Combate à
corrupção está dinamitando empresas nacionais
Benjamin Steinbruch diretor presidente
da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e vice-presidente da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) - entidade que apoiou o impeachment
da presidente legítima Dilma Rousseff, disse, em coluna na Folha de S. Paulo,
que o necessário combate à corrupção no país está “dinamitando as empresas
nacionais”.
Segundo ele, que teceu críticas à gestão
do ilegítimo Michel Temer na economia, "não é normal
um movimento de autodestruição tão grande quanto o que está em curso no
Brasil".
O empresário menciona como exemplo a
Operação Carne Fraca, desencadeada pela Polícia Federal para apurar um esquema
de corrupção envolvendo fiscais e os maiores frigoríficos do país. Para ele, um
dos setores mais eficientes da indústria brasileira - o de carnes - foi
"fulminado" por uma operação que teria sido precipitada.
"Estavam envolvidas duas dezenas de
unidades num universo de 5.000, ou seja, uma minoria. O mais certo seria que os
responsáveis pela eventual corrupção fossem levados à Justiça para responder
pelos seus atos. Mas a comunicação espalhafatosa da operação acabou atingindo
em cheio toda a atividade do setor, um dos poucos que ainda prosperam na atual
recessão", escreveu.
Steinbruch destacou que, em vez de punir
os malfeitores, a operação gerou dúvidas sobre a qualidade das carnes
brasileiras, levando a que vários países cancelassem importações do produto.
Como consequência, mesmo os frigoríficos
que não tinham sido envolvidos na operação reduziram sua produção - "uma
péssima notícia num país em crise: mais recessão, mais desemprego",
apontou.
Para o presidente da Companhia Siderúrgica
Nacional, contudo, este não se trata de um evento isolado. "O necessário
combate à corrupção, em vez de punir só os corruptos, está dinamitando empresas
nacionais", afirmou, citando a indústria naval, a de petróleo, a da
construção e os frigoríficos como setores importantes diretamente atingidos.
"A continuar essa sequência
destrutiva, a tendência óbvia será a desnacionalização desses setores. Desvalorizadas
e sem recursos, as empresas se tornam alvos fáceis para o capital
estrangeiro", observou.
O empresário acrescentou críticas a
diversas medidas do governo Michel Temer, como a redução do papel do BNDES, a
suspensão de desonerações, e o novo corte de investimentos, anunciados pela
gestão. "O câmbio não ajuda as exportações. A taxa básica de juro continua
em nível absurdo, 12,25% ao ano, embora o Banco Central tenha começado a
reduzi-la, mas com muita lentidão e medo", condenou.
Na avaliação de Steinbruch, depois de
queda na produção industrial por três anos seguidos, a "esperança de que
pudesse haver crescimento neste ano começa a se esvair diante da continuidade
do movimento de autodestruição".
O empresário comparou o que acontece no
país com a situação de outros países, cujas empresas também se envolveram em
escândalos. "A Volks foi recentemente punida por fraudar níveis de
poluição de seus carros a Diesel. Tomou uma multa de US$ 4,3 bilhões nos
Estados Unidos, mas não deixou de produzir um único automóvel".
De acordo com ele, preservar a empresa
nacional deve ser "uma obrigação" das autoridades brasileiras.
"Que as pessoas culpadas sejam punidas com o rigor da lei, que as empresas
paguem multas por seus erros, mas que a atividade produtiva não seja mais
prejudicada", defendeu.
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