ENTRE VISTAS
‘Quem mandou matar Marielle é a resposta que o Brasil deve à democracia’
“Quando esse corpo tomba e um movimento inteiro surge com esse corpo como um símbolo, isso fala muito sobre o mundo que a gente quer construir”, afirma Monica Benício. Entrevista vai ao ar nesta quinta
REPRODUÇÃO
“É uma luta que não pode perder fôlego, porque não é só da Monica viúva, mas de quem acredita em uma sociedade mais justa”
São Paulo – Quem mandou matar Marielle? Quase um ano e meio após o assassinato da vereadora do Psol no Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a pergunta ainda ecoa no Brasil e no mundo. Mais do que isso, como ressalta a arquiteta Monica Benício, viúva da vereadora executada em março de 2018: “É uma resposta que o Brasil deve à democracia. E a todas as pessoas que olham para a Marielle como inspiração de luta e querem a sociedade pela qual ela estava lutando para construir”.
Monica Benício é a convidada de Juca Kfouri no programa Entre Vistas, na TVT, que vai ao ar na noite desta quinta-feira (22), com apresentação do jornalista Juca Kfouri. Foram convidados também para entrevistar a ativista a jornalista e deputada estadual da bancada ativista na Assembleia Legislativa de São Paulo Monica Seixas, e o advogado Vitor Quarenta, que foi secretário-geral da União Estadual dos Estudantes.
Um dos pontos altos da entrevista ocorre quando Monica fala da força simbólica que Marielle adquiriu perante a luta não apenas das minorias por reconhecimento, como é o caso das pessoas LGBT, mas perante a luta da sociedade por justiça.
Confira o Entre Vistas a partir das 22h, na TVT
“Quando esse corpo tomba e um movimento inteiro surge com esse corpo como um símbolo, isso fala muito sobre o mundo que a gente está querendo construir. Diz muito também sobre o momento que a gente vive: uma vereadora executada no Rio de Janeiro às nove da noite. E a resposta a isso fala muito sobre a sociedade que a gente quer ter”, afirma a entrevistada, sem perder de vista a questão política que envolveu a execução da vereadora, mulher negra e periférica que inscreveu seu nome no espaço de poder no Rio de Janeiro ao se eleger para a Câmara Municipal.
“É uma luta que não pode perder fôlego, porque não é uma luta só da Monica viúva, mas da Monica defensora de direitos humanos que acredita em uma sociedade mais justa, mais igualitária”, afirma.
Juca Kfouri abre a entrevista com a pergunta inevitável. “Você faz uma ideia de quem mandou matar a Marielle?”, diz, levantando a bola para que a entrevistada possa colocar em evidência o trabalho de mobilização que tem sido conduzido para sensibilizar a opinião pública e as autoridades para a violência atroz contra a vereadora abatida covardemente em represália à sua ação política.
“Estamos em um país em que não precisa ter provas, basta ter convicção”, diz Monica com ironia, fazendo referência à histórica declaração do procurador Deltan Dallagnol ao acusar, sem mostrar provas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na operação Lava Jato. “Então, eu tenho as minhas convicções”, continua Monica, “mas essa é uma luta muito cara para mim e é uma luta em que eu não trabalho com especulação. Assim também espero que o estado brasileiro não me responda qualquer coisa a fim de encerrar esse inquérito, como em alguns momentos parecia que ia caminhar para isso. É uma luta com a qual eu tenho muito comprometimento e quero que ela seja encerrada com a verdade”.
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