segunda-feira, 26 de agosto de 2019

QUEIMA FILME Bolsonaro usa discurso de soberania para a Amazônia, mas se alinha aos interesses de Trump


QUEIMA FILME

Bolsonaro usa discurso de soberania para a Amazônia, mas se alinha aos interesses de Trump

"Tentam colocá-lo como herói nacional quando, na verdade, ele é o grande inimigo da nação à medida que privatiza setores importantes", afirma o cientista político Paulo Nicoli Ramirez
  11:45
Compartilhar:    
   
ANTONIO CRUZ/EBC
“É um governo que está direcionado aos interesses de Donald Trump”, avalia cientista político sobre incentivo à mineração, inclusive em terras indígenas, feito por Bolsonaro
São Paulo – Para o cientista político Paulo Nicoli Ramirez, o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira (23), anunciando medidas de combate às queimadas na Amazônia, soa contraditório. O professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) destaca “a maneira hipócrita e dissimulada” como Bolsonaro diz que a Amazônia pertence ao país, ao mesmo tempo em que pretende entregar ao menos 17 empresas brasileiras ao capital estrangeiro.
Em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, Ramirez recorda que o incentivo à exploraçãoestrangeira, inclusive da própria Amazônia, sempre foi reforçado pelo presidente, com um discurso voltado aos interesses dos Estados Unidos. Isso se evidencia, por exemplo, quando Bolsonaro justificou a escolha de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o cargo de embaixador nos EUA, dizendo que “a indicação de uma pessoa de sua confiança” atendia à “procura de parceria” para exploração de minérios, inclusive em terras indígenas.
“É um governo que está direcionado aos interesses de Donald Trump”, avalia Ramirez. “Tentam colocá-lo como herói nacional quando, na verdade, ele é o grande inimigo da nação à medida que privatiza setores importantes e de alguma maneira, embora ele diga que tenta proteger as riquezas da floresta nacional, ao mesmo tempo há o discurso de entrega dessas riquezas aos americanos, principalmente”.
Mesmo o anúncio de ações de combate aos incêndios na floresta amazônica, realizado nesta sexta, veio tarde, na análise do cientista político. Desde que diversos institutos de pesquisas começaram a divulgar dados sobre o aumento do desmatamento na região amazônica, o governo vinha até então procurando atacar os dados, falseá-los, culpar ONGs, para só após pressão social e internacional divulgar medidas de mitigação.

Ouça a entrevista completa


Nenhum comentário:

Postar um comentário