Lula,
um líder político sequestrado pela Lava Jato
Jeferson Miola
Lula não é apenas um preso
político. Lula é um líder político sequestrado; é um refém de transcendental
importância para a continuidade e o aprofundamento do
regime de exceção.
Lula foi caçado e sequestrado
por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e trancafiado no cativeiro da Lava Jato para
não estorvar a implantação do projeto de poder da extrema-direita no Brasil.
A farsa jurídica ampliada no
tribunal de exceção da Lava Jato [TRF4] em 24/1/2018 ficou conhecida como uma
das maiores atrocidades jurídicas contemporâneas.
O arbítrio contra Lula é
equiparável ao processo farsesco que condenou ilegalmente o oficial judeu do
exército francês Alfred Dreyfus no final do século 19. Aquela injustiça
fundamentou a obra As origens do totalitarismo, de Hannah Arendt, assim como os
trabalhos da pensadora alemã sobre antissemitismo e nazismo.
Dreyfus inspirou também o
manifesto "Eu acuso", a carta-denúncia ao presidente da França
publicada no jornal Aurora em janeiro de 1898, na qual Émile Zola pedia a
anulação da condenação ilegal de Dreyfus e uma investigação justa e limpa.
Uma vez depositado no
cativeiro da Lava Jato, Lula foi vendo progressivamente destituídos seus
direitos civis, políticos e, inclusive, os direitos que, como ser humano, ele é
portador.
Lula teve surrupiado o
direito de votar. Para evitar sua eleição tida como certa para presidente do
Brasil, o regime de exceção afrontou a ordem do Comitê de DH da ONU e
surrupiou-lhe, também, o direito de ser escolhido pela maioria do povo
brasileiro em outubro de 2018.
Cassaram a voz do Lula, a
liberdade de expressão e de livre manifestação para não deixarem ele se
comunicar com o povo e tampouco conceder entrevista à imprensa.
A inumanidade da Lava Jato
não tem limites. Além de proibir visitas de religiosos e decidir quais
defensores podem assisti-lo, o juízo de exceção impediu Lula de sepultar o
irmão Vavá. Uma crueldade bárbara e castigo inumano que nem a ditadura foi
capaz de impor a ele.
Em 1980, Lula teve permissão
para sair do cárcere político para velar e sepultar a mãe, a Dona Lindu. Esta
restrição cruel imposta ao Lula não é imposta à população carcerária do país.
Em 2018, dezenas de milhares de apenados do sistema penitenciário tiveram
autorização de saída em situações de óbito ou de doença grave de familiar.
A nova condenação farsesca
proferida neste 6 de fevereiro pela juíza substituta do Moro seguiu o roteiro
fascista da perseguição penal que levou à primeira condenação do Lula e ao
encarceramento ilegal dele em 7 de abril de 2018.
No afã de condenar Lula para
garantir sua celebrização na galeria de bestas-feras antes de passar a
titularidade da 13ª Vara Federal ao juiz que assumirá o posto nos próximos
dias, a jovem juíza Gabriela Hardt cometeu erros grosseiros, como [1] condenar Lula
por corrupção passiva sem que ele exercesse cargo público na época dos fatos;
[2] tratar Léo Pinheiro e José Aldemário como se fossem 2 pessoas diferentes,
quando na realidade as 2 designações se referem à mesma e única pessoa, o
empresário, criminoso confesso e delator José Aldemário Pinheiro Filho; e [3]
condenar Lula por corrupção na PETROBRAS num caso que não tem nenhuma conexão
com os desvios na estatal.
Lula está sendo processado em
pelo menos outros 6 processos fraudulentos montados pelos perseguidores da Lava
Jato. Cada processo é escandalosamente mais fraudulento que o outro. Um deles,
por exemplo, é relativo ao programa tecnológico dos caças Gripen, implementado
depois do seu mandato.
A Lava Jato tem medo do Lula.
Eles sabem que em liberdade, Lula exerce extraordinário poder político e
simbólico que pode desestabilizar o pacto de dominação oligárquica e o regime
de exceção. Por isso precisam manter Lula incomunicável e isolado no cativeiro.
Esta segunda condenação
confirma o padrão do arbítrio judicial contra Lula e mostra a clara tendência
de novas condenações ilegais nos demais processos, para empilhar décadas de
condenação que significarão a prisão perpétua do Lula.
O ódio da classe dominante
contra Lula alcançou o ápice. A burguesia já não esconde seu desejo de ver Lula
terminar seus dias no cativeiro.
A candidatura do Lula ao
Nobel da Paz, em vista desta realidade dramática, adquire especial relevância.
É preciso fazer da defesa do
Nobel ao Lula a plataforma duma campanha mundial de denúncia da sua condição de
líder político sequestrado e mantido no cativeiro da Lava Jato, onde a cada dia
vê seus direitos civis, políticos e direitos humanos destruídos.
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