sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

'Acho que foi a Rússia', diz Trump sobre ciberataques em primeira entrevista coletiva como presidente eleito



'Acho que foi a Rússia', diz Trump sobre ciberataques em primeira entrevista coletiva como presidente eleito

EUA sofrem ataques de 'todo o mundo, seja da Rússia, da China, qualquer lugar', portanto 'não podemos focar em um país só', afirmou republicano, que voltou a negar veracidade de dossiê sobre sua relação com Moscou
Destoando de declarações anteriores, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (11/01) que a Rússia pode estar por trás dos ciberataques durante as eleições que deram a vitória ao magnata no dia 8 de novembro do ano passado. Apesar disso, Trump afirmou que o fato de Putin "gostar" dele é uma vantagem, e espera que sua relação com o presidente russo "seja bem positivo". 
"Eu acho que foi a Rússia, mas eu acho que não podemos focar em um país só porque tivemos muitas invasões de hackers de várias partes do mundo", disse Trump na primeira entrevista coletiva desde que foi eleito, a poucos dias de assumir a presidência dos Estados Unidos.
O presidente eleito afirmou que os Estados Unidos estão sofrendo ciberataques de "todo o mundo, seja da Rússia, da China, qualquer" lugar. Mesmo assim, Trump disse que essas invasões "nunca voltarão" a ocorrer a partir do momento em que ele chegar à Casa Branca, no dia 20 de janeiro. "A Rússia terá muito mais respeito pelo nosso país comigo na liderança. Todos os países nos respeitarão muito mais, mais do que em administrações passadas", declarou. 
Segundo o magnata, "o comitê democrata estava aberto para ser invadido e o sistema deles é muito ruim. Eles tentaram sim entrar e invadir os computadores dos republicanos, mas não conseguiram, e temos que fazer isso pelo país".
A entrevista coletiva de Trump ocorre menos de 24 horas após a mídia norte-americana divulgar uma série de documentos não verificados de que a Inteligência russa teria um dossiê com informações comprometedoras sobre o magnata, com o qual estaria chantageando o presidente eleito. 
O futuro líder norte-americano voltou a negar as acusações, dizendo que a imprensa "publicou a maior mentira" sobre ele até hoje e que isso "nunca deveria isso ter sido liberado. Eu acho que é uma desgraça absoluta".
"Eu acho que se eles tivessem isso em mãos, teriam divulgado isso com alegria como fizeram com a Hillary [Clinton]. Eles jamais deveriam ter invadido as contas de Hillary, mas vamos lembrar dessas invasões de hackers que revelaram que Hillary recebeu as perguntas para o debate [presidencial], isso é horrível. Se fosse eu que recebesse as perguntas, seria a maior notícia da face da terra", disse ainda.
Trump acrescentou que "fora dos Estados Unidos, sempre tive comportamento irrepreensível" e que o fato de que o presidente russo Vladimir Putin o admire é "uma coisa positiva". "Não sei qual a relação que terei com Putin, mas espero que seja bem positivo", acrescentou.
Ele ainda voltou a criticar a Inteligência de seu país, que teria membros que "divulgaram informações falsas", o que seria "uma mancha" para o serviço secreto caso venha a ser comprovado. "O encontro com a Inteligência era confidencial. É uma desgraça, vergonhoso que aquelas informações foram divulgadas", ressaltou, sobre a reunião em que foi informado acerca do dossiê russo.
Os documentos foram publicados pelo Buzzfeed e a CNN divulgou que informações sobre o dossiê haviam sido repassadas tanto ao presidente Barack Obama quanto ao presidente eleito Donald Trump. Durante a entrevista coletiva, Trump discutiu com um jornalista da CNN e se negou a conceder uma pergunta à emissora, a quem acusou de publicar "notícias falsas". O veículo respondeu, dizendo que "a decisão da CNN de publicar relatórios cuidadosamente apurados sobre as operações de nosso governo é muito diferente da decisão de Buzzfeed de publicar memorandos infundados", publicou logo após o término da entrevista. "Deixamos claro que não estávamos publicando nenhum dos detalhes do documento de 35 páginas porque não corroboramos as alegações do relatório".
Agência Efe

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Hackers
Os serviços de Inteligência e de Segurança dos Estados Unidos revelaram em relatório que Putin "ordenou" uma campanha cibernética para ajudar Trump e influenciar no resultado das eleições presidenciais de novembro. O relatório, divulgado no dia 6 de janeiro, confirma as versões da CIA de que os ataques contra o Partido Democrata eram feitos pelo Kremlin para comprometer a então candidata à presidência Hillary Clinton.
Os sites russos teriam, com a permissão de Putin, passado essas informações para o Wikileaks, de Julian Assange. Entre os dados roubados, estariam informações sobre favorecimento na corrida eleitoral à Hillary.
Por causa desses relatórios, o atual presidente, Barack Obama, expulsou 35 diplomatas russos dos EUA. No entanto, desde que foram divulgadas as informações da "ajuda" russa, Trump rebateu e disse que não acreditava na questão porque era um "lamento" dos democratas.
Economia e conflito de interesses
O presidente eleito dos Estados Unidos afirmou na entrevista que criará muitos empregos em seu mandato. "Serei o maior criador de postos de trabalho que Deus já criou. Tenho muito orgulho do que já fiz e nós nem assumimos ainda”, disse Trump.
Trump elogiou a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), que recentemente anunciou um investimento de US$ 1 bilhão no país e a criação de dois mil empregos. "Muitas empresas de automóveis fizeram anúncio por aqui, como a Fiat Chrysler, que quer construir aqui, e a Ford que também vai investir aqui. Agradeço muito a essas empresas”, disse o nova-iorquino.
Ao falar sobre os empresários internacionais que recebeu, como o líder do chinês Alibaba, Trump afirmou que "se a eleição não tivesse acabado como acabou, eles não estariam aqui e estariam trabalhando em outros país.
Ao ser questionado pelos repórteres sobre um possível conflito de interesses tanto nas questões econômicas como na nomeação de seu genro para ser conselheiro sênior, Trump rebateu que isso não existe porque "ele não tem relações com a Rússia" e está abrindo mão de todos os negócios e empreendimentos de suas empresas. Os filhos serão os responsáveis pelas marcas e "não conversarão" com o presidente eleito sobre isso.
A representante legal do magnata, Sheri Dillon, foi convocada por Trump para defender a nomeação de Joshua Kushner e disse que a questão de nepotismo não se aplica para a Casa Branca. Ela ainda confirmou e apresentou documentos sobre a saída do magnata de suas empresas.
Sobre o "Obamacare", o programa de saúde implantado por Obama, ele voltou a falar que o projeto "é um desastre total", que "aumentou em até 100% os gastos com a saúde em alguns estados".
"Vamos rejeitar e substituir simultaneamente" o projeto, acrecentou. Trump ainda foi questionado sobre a questão das empresas que saem dos EUA para outros países e disse que elas podem "até sair", mas que "vão pagar impostos muito alta nas fronteiras, que estarão muito mais fechadas". A fala contradiz diversos acordos comerciais assinados pelos EUA com o México ao longo dos últimos anos.

(*) Com ANSA e Efe

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