Tereza Cruvinel
Com mais de 94% das urnas apuradas no
Equador, o candidato do presidente
Rafael Corrêa, Lenin Moreno, teve sua vitória oficializada na noite deste domingo. Ele obteve 51,07% dos
votos apurados, contra 48,93% do financista conservador Guillermo Lasso.
No primeiro turno, os governistas
enfatizaram a importância da garantia de governabilidade e conquistaram a maioria na Câmara, elegendo 74 das 137
parlamentares. Sem maioria parlamentar,
governos de esquerda estão fadados a enfrentar crises como a que levou à
derrubada de Dilma Rousseff ou ao confronto em curso na Venezuela, entre o
Legislativo dominado pela oposição e o governo de Nicolás Maduro.
A vitória de Moreno, no momento em que a
direita avança em países do continente, como na Argentina, no Brasil e na
Venezuela, confere novo fôlego às forças progressistas e à esquerda
latino-americana. Ele foi o vice de
Corrêa em seus dois mandatos e o foco de sua campanha foi na manutenção e no
aprofundamento das políticas de inclusão social, redução das desigualdades e
fortalecimento da integração continental,
apesar do contencioso Mercosul-Venezuela.
Cadeirante desde que levou um tiro
durante um assalto, Lenin Moreno apresentou também uma plataforma específica
para a inclusão das pessoas com deficiências.
O adversário Guillermo Lasso, banqueiro
e filho da elite, representa o poder
econômico do Equador e fez uma campanha pregando reformas neoliberais e redução
do Estado, em perfeita sintonia com os governos de Michel Temer no Brasil e de
Macri na Argentina.
Quase todos os institutos de pesquisa do
Equador erraram feio na pesquisa de boca de urna, apontando vitória de Lasso,
que ainda pode pedir recontagem de votos em função da diferença apertada.
Do outro lado do mundo, quem respirou
aliviado com o resultado foi Julian Assange, o criador do WikiLeaks, que o
governo do Equador abriga em sua embaixada em Londres há quase cinco anos. Lasso havia anunciado que revogaria a
concessão do asilo, o que poderia representar a extradição de Assange.
O presidente Nicolás Maduro também deve
ganhar com o resultado no Equador, pois continuará contando com o apoio de um
vizinho, no momento em que a OEA, o MERCOSUL e boa parte da comunidade
internacional censuram seu governo pela tentativa da suprema corte de reduzir
poderes do Parlamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário