Política
Eleições 2018
Mesmo ignorado por Trump, plano de Bolsonaro pró-EUA ameaça o Brasil
Não é só nos assuntos internos que há maus presságios: se a imagem do Brasil vai de mal a pior, a retórica bolsonarista tende a piorá-la
(Saul Loeb/AFP)
O capitão visita Taiwan e irrita a China comunista, e nem por isso seduz Trump, ao menos por ora
Favorito na reta final da eleição, Jair Bolsonaro é promessa de tempos difíceis para a maioria pobre do País, com o neoliberalismo radical de seu guru econômico, Paulo Guedes, e suas ideias violentas quanto ao trato da, digamos, ralé.
Mas não é só nos assuntos internos que há maus presságios para um governo do candidato da extrema-direita. Se a imagem do Brasil vai de mal a pior desde o impeachment mandraque de Dilma Rousseff, a retórica bolsonarista tende a piorá-la. A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, veja só, declarou recentemente que o deputado diz coisas “extremamente desagradáveis”.
Além da imagem, os planos do deputado ameaçam interesses econômicos e posições diplomáticas históricas do Brasil. No horizonte, briga com a China, com a ONU, com o mundo árabe... Uma cópia da agenda de Donald Trump, o ídolo americano que por ora insiste em desprezar o fã brasileiro.
Em outubro de 2017, Bolsonaro foi aos Estados Unidos para se vender aos endinheirados de lá, e queria ser recebido na Casa Branca. Sua primeira parada foi Miami e, logo ao chegar, gravou um vídeo e abriu o coração. “O Trump serve de exemplo para mim”, afirmou. “Sei da minha distância para o Trump, mas pretendo me aproximar dele para o bem do Brasil e dos Estados Unidos.”
Ali em Miami, a terceira maior comunidade brasileira na terra do Tio Sam, cerca de 250 mil pessoas, ele participou de um evento com conterrâneos e bateu continência para a bandeira ianque, aos gritos de U-S-A com a plateia. Tudo em vão. A Casa Branca não topou a audiência pretendida por ele.
No fim de fevereiro passado, Bolsonaro viajou à Ásia. Passou por Japão, Coreia do Sul e Taiwan. Neste último, encontrou-se com autoridades locais, a quem pediu apoio à sua candidatura. O país é uma ilha onde se refugiaram os direitistas chineses derrotados na Revolução Comunista de 1949. Até hoje a China considera Taiwan parte de seu território.
Devido ao inimigo comum, a ilha é aliada dos EUA. Segundo informações obtidas por CartaCapital em Washington, após a visita de Bolsonaro, o governo de Taiwan consultou a chancelaria americana, o Departamento de Estado, sobre o que fazer em relação ao brasileiro, e ouviu que não deveria fazer nada.
A China estrilou enquanto Bolsonaro rumava a Taiwan. Em 28 de fevereiro, a embaixada em Brasília mandou uma carta ao partido DEM “a manifestar a sua profunda preocupação e indignação” com a viagem, “que não só afronta a soberania e integridade territorial da China, como também causa eventuais turbulências na Parceria Estratégica Global Brasil-China”.
Depois disso, teve mais provocação de Bolsonaro. Em junho, ele disse diante de usineiros de cana, em São Paulo, que “a China está comprando o Brasil”. Em 9 de outubro, afirmou na Band que é contra privatizar a Eletrobras, geradora estatal de energia, mas topa vender distribuidoras. Com uma ressalva: “Quando você vai privatizar, você vai privatizar para qualquer capital do mundo? A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês?”
A China é o maior parceiro comercial brasileiro. De janeiro a setembro, as exportações para lá foram de 47 bilhões de dólares, 26% do total. Comparação: as vendas para Taiwan somaram 773 milhões.
Minério de ferro é um dos principais produtos comprados pelos chineses, daí que, na terça-feira 16, o presidente da mineradora Vale, Fábio Schvartsman, comentou publicamente, no Rio, que “não é bom para ninguém esse tipo de disputa” com os chineses.
“A expectativa é de que o (presidente) eleito receba informações a respeito do estado das relações e da complementaridade das relações entre a China e o Brasil.” No caso da Vale, ressaltou, “há dependência mútua”.
Trump está em guerra comercial com a China e despreza a América do Sul. Uma voz no Partido Republicano, o de Trump, que tem ocupado espaço em temas sul-americanos é a de um senador do estado da Flórida, Marco Rubio. Em Washington, comenta-se que Rubio é o principal influenciador do presidente em assuntos sul-americanos, embora a dupla não se dê lá muito bem. O clã Bolsonaro usa-o para tentar chegar em Trump.
Em agosto, Eduardo, um dos filhos do ex-capitão, foi aos EUA e reuniu-se com assessores de Rubio. Uma semana depois, um jornal digital em espanhol, o Los Angeles Press, fundado para defender direitos humanos por uma escritora e jornalista mexicana, Guadalupe Lizárraga, publicou um artigo a respeito de Bolsonaro e Rubio.
Segundo o jornalista e filósofo mexicano Luis Alberto Rodríguez, o senador americano “financia e apoia as aspirações do político carioca”. Waldir Ferraz, um homem de confiança do tipo “faz-tudo” do presidenciável do PSL, viajaria com frequência a Miami, a capital da Flórida, para “receber dinheiro e instruções de Rubio”.
O próprio candidato teria tido um encontro secreto com o senador em março, “quando eles almoçaram na casa de Rubio e ficaram conversando por quatro horas, em particular”. A pedido do anfitrião, não teria havido fotos e comentários públicos do almoço.
Marco Rubio nasceu em 1961, filho de cubanos que tinham deixado a ilha caribenha em 1956, três anos antes da Revolução de Fidel Castro. Sua irmã Barbara é casada com um traficante de drogas que cumpriu pena de mais de 20 anos de prisão, Orlando Cicilia, outro cubano de origem.
A captura de Cicilia e de uma quadrilha foi um dos maiores narcoescândalos de Miami na década dos 1980. Na acusação à Justiça, Cicilia foi descrito como alguém que “recebeu, possuiu, armazenou e distribuiu quantidades de cocaína para e em nome” da quadrilha.
Sua história foi ressuscitada pelo Washington Post no fim de 2015, época em que Rubio se preparava para disputar com Trump e mais dois concorrentes a vaga de candidato republicano à sucessão do democrata Barack Obama, em 2016.
A carreira política de Rubio começou no ano da soltura de Cicilia. Elegeu-se deputado estadual na Flórida em 2000. Em julho de 2002, enviou uma carta à Divisão de Imóveis do estado com um pedido: que o cunhado fosse aceito como corretor de imóveis oficial. Disse que o conhecia há 25 anos, sem mencionar parentesco.
O Post divulgou a carta na web. Para o jornal, a missiva “oferece um vislumbre de Rubio usando seu crescente poder político para ajudar seu problemático cunhado e fornece novos insights sobre como o jovem legislador entrelaçou suas vidas pessoais e políticas”.
Em outra reportagem, o jornal relatou que Cicilia e Barbara moram hoje na casa em que Rubio passou a infância. Que o senador se recusou a responder a perguntas. E que Cicilia o ajudou a achar um imóvel para montar seu QG de campanha ao Senado, em 2010.
Não faltam motivos para Rubio e Bolsonaro marcharem juntos. O senador também é do tipo xerife.
Em fevereiro, uma escola na cidade de Parkland, na Flórida, foi alvo de um dos dez maiores tiroteios da história recente nos EUA. Com um rifle AR-15, um ex-aluno matou 17 pessoas e feriu 14. Houve polêmica sobre proibir a venda de armas na Flórida, e Rubio ficou contra. A CNN lembrou que, ao disputar ao Senado, ele recebeu 9,9 mil dólares da Associação Nacional do Rifle. Seria bom para os negócios dos seus financiadores se o Brasil facilitasse o armamento popular, como quer Bolsonaro.
Rubio sataniza a Venezuela. Em agosto, defendeu uma intervenção militar para derrubar o governo de Nicolás Maduro, pois este “se tornou uma ameaça para a região e até mesmo para os Estados Unidos”. Em setembro, ele e mais dois senadores escreveram a Mike Pompeo, secretário de Estado americano, a cobrar que a Venezuela seja considerada "Estado patrocinador de terrorismo”.
Como o país é uma paranoia bolsonarista, não dá para descartar uma guerra por lá em um governo Bolsonaro. Guerra que o governo Temer foi pressionado a topar e não topou, por medo de uma explosão de refugiados venezuelanos em Roraima, diz uma fonte federal a CartaCapital.
Rubio é um dos maiores lobistas pró-Israel no Congresso americano. E, como no caso das armas, há grana por trás.
Em agosto, o Senado de lá aprovou uma lei proposta em março por ele e por um colega, Chris Coons, do Partido Democrata, para os EUA reforçarem o apoio à defesa de Israel. Repasse de 3 bilhões de dólares anuais até 2028, permissão para reservas do Fed, o Banco Central americano, serem usadas por Israel como garantia de empréstimos estrangeiros, facilitação da venda de armas para Israel em caso de conflito com o Irã, o Hamas e o Hezbollah, e por aí vai.
Em janeiro de 2017, Rubio havia proposto uma lei para proibir os EUA de financiarem organismos internacionais que o senador considera disseminadores de “antissemitismo”, como a ONU.
Empresários judeus poderosos financiam Rubio. Em outubro de 2015, o jornal online The Times of Israel, fundado em 2012 em Jerusalém, publicou que o bilionário do setor automobilístico Norman Braman, ex-presidente da Federação Judaica da Grande Miami, “não é apenas o maior patrocinador da campanha presidencial de Rubio”, como “também ajudou a financiar a agenda legislativa do jovem senador”, empregou Rubio como advogado e a esposa dele como assessora filantrópica, ajudou Rubio com suas finanças pessoais e viajou juntamente com ele para Israel em 2010, logo após o senador se eleger para o cargo atual.
Outro financiador de Rubio, segundo o jornal, é um magnata dos cassinos em Las Vegas, Sheldon Adelson. Dono de uma fortuna estimada em 30 bilhões de dólares, Adelson injetou entre 100 milhões e 150 milhões de dólares em candidatos do Partido Republicano na eleição de 2012. Em junho deste ano, o jornal britânico The Guardian descreveu Adelson como aquele que dá as cartas na política de Trump para o Oriente Médio.
Uma autoridade do governo Temer jura que Adelson colabora com a campanha de Bolsonaro, através de empresários judeus brasileiros. Meyer Negri, da empreiteira Tecnisa, José Isaac Peres, da rede de shoppings Multiplan, e Fabio Wajngarten, de uma empresa de pesquisas na web, são alguns dos que apoiam o ex-capitão. Wajngarten organizou um café da manhã de Bolsonaro com empresários em agosto, em São Paulo. Peres doou 30 mil à candidatura de Flavio Bolsonaro ao Senado pelo Rio.
Bolsonaro cultiva laços com Israel. Em 2016, foi para lá ser batizado no Rio Jordão. A declaração sobre o peso em “arrobas” dos “afrodescendentes”, que lhe custou uma acusação da PGR por racismo, foi dada no Clube Hebraica, no Rio, em 2017.
A convergência dos evangélicos do “bispo” Edir Macedo, apoiador de Bolsonaro, com o judaísmo ajuda o presidenciável. No início de 2018, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, esteve com o “bispo” no Templo de Salomão, a maior igreja do Brasil, sede da religião de Macedo.
Bolsonaro apoia a mudança da capital de Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, uma ideia antiga do sionismo encampada por Trump em dezembro de 2017. Na época, o deputado do PSL disse: “Eu quero mandar um abraço para o Trump pela sua decisão”.
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Os países árabes estão apavorados. Temem que um governo Bolsonaro mude a embaixada brasileira para Jerusalém e que isso leve outras nações sul-americanas a fazerem o mesmo.
Várias embaixadas árabes em Brasília tentaram falar com alguém do time bolsonarista nos últimos tempos, mas em vão. Elas sopram que haverá retaliação, como o fim da compra de carne brasileira. O recado, segundo a reportagem soube, chegou ao vice de Bolsonaro, o general Antonio Hamilton Mourão.
O Oriente Médio não é um mercado desprezível para o Brasil. As exportações para lá em 2017 foram de 11 bilhões de dólares em 2017 e de 10 bilhões até setembro.
A eventual mudança da embaixada brasileira em Israel não é o único motivo de irritação árabe. Bolsonaro planeja expulsar a embaixada da Palestina de Brasília, como disse em 7 de agosto: “A Palestina não sendo país, não teria embaixada aqui”.
O posto foi inaugurado em fevereiro de 2016, no governo Dilma Rousseff, em terreno doado em 2010, último da gestão Lula. Foi um passo a mais em posições diplomáticas históricas do Brasil, de reconhecer a Palestina como país e de apoio à solução de “dois Estados” para o conflito na região. Há mais tradições diplomáticas em risco.
O Brasil é líder mundial em temas ambientais, foi sede da Eco-92, no Rio, mas o ex-capitão planeja tirar o País de um acordo climático global, firmado em 2015 em Paris. Pensa seguir o mesmo caminho em relação ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
São atitudes copiadas do ídolo Trump. Os métodos eleitorais que levaram o magnata americano à Casa Branca também parecem copiados pelo bolsonarismo.
Em um ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista no domingo 14, havia uma bandeira verde e preta do “Kekistan”, um país imaginário inventado nos EUA. A bandeira, de traços nazistas, costuma dar as caras em manifestações da extrema-direita pró-Trump no Tio Sam.
Naquela viagem aos EUA em que procurou Marco Rubio, em agosto, Eduardo Bolsonaro esteve em Nova York com Steve Bannon, o principal estrategista da campanha trumpista de 2016.
Bannon era o cérebro das mensagens eleitorais de Trump, de teor reacionário, nacionalista e anti-establishment, difundidas também pelo bolsonarismo. Para as mensagens mais certeiras de Bannon, do ponto de vista psicológico, terem o máximo alcance eleitoral, houve métodos questionáveis by Cambridge Analytica (CA).
Esta empresa teve Bannon em seus quadros. Foi criada em 2014 pelo bilionário americano Robert Mercer, para ajudar políticos conservadores. Quem desenvolveu o modo de as mensagens certeiras de Bannon chegarem às pessoas mais suscetíveis a aceitá-las foi um desses jovens nerds do mundo digital, Cristopher Wylie.
Segundo Wylie, era preciso montar um perfil psicológico do eleitorado, e a melhor fonte para isso era o Facebook. Wylie sabia que na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, havia pesquisas psicossociais a partir do comportamento das pessoas no Facebook. Um dos pesquisadores, Alexander Kogan, topou criar um aplicativo de celular e pagar pessoas para testá-lo.
O aplicativo permitiu a Kogan “roubar” dados privados de cerca de 400 mil usuários do Facebook e, com base neles, montar um banco “psicológico” sobre 30 milhões de pessoas. Por meio de sua subsidiária SCL, a CA pagou 1 milhão de dólares a Kogan, através de uma firma dele, a GSR. Essa base de dados foi depois usada por Bannon na campanha de Trump.
Esses detalhes vieram à tona em março deste ano e levaram o Facebook, que jura que não sabia de nada, a ser investigado nos EUA. E no Brasil?
A CA aterrissou por aqui em 2017. Fez parceria com um publicitário baiano, André Torretta, da Ponte Estratégia, e daí nasceu a CA Ponte. Em entrevistas, Torretta dizia que teria de montar um banco de dados, pois não havia uma base brasileira criada a partir do Facebook. A equipe de Bolsonaro sondou a CA Ponte, mas Torretta era contra colaborar com ele.
Quando estourou o escândalo mundial da CA, em março passado, o Ministério Público abriu um inquérito sobre a CA Brasil e chamou Torretta para depor. O MP queria saber sobre o banco de dados da empresa. A investigação corre até hoje sob sigilo.
Em 25 de setembro, o Facebook anunciou mundialmente que havia sido hackeado. Em 12 de outubro, informou terem sido “roubados” os dados de 400 mil usuários e, a partir do “roubo”, os hackers conseguiram informações sobre 30 milhões de pessoas. Destas, metade teve os números de celular descobertos.
O Facebook diz que colabora com o FBI na investigação do caso, mas não quis informar à reportagem a nacionalidade das pessoas atingidas. Já se sabe que brasileiros foram vítimas. Foi uma ação bolsonarista?
Até 24 de setembro, Bolsonaro tinha 27%, 28% nas pesquisas, e Fernando Haddad, do PT, uma rejeição mais ou menos desse tamanho. A partir de 1o de outubro, Bolsonaro rompe a barreira dos 30% e a rejeição ao petista começa a subir.
Entre uma data e outra, houve os grandes atos #EleNão contra o ex-capitão, em 29 de setembro. Será que os dados roubados do Facebook ajudaram o bolsonarismo a disparar mensagens de celular difamatórias contra Haddad, fazendo alusão às causas feministas e lésbicas do #EleNão?
Em 4 de outubro, três dias antes do primeiro turno, uma empresa americana de cibersegurança, a FireEye, parceira do governo dos EUA na investigação de ameaças estrangeiras à segurança do Tio Sam, informou à Folha que havia hackers tentando interferir na eleição brasileira pelas redes sociais, através da manipulação de medos.
Pai de filhos jovens e antenados nas redes sociais, Bolsonaro jogou todas as fichas em campanha na internet. Em abril de 2017, abriu juntamente com os três filhos a empresa Bolsonaro Digital, sediada em um apartamento em Vila Isabel, no Rio.
Sua legião de seguidores nas redes sociais espanta muita gente do ramo. Na terça-feira 16, o Ministério Público Eleitoral informou que investiga a difusão de propaganda negativa na internet, o que é crime eleitoral.
Dois dias depois, a Folha noticiou que empresários pagam para difundir propaganda anti-PT pelo WhatsApp, com contratos de até 12 milhões de reais, o que também é crime, pois este ano está proibido o financiamento patronal de campanha.
Nos EUA, Trump venceu a eleição em 2016, mas hoje está cercado de investigações devido a certas coisas da sua campanha. Acontecerá o mesmo com seu tiete Bolsonaro, caso o deputado triunfe?
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