Com luta popular, a primavera sempre chega. Por Afrânio Silva Jardim

 
Protesto no Rio
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POR AFRÂNIO SILVA JARDIM, professor de Direito da Uerj
A TEMPESTADE SEMPRE PASSA. COM LUTA POPULAR, A PRIMAVERA SEMPRE CHEGA.
TALVEZ AINDA POSSAMOS TER ALGUM TIPO DE OTIMISMO, ATÉ POR QUE, SEM ELE, SEREMOS ETERNAMENTE DOMINADOS…
Se nos dermos conta das sangrentas guerras de conquista da antiguidade e levarmos em consideração as muitas atrocidades da nossa civilização na chamada Idade Média, bem como o extermínio dos índios nas Américas e escravidão dos africanos no século XIX, as duas grandes guerras mundiais e outros genocídios do século passado, somos forçados a constatar que a humanidade realmente tem melhorado, ainda que lentamente e de forma dialética e “espiral”.
O problema é que os corretos valores e boas ideias, que o processo civilizatório ainda assim conseguiu formular e divulgar, estão em absoluto descompasso com o lento e difícil caminhar da nossa sociedade.
As gerações sempre têm pressa, mas o curso da história é lento e tortuoso. Entretanto, o avanço é dialético e inevitável.
Devemos ter pressa mesmo e “empurrar os fatos para adiante”. Inspirados no verso do compositor Geraldo Vandré, quem sabe faz a “história”, não espera acontecer, não podemos nos acomodar. A rebeldia é sempre necessária para que venham as mudanças sociais.
Enfim, o mundo já foi pior e, por isso, poderá ser melhor. Sem otimismo e desbravamento não se avança. Não devemos fazer regredir os corretos valores, mas sim fazer avançar a nossa ainda triste realidade social.
Não importa que o nosso horizonte utópico sempre esteja distante, ele serve para que caminhemos sempre para frente, como disse o saudoso Eduardo Galeano. O otimismo é indispensável para o sucesso de qualquer tipo de revolução.
A justiça social deve ser sempre o nosso objetivo. Não podemos deixar de nos indignar com a miséria alheia. Não podemos deixar de nos indignar com crianças catando comida nos lixos e crianças morrendo por falta de recursos financeiros para tratamentos médicos.
A dor de uma mãe impotente para salvar um filho, por falta de condições econômicas, é algo absolutamente incalculável. É uma dor dilacerante e que muito justifica a nossa luta por uma sociedade menos injusta.
É possível uma sociedade fraterna e solidária, em que todos tenham condições objetivas e concretas para uma vida digna.
A “exploração do homem pelo homem”, algum dia cessará.
Em respeito e homenagem aos companheiros e camaradas que tombaram nesta luta por justiça, não temos o direito de aceitar, submissos e comodamente, este sistema econômico que proporciona verdadeiros genocídios nas camadas mais pobres de nossa sociedade.
Resumindo tudo em um só pensamento: O problema é que formulamos corretos valores em descompasso temporal com o lento evoluir de nosso processo social, sempre dificultado pelas forças conservadoras e reacionárias.
As ideias surgem em um determinado momento histórico, mas a sua aplicação prática é muito lenta.