quinta-feira, 6 de abril de 2017

COMBATE À CORRUPÇÃO ESTÁ DINAMITANDO EMPRESAS NACIONAIS

Combate à corrupção está dinamitando empresas nacionais


Benjamin Steinbruch diretor presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) - entidade que apoiou o impeachment da presidente legítima Dilma Rousseff, disse, em coluna na Folha de S. Paulo, que o necessário combate à corrupção no país está “dinamitando as empresas nacionais”.

Segundo ele, que teceu críticas à gestão do ilegítimo Michel Temer na economia, "não é normal um movimento de autodestruição tão grande quanto o que está em curso no Brasil".

O empresário menciona como exemplo a Operação Carne Fraca, desencadeada pela Polícia Federal para apurar um esquema de corrupção envolvendo fiscais e os maiores frigoríficos do país. Para ele, um dos setores mais eficientes da indústria brasileira - o de carnes - foi "fulminado" por uma operação que teria sido precipitada.

"Estavam envolvidas duas dezenas de unidades num universo de 5.000, ou seja, uma minoria. O mais certo seria que os responsáveis pela eventual corrupção fossem levados à Justiça para responder pelos seus atos. Mas a comunicação espalhafatosa da operação acabou atingindo em cheio toda a atividade do setor, um dos poucos que ainda prosperam na atual recessão", escreveu.

Steinbruch destacou que, em vez de punir os malfeitores, a operação gerou dúvidas sobre a qualidade das carnes brasileiras, levando a que vários países cancelassem importações do produto.

Como consequência, mesmo os frigoríficos que não tinham sido envolvidos na operação reduziram sua produção - "uma péssima notícia num país em crise: mais recessão, mais desemprego", apontou.

Para o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, contudo, este não se trata de um evento isolado. "O necessário combate à corrupção, em vez de punir só os corruptos, está dinamitando empresas nacionais", afirmou, citando a indústria naval, a de petróleo, a da construção e os frigoríficos como setores importantes diretamente atingidos.

"A continuar essa sequência destrutiva, a tendência óbvia será a desnacionalização desses setores. Desvalorizadas e sem recursos, as empresas se tornam alvos fáceis para o capital estrangeiro", observou.

O empresário acrescentou críticas a diversas medidas do governo Michel Temer, como a redução do papel do BNDES, a suspensão de desonerações, e o novo corte de investimentos, anunciados pela gestão. "O câmbio não ajuda as exportações. A taxa básica de juro continua em nível absurdo, 12,25% ao ano, embora o Banco Central tenha começado a reduzi-la, mas com muita lentidão e medo", condenou.

Na avaliação de Steinbruch, depois de queda na produção industrial por três anos seguidos, a "esperança de que pudesse haver crescimento neste ano começa a se esvair diante da continuidade do movimento de autodestruição".

O empresário comparou o que acontece no país com a situação de outros países, cujas empresas também se envolveram em escândalos. "A Volks foi recentemente punida por fraudar níveis de poluição de seus carros a Diesel. Tomou uma multa de US$ 4,3 bilhões nos Estados Unidos, mas não deixou de produzir um único automóvel".

De acordo com ele, preservar a empresa nacional deve ser "uma obrigação" das autoridades brasileiras. "Que as pessoas culpadas sejam punidas com o rigor da lei, que as empresas paguem multas por seus erros, mas que a atividade produtiva não seja mais prejudicada", defendeu. 


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