Mourão
é palavra que lembra repressão!
Sim, fui consultar o velho e bom “Aurélio” para
confirmar que “mourão” é uma estaca de concreto,
madeira ou pedra que serve para construir uma cerca. Escavada no solo, serve
para sustentar telas, arames, placas de madeiras e outros para se criar uma
cerca, ou seja, para reprimir a livre circulação. No caso mais recente do
Brasil, Mourão quer impedir a livre circulação de ideias, coisa garantida na
Constituição.
Mas, além da definição, esse nome não
tem boa memória na história brasileira. Imediatamente veio à nossa lembrança a
imagem de outro general, Olímpio Mourão Filho! Conhecido por suas preferências
integralistas, na década de 1930, chegou a ser diretor do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira. Foi o mentor
de um incrível golpe que jogou o país na ditadura do Estado Novo. É de sua
autoria o falso Plano Cohen, um documento “descoberto” pelos militares e que
atribuía aos comunistas um plano para tomar o Brasil. O documento serviu de
justificativa para Getúlio Vargas fechar o Congresso e implantar um regime de
exceção que durou até o final da Guerra!
Mas aquele “Mourão” não parou por aí. Em março de 1964
ele comandava a 4ª Região Militar e a 4ª Divisão de Infantaria do I Exército,
em Juiz de Fora quando deu ordens para suas tropas marcharem em direção ao Rio
de Janeiro, na noite de 31 de março! A ordem daquele Mourão precipitou o golpe
militar que mergulhou o país na escuridão por mais de duas décadas!
E agora vem outro “general Mourão” tentar assombrar a vida
política nacional. Dessa vez é o general Antônio Hamilton Martins Mourão,
conhecido por suas tendências de direita. Exonerado em 2015 do Comando Militar
do Sul pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, o “novo” general
Mourão ocupa uma função burocrática em algum departamento. Foi afastado do
comando após criticar o governo de Dilma Rousseff.
Qual o motivo de tantas matérias em torno do tal
general Mourão?
Na noite de sexta-feira (15), em uma palestra na Loja
Maçônica Grande Oriente, em Brasília, ele teria ameaçado um novo golpe militar
ao dizer que o país poderá recorrer a uma “intervenção militar” se o Judiciário
“não solucionar o problema político”.
A gravação da palestra mostra sua ameaça: “Ou as
instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando
da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então
teremos que impor isso”.
Ou seja, ele comparece em uma palestra em uma das
instituições mais direitistas que temos no país para dizer que o Judiciário, o
poder mais desacreditado, deve solucionar o problema político? Quem conhece o
“judiciário” brasileiro sabe que o tal Mourão só pode estar de brincadeira!
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas,
foi chamado a dar explicações ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, sobre a
declaração do general, mas é claro que esperamos muito pouco disso!
É claro que a sempre golpista Rede Globo aproveitou o
momento e fez matéria especial no seu Jornal Nacional, com a mesma cara
deslavada e cínica de Bonner. Curiosamente, o general Villas Bôas fez um elogio
a Hamilton Mourão, segundo ele “um grande soldado, uma figura fantástica, um
gauchão”, e disse que não haverá punição, pois seu subordinado fez as
declarações em um local fechado (uma loja da Maçonaria em Brasília) e após ser
provocado por uma pergunta. Curioso é que o mesmo Villas Bôas havia afastado
Mourão do cargo em outro incidente parecido.
Segundo a revista Carta Capital, grande parte dos
parlamentares que dominam o Congresso estão tratando de “esfriar” o tema e
relativizam a importância do discurso. Diz a revista: “À exceção de deputados
de oposição, os parlamentares da Câmara têm preferido não repercutir as
polêmicas declarações do general Antônio Hamilton Mourão. Enquanto a maioria
dos congressistas da base aliada prefere manter-se em silêncio sobre o tema, o
militar tem recebido apoio de colegas após garantir haver ‘planejamentos muito
bem feitos’ para uma possível solução do ‘problema político’”.
• Nada para comemorar.
Alguns companheiros mais precipitados comemoraram a notícia, mas não há muito o
que esperar. Na sexta-feira (22), o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira
anunciou a decisão de renunciar à defesa de Michel Temer na segunda denúncia
apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o golpista. Foi
Mariz quem conduziu a defesa de Temer na primeira denúncia feita e rejeitada
pelo Congresso em 2 de agosto deste ano.
Acontece que o afastamento do advogado deve-se apenas
ao fato de ele ter defendido no passado o doleiro Lúcio Funaro, um dos
delatores citados na nova denúncia, o que configuraria conflito ético. Mariz
continuará trabalhando para Temer em outros casos.
A segunda denúncia contra Temer chegou à Câmara dos
Deputados na sexta-feira (22), depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter
rejeitado pedido da defesa do presidente para interromper a tramitação. Antes
mesmo da decisão do STF, Mariz já havia comunicado a Temer que deixaria de
defendê-lo caso a denúncia prosseguisse.
• “Tudo está em seu lugar”... A nova “chefa” dos juízes federais não poderia ser mais talhada para
dar ao golpista Temer tranquilidade diante da enxurrada de acusações e provas
contra ele. Raquel Dodge (poderia ser Ford ou Chrysler, não é) foi nomeada para
a Procuradoria Geral da República e, assim, fica estabelecida uma harmonia
entre os poderes Executivo e Judiciário.
O fato só demonstra a enorme capacidade que o golpista
tem de mover suas peças no tabuleiro político nacional. Antes de embarcar para
um “rega bofe” com Trump, “o troglodita”, ele fez uma declaração à imprensa
dizendo que tinha “um prazer extraordinário” ao nomear sua amiga para as novas
funções.
A nova Procuradora tomou para si a causa apresentada
por Rodrigo Janot, afastado do cargo, onde Temer é acusado de “associação
ilícita” e de ter recebido 175 milhões de dólares resultantes de subornos em
contratos da Petrobras e outras empresas estatais. Curiosamente, Janot não
compareceu à cerimônia de posse de Raquel Dodge.
Ninguém sabe a razão do sorriso de Temer, Eliseu
Padilha e Moreira Franco na fotografia quando embarcava para os EUA, todos
envolvidos na denúncia de Janot!
• O Brasil “quase parando”. As primeiras manchetes dos jornais enganam e tentam dissimular a realidade
do país. O golpista Temer, no exterior, tenta mostrar um Brasil “cor de rosa”.
Ainda que as notícias digam que, em agosto, o número de novas vagas de trabalho
com carteira assinada continuou aumentando, a informação não resiste a uma
análise mais objetiva.
As matérias dizem que o número de novas vagas somou
35.457, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
divulgado nesta quinta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Segundo o Caged, agosto foi o quinto mês seguido com mais vagas de trabalho
formal abertas do que fechadas no país. No mês anterior, julho, foram gerados
mais 35.900 postos de trabalho com carteira assinada. De janeiro a agosto deste
ano, o mês de abril foi o que apresentou melhor resultado: 71.193 novas vagas
em postos de trabalho formal.
Mas é preciso ver com calma esses números. Dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o desemprego
continua alto. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), no trimestre de maio a julho, 12,8% dos brasileiros estavam desocupados,
número que representa um quantitativo de 13,3 milhões de pessoas.
A Região Nordeste foi a que gerou mais postos de
trabalho em agosto, com 19.964 vagas. Em seguida, vêm a Região Sul, com 5.935
vagas; o Centro-Oeste, com 4.655; o Norte, com 3.275; e o Sudeste 1.628 postos.
De acordo com o ministério, a média salarial de
admissão no país ficou em R$ 1.482,07. A Região Sudeste aparece com a maior
média (R$ 1.600,31). Em seguida, aparecem as regiões Sul (R$ 1.441,12);
Centro-Oeste (R$ 1.369,69), Norte (R$ 1.293,60) e Nordeste (R$ 1.246,48).
• Setor de serviços está entrando em crise. A atual crise econômica está interrompendo um período
de sete anos de crescimento do setor de serviços no Brasil, informou nesta
sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desde o início da série histórica da Pesquisa Anual dos
Serviços (PAS), em 2007, o IBGE registrou crescimento em dados como número de
empresas, pessoas ocupadas e massa salarial real na área de serviços, além do
valor adicionado pelo setor à economia. Em 2015, quando o Produto Interno Bruto
(PIB) do Brasil caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais
indicadores.
Segundo o IBGE, vários fatores influenciaram o
desempenho negativo do setor. Entre eles, está o fraco desempenho do consumo
das famílias, que caiu 4% com a retração da renda e do mercado de trabalho
(veja nosso artigo no Informativo passado). Ainda de acordo com o instituto,
houve piora nas condições de crédito e aumento da inflação, que chegou a 10,6%.
O número de trabalhadores ocupados pelo setor de
serviços atingiu o pico de 12.986.478 pessoas em 31 de dezembro de 2014.
Entre as atividades pesquisadas agora, apenas os
serviços prestados às famílias (+0,09%) e as atividades imobiliárias (+5,09%)
tiveram variação positiva no número de empregados. Principais empregadores, os
serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram queda de 3,4%,
de 5.247.882 de funcionários para 5.069.708.
O salário médio real dos trabalhadores do setor de
serviços também foi afetado pela crise econômica em 2015. O valor médio caiu
4,6%, de R$ 1.959,30 em 2014 para R$ 1.869,38. O melhor salário médio real em
2015 foi pago pelos serviços de comunicação e informação, com R$ 3.830,64,
apesar da queda de 5,15% sobre 2014. Os serviços prestados principalmente às
famílias pagavam os menores salários em 2015, de 1.177,76.
A atividade de telecomunicações perdeu mais de cinco
pontos percentuais de peso na receita operacional líquida do setor de serviços,
conforme a pesquisa do IBGE. De 2007 a 2015, o setor deixou de responder por
18,9% da receita e caiu para 11,3%, o que não alterou sua posição como setor
que mais gerou receita em 2015. No último ano pesquisado pelo IBGE, a receita
da atividade foi de R$ 162 bilhões, valor inferior ao registrado nos anos de
2014 e 2013, segundo a Pesquisa Anual dos Serviços (PAS).
• Colômbia diz não à Trump. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, fez um alerta a Donald
Trump ao afirmar que uma intervenção militar na Venezuela não teria qualquer
apoio por parte da América Latina! “Reiteramos ao presidente dos EUA (...) que
qualquer intervenção não teria ajuda ou apoio por parte dos demais países da
região”, disse ele.
O aviso foi feito durante um encontro no Palace Hotel
de Nova Iorque e estavam presentes o presidente panamenho, Juan Carlos Varela,
a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, e o golpista brasileiro Temer.
• MNOAL diz não a medidas coercitivas de Trump. O Movimento de Países Não Alinhados (MNOAL) aprovou
por unanimidade uma declaração repudiando as sanções unilaterais que EUA e
outras nações aplicam a alguns membros desse grupo.
“O mais importante é que 120 países, mais de dois
terços do total de Estados membros da ONU, deram uma resposta clara e firme
sobre tudo aos EUA, mas também a outros Estados que pretendem impor medidas
unilaterais coercitivas, as chamadas sanções, também a estados membros”, disse
o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, em uma coletiva com a imprensa.
A Venezuela, no momento, exerce a presidência rotativa
do MNOAL e tem sido alvo constantes de recentes sanções aprovadas por
Washington.
O encontro de chanceleres e altos representantes dos
governos que integram o MNOAL aconteceu em Nova Iorque, durante a realização da
72ª Assembleia Geral da ONU.
• Rússia chama de inaceitáveis as ameaças de Trump contra a
Venezuela. Sergéi Lavrov, ministro das
relações exteriores da Rússia, declarou, na quinta-feira (21), que “é
inaceitável incitar distúrbios e ameaçar com o uso da força para democratizar a
Venezuela ou para minar as autoridades legitimas em qualquer país”.
O ministro fazia referência às ameaças do presidente
estadunidense que, em agosto deste ano, disse que seu país “muitas opções para
a Venezuela, inclusive a militar, se for necessário”.
Sem se importar com a opinião geral, em discurso na
Assembleia Geral da ONU, na quinta-feira, a embaixadora dos Estados Unidos,
Nikki Haley, disse que o país não descarta novas sanções à Venezuela. Ela disse
que todas as opções estão em aberto caso “as coisas não melhorem”. Nikki disse
que possibilidade de novo embargo petroleiro “não está fora da mesa”.
• “Oposição” perde a força na Venezuela? A última ação coordenada pela chamada “oposição democrática”
da Venezuela foi uma explosão em Altamira, bairro nobre de Caracas, em 30 de
julho desse ano. Naquele dia 8 milhões de venezuelanos saiam de suas casas para
votar na Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e os grupos de direita e os
partidos que se opõem a Maduro planejaram o atentado com explosivos, que
atingiu homens da Guarda Nacional Bolivariana e deixou mais de dez feridos. Não
tivemos mais notícias de protestos ou ações dos direitistas desde então.
Na semana seguinte à Constituinte, os partidos
opositores convocaram um protesto, mas apenas 100 manifestantes compareceram ao
local do ato. Desde então, acabaram as convocações, as barricadas, os piquetes,
e as ruas de Caracas voltaram a ter paz.
O jornalista venezuelano Victor Hugo Majano afirma que
o recuo da oposição está relacionado à importante participação da população no
processo que elegeu 545 deputados constituintes. “Foi uma derrota política
muito contundente. O grande número de participação legitimou totalmente o
processo eleitoral realizado pelo chavismo e o governo, apesar da propaganda
maldosa que fizeram sobre a Constituindo no exterior. Também houve um certo
desencantamento das pessoas devido ao uso da violência por parte da oposição
durante os protestos”, apontou o jornalista. E a oposição deve estar repensando
sua estratégia de não ter participado do processo eleitoral.
Duas semanas depois da eleição da Constituinte, dois
dos partidos da oposição que protagonizaram os protestos contra o Presidente
Maduro acumularam outra derrota - dessa vez, no contexto das eleições prévias
para governador realizada pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalisão que
18 partidos opositores.
As eleições internas da MUD são feitas para escolher um
candidato único entre os postulantes opositores para, depois, concorrer com o
candidato do Partido Socialista Unidos da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolas
Maduro. As primárias foram realizadas em função das eleições para governadores
de 23 estados venezuelanos, convocadas para 15 de outubro.
O partido Primeira Justiça, liderado pelo atual
presidente da Assembleia Nacional da Venezuela (ANV), Júlio Borges, ganhou em
apenas três dos 19 estados onde houve disputa. Já o partido Vontade Popular, do
político Leopoldo Lopez (que cumpre prisão domiciliar depois de ser acusado de
liderar protestos violentos em 2014), não ganhou em nenhum estado. O processo
foi liderado por um partido que representa a velha oligarquia venezuelana, o
Ação Democrática, que se manteve afastado dos protestos violentos.
• A escravidão não acabou! Segundo recentes pesquisas realizadas pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT), cerca de 40 milhões de pessoas ainda são vítimas da “escravidão
moderna”. Dessas, 25 milhões são submetidas a trabalho forçado e 15 milhões são
levadas a matrimônio sem consentimento.
O informe foi divulgado durante a recente Assembleia
Geral da ONU e retrata um estudo conjunto realizado pela OIT, Walk Free
Fundation e a Organização Mundial para Migrações. Revelou o alcance da
“escravidão moderna” e considerou impossível cumprir as metas divulgadas como
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
O documento diz que mulheres e meninas representam 71%
do total, cerca de 29 milhões. Isto alimenta 99% do comércio de sexo e 84% dos
casamentos forçados!
Completando a informação, o documento diz ainda que
cerca de 152 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, são objeto de trabalho
infantil, concentrado fundamentalmente na agricultura (70,9%) e no setor de
serviços (17,1%), enquanto 11,9% estão na indústria.
• Uma grande contradição? Em números recentes, nosso Informativo falou no crescimento da fome no
mundo e da crise humanitária que já avança aceleradamente em alguns países, mas
estamos diante de uma grande contradição: a fome aumenta e a produção de
alimentos também está aumentando?
A produção mundial de cereais pode atingir o recorde de
2,61 bilhões de toneladas em 2017, segundo a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO). O estudo Perspectivas de Safras e Situação
Alimentar, lançado na quinta-feira (21) em Roma, prevê que a situação global do
abastecimento alimentar melhore com as boas colheitas na América Latina e a
recuperação das condições agrícolas na região da África Austral.
A FAO prevê ainda que a produção global de arroz chegue
ao máximo histórico de 503 milhões de toneladas este ano, um aumento de 0,5% em
relação à estimativa revista em 2016. Na África, a produção total de cereais
poderá crescer mais de 10%, após um aumento das safras de milho no sul do
continente e de trigo no norte.
Qual o mistério? O mundo produz cada vez mais
alimentos, mas esta sociedade produz mais famintos a cada dia!
• De olho na Alemanha (1). Hoje será um dia para acompanhar os acontecimentos na Alemanha. Durante
a semana a campanha eleitoral alemã entrou na reta final. Segundo as pesquisas,
a atual chanceler Angela Merkel, segue como favorita nas pesquisas e pode
assumir seu quarto mandato. Sondagem mostra que 34% dos eleitores não pretendem
votar ou ainda estão indecisos.
No último dia 3, Merkel e seu principal adversário,
Martin Schulz, participaram do único debate televisivo da campanha, visto como
a grande oportunidade para os candidatos convencerem os eleitores indecisos. Apesar
de Schulz ter atacado duramente Merkel com questões sobre imigração e relações
com a Turquia, a atual chanceler se saiu melhor no debate.
Analistas locais consideram a reeleição de Merkel como
certa. Mas, segundo alguns, o número de pessoas que pode se abster de votar é
considerado muito alto. De acordo com a
pesquisa divulgada na quinta-feira (21) pela empresa GSM, o índice de abstenção
(34%) é 5% maior do que nas últimas eleições.
A maior preocupação é que as abstenções podem favorecer
o partido de extrema-direita, o AfD, que tem cerca de 10% de intenções de voto.
Seus militantes declaram abertamente a simpatia pelo nazismo e usam
habitualmente a violência. Alexander Gauland, um dos fundadores do AfD, é uma
figura polêmica e já declarou, por exemplo, que os alemães deviam “ter orgulho”
do que o seu exército fez nas duas grandes guerras.
• De olho na Alemanha (2). As eleições deste domingo (24) na Alemanha estão marcadas por grandes
enfrentamentos entre os principais partidos locais, mas a preocupação geral dos
analistas não é com a possível formação de alianças para compor o Governo, mas
com o avanço eleitoral de setores da extrema-direita.
A verdade é que existe um crescente descontentamento
com a administração de Merkel e isso é comprovado pela queda de sua
popularidade nas recentes pesquisas, mas não deve tirar sua vitória.
Segundo pesquisa do Instituto Emnid, 58% dos alemães
acreditam que o desempenho de Merkel facilitou o desenvolvimento da
eurocêntrica e xenófoba Alternativa para Alemanha (AfD) que deve receber cerca
de 11% dos votos nas eleições gerais.
Criada em 2013, a AfD tem um programa claramente
contrário à atual administração e conta com militantes partidários do nazismo e
até mesmo defensores do extermínio de judeus. E muitos analistas consideram que
seus seguidores representam o voto de protesto contra a posição vacilante de
“la” Merkel e suas medidas de austeridade.
Em entrevistas recentes a chanceler, de 63 anos, tem
tentado se distanciar da extrema-direita, mas a maioria dos cidadãos a
responsabilizam pelo crescimento da AfD!
• De olho na Alemanha (3). Em meio aos debates e campanhas para as eleições gerais, a Alemanha
passou a semana envolvida em outro debate: a divulgação por economistas da
Fundação Heinrich Boell, ligada aos sindicatos locais, sobre o crescimento da
desigualdade social no país.
Segundo a matéria, “durante as últimas três décadas
cresceram as diferenças sociais”, assegurou Gurtav Horn, chefe do Instituto de
Macroeconomia e Pesquisas da Fundação. Segundo ele, ainda que os governos tenham
anunciado crescimentos econômicos não conseguiram reduzir a desigualdade de
rendas no país. Os números da pesquisa mostram que, entre 1991 e 2014, enquanto
as rendas mais altas subiram 17%, as rendas médias cresceram 10% e os salários
mais baixos apenas 3%!
• Democracia? Não sabemos o que é! O governo espanhol, leia-se Mariano Rajoy, não tem
qualquer ideia do significado da palavra “democracia”. Enquanto se mete quase
diariamente nas questões internas da Venezuela, sustentando grupos de direita
da chamada “oposição democrática” e exigindo “abertura democrática” no país,
impede a realização do referendo popular sobre a independência da Catalunha.
Em recentes pronunciamentos, Rajoy declarou que na
Espanha “há excesso de liberdade de expressão” e que “isso dá lugar a
besteiras”. Ele se referia diretamente a um “porta-voz de um grupo parlamentar
no Congresso que declarou que há presos políticos na Espanha”! Ele se referia
às declarações de Pablo Iglesias.
Sobre a sua ordem para impedir a realização do
referendo sobre a Catalunha ele disse que “o Estado de direito impediu o
referendo” ao demitir sumariamente os componentes da junta eleitoral que organizava
o processo. Mas não disse que deu ordens pessoais ao diretor do Tribunal
Superior da Catalunha, nomeado por ele, para fazer o comunicado à polícia e à
Guarda Civil.
• Democracia? Não sabemos o que é! (2) A partir da determinação de Rajoy, prontamente
atendida pelo juiz do Tribunal Superior, todo o corpo policial autônomo da
Catalunha passa a estar sob o comando único do Ministério do Interior e vai ser
comandado pelo secretário de Estado de Segurança! Simples assim!
O resultado da medida “democrática” de Rajoy foi
imediato. Operação realizada na quarta-feira (20) terminou com 14 pessoas
presas por envolvimento com referendo independentista, o que provocou a reação
de milhares de pessoas que protestaram em frente à sede da Generalitat – sede
do poder legislativo catalão.
A concentração começou depois das prisões de pessoas
por suposta ligação com consulta popular sobre a independência da Catalunha a
ser realizado no dia 1º de outubro. O referendo foi suspenso no último dia 07
de setembro pelo Supremo Tribunal Constitucional Espanhol.
Os manifestantes começaram a se concentrar às 10h da
manhã após chamado da Assembleia Nacional Catalã (ACN) e de instituições
ligadas a independência da Catalunha.
Segundo o portal El Diário “uma multidão ocupa a Gran
Via de Barcelona e não para de chegar gente”. Os voluntários da ACN fizeram um
cordão em frente à sede da Generalitat para que os políticos independentistas
pudessem entrar e sair do edifício. A previsão é de que a manifestação dure por
todo o dia.
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