Rússia.
Os americanos estão lá, sempre com boas amizades para com os nossos
astronautas. Voltando para o Cazaquistão, por exemplo. Acabou de voltar um
astronauta americano há uma semana. Ele passou mais de um ano em companhia de
dois astronautas russos. Globalmente nós somos parceiros naturais, o que
mostrou a história. Por exemplo, a história da Segunda Guerra Mundial. A
ditadura, como se dizia, de Stalin não impediu a cooperação do presidente
Franklin Delano Roosevelt e essa aliança. Nós fomos aliados com Estados Unidos
e Grã-Bretanha para combater o mal total que ameaçava a humanidade. Também se
pode citar outros exemplos nesse sentido de cooperação. Por exemplo: a
interrupção do programa nuclear do Irã, nós também atingimos grandes avanços em
cooperação com os Estados Unidos e com o mundo ocidental em geral para resolver
esse contencioso histórico do programa nuclear do Irã. E o problema está
fechado.
·
Em relação à
Síria é que não há avanços...
Em relação à Síria nós temos um
importante acordo com respeito a arsenal químico da Síria, que foi eliminado e
também colaboramos com os Estados Unidos. Claro, quando surgem interesses
geopolíticos, os Estados Unidos sempre tentam se opor aos interesses da
Rússia. E estão promovendo uma política
de contenção da Federação da Rússia, isso é bem evidente. Mas nós não somos
pessimistas. Agora o relacionamento está num ponto bem baixo, mas esperamos que
o sentido de razão vai vencer, os dirigentes dos Estados Unidos vão tentar
melhorar de verdade nosso relacionamento que, repito, está num ponto bem baixo.
·
A mudança de
governo no Brasil favoreceu mais aos Estados Unidos ou à Rússia?
Não poderia dizer isso, porque eu não
vejo nenhuma diferença entre os governos do PT, do PMDB em termos da política
exterior, a linha do Brasil não se muda no que corresponde a nossos interesses,
tanto do ponto de vista do relacionamento bilateral, como da nossa cooperação a
nível multilateral.
·
Mas parece que
esse governo está mais alinhado com os Estados Unidos que os do PT...
Claro, em qualquer que seja o momento
histórico a influência pode ser uma ou outra, grande ou pequena, eu não
tentaria medir essa influência. Porque o Brasil tem os seus próprios interesses
nacionais, o seu próprio rumo, caminho, no mundo de hoje e eu acho que não vai
mudar esse caminho principal. O que, como eu entendo, é a construção do mundo
multipolar. Eu não vejo as tentativas de mudar essa concepção, esse conceito do
mundo multipolar o que contrariaria os interesses do Brasil como um país
emergente. Eu também não vejo nenhuma tentativa de, digamos, diminuir a
cooperação nos formatos já estabelecidos, como é o BRICS. O Brasil é um membro
bem responsável e bem importante, com muito respeito e autoridade no mundo
contemporâneo e nos BRICS não vai diminuir a sua participação e no G-20, nos
outros formatos, na ONU.
·
O banco do BRICS
seria presidido por Guido Mantega, que foi preso e solto logo depois, ontem.
Ele não assumiu até agora. Como é que está a situação?
Bom, segundo eu sei, eu não sou um
perito bem aprofundado nessa matéria, porque agora estou como chefe de missão
consular, mas como economista eu diria que eu estou seguindo os eventos. Por
exemplo, sei que o banco do BRICS está em desenvolvimento, o capital inicial do
BRICS está fortalecido, está estabelecido, formado e está funcionando, ou seja,
está fortalecido. Por exemplo, na Rússia, dos meios financeiros do banco do
BRICS esses meios vão ser investidos em dois projetos. O primeiro é a
construção da rodovia de ferro entre Moscou e Kazan. De alta velocidade. Os
trens Apsam. Que atingem a velocidade de 600 quilômetros por hora. Já circula
entre Moscou e São Petersburgo e o banco do BRICS, inclusive com o capital do
seu país vai financiar. Também outro projeto ecológico na região de Carélia.
Projeto ecológicos e agropecuário na região de Carélia. Eu não sei os projetos
no Brasil, mas, segundo eu sei, a modernização do sistema portuário do Brasil
vai ser financiada por meio do banco do BRICS. Na China, na Índia e na África
do Sul também existem projetos. Eu estou quase certo disso, ele está
funcionando.
·
O banco está sem
presidente? Ou tem outro presidente e não Mantega?
Eu não sei. Eu não posso dizer, porque
não domino os pormenores desse tema.
·
Como Moscou
analisa a possibilidade de Trump ser eleito? Quem é melhor para Moscou: ele ou
Hillary?
Sabe, o senhor está conversando com o
cônsul-geral em São Paulo. Eu estou seguindo a posição oficial do meu governo,
mas não de maneira tão aprofundada. Eu sei que o nosso presidente declarou
várias vezes que, para a Federação da Rússia quaisquer que seja o presidente
dos Estados Unidos a ser eleito em novembro, ele vai ser respeitado, e nós
estamos abertos para o diálogo político, aberto, aprofundado, cooperação
estreita com qualquer que seja a administração que chegue ao poder nos Estados
Unidos. Essa é a posição oficial, formulada pelo nosso presidente, que é quem
determina, na última instância a política externa do nosso país.
·
Por que no
cardápio das operadoras como NET, Vivo, Sky tem TV italiana, portuguesa,
japonesa, francesa, inglesa, americana e não tem uma TV russa?
A TV russa existe em muitos países, essa
cooperação é uma rua com duas faixas. Eu não sei os detalhes, mas “Russia
Today” estava presente na Argentina. Quando Mauricio Macri venceu o canal foi
fechado. Vamos ver, talvez vai aparecer no Brasil. “Russia Today” existe nos
próprios Estados Unidos, é bem popular, na União Europeia, mais de 65 países,
desenvolvidos e emergentes. Talvez um bom dia vai aparecer no Brasil. Eu não
sei os planos dos “televisionistas” russos. A propósito dos brasileiros também
não sei, não estou a par de seus planos.
·
Como estão os
preparativos para a Copa do Mundo?
Estamos em plena preparação. A estrutura
esportiva é bem desenvolvida e estamos construindo a infraestrutura em ritmo
bem acelerado. Nas cidades onde haverá competição se constroem novos estádios,
novos hotéis, rodovias, pontos de diversão. A Rússia considera, como as
Olimpíadas de Sochi, que foi um grande sucesso, que essas Olimpíadas permitiram
investir na infraestrutura da cidade e da região do Sul. É claro que o Mundial
de 2018 vai contribuir muito, nos termos dos investimentos para melhoramentos
da infraestrutura, tanto desportiva quanto hoteleira, rodoviária, de
comunicações, e existe um plano centralizado que está realizando isso, a ritmo
acelerado sob estrito controle do governo e do próprio presidente.
·
Por que tem mais
brasileiros viajando à Rússia que russos ao Brasil?
O Brasil carece de boa infraestrutura de
hotéis. Pra descanso na praia. Eu não sei devido a que ocorre isso. Por
exemplo, até Cuba dispõe de uma grande rede de hotéis de primeira linha que
pertencem a redes como Melià. O Brasil, eu conheço, não pode oferecer. O
turismo interno e externo não está desenvolvido. Tanto quanto a Turquia, a República
Dominicana, o Egito, a Espanha, Portugal. Mas o Brasil não tem. Se tivesse essa
rede bem desenvolvida, o fluxo turístico viria ao Brasil, aumentaria.
·
Como é que está o
Edward Snowden?
Eu não sei, não estou seguindo o
assunto. Não é do meu interesse. Estou sabendo que ele continua na Rússia. Mas há
revelações de seu desejo de voltar para os Estados Unidos. Mas vai ser
condenado a cadeia perpétua ou algo assim, segundo entendo. Mas não posso
dizer. Não é do meu interesse.
·
Parece que ele
tem cinco anos de permanência garantidos.
Estou acompanhando como, digamos,
notícias do futebol, mas que não me interessam, não são de primeira linha.
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