quarta-feira, 21 de setembro de 2016

EUA: polícia divulga vídeo que mostra oficial disparando contra homem negro desarmado


EUA: polícia divulga vídeo que mostra oficial disparando contra homem negro desarmado


Vídeo contradiz versão anterior da polícia de Tulsa, no Estado de Oklahoma, para morte de Terence Crutcher, que tinha as mãos para o alto e não portava armas
O departamento de polícia de Tulsa, no Estado de Oklahoma, divulgou nesta segunda-feira (19/09) um vídeo que mostra o momento em que uma oficial branca dispara contra Terence Crutcher, um homem negro de 40 anos, morto na última sexta-feira (16/09) durante uma abordagem policial. As imagens mostram que Crutcher estava desarmado e contrariam a versão apresentada anteriormente pela corporação de que ele não havia obedecido a ordem de manter as mãos para cima.
Segundo o jornal norte-americano USA Today, Crutcher teve problemas com sua caminhonete, que quebrou em meio a uma estrada na área arborizada da cidade. O departamento de polícia afirmou que os oficiais foram chamados para averiguar um veículo abandonado interrompendo a via.

Agência Efe

Imagem de vídeo mostra Crutcher com as mãos para o alto pouco antes de ser morto
Pelas imagens, gravadas desde um helicóptero e pela câmera do painel de uma das viaturas, é possível ver que Crutcher caminha com as mãos para o alto — desarmado — se afastando dos policiais, no sentido de seu carro. Ele é seguido pela oficial Betty Shelby, que aponta sua arma, junto de outros colegas, contra o homem.

No vídeo gravado desde o helicóptero da polícia é possível ouvir um oficial dizendo “aquele parece um cara do mal, ele pode estar drogado”.
Depois de alguns segundos, Terence Crutcher aparentemente se apoia em seu veículo, momento em que recebe pelo menos um tiro disparado por Shelby e cai no chão.
Crutcher morreu no hospital pouco depois.

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À imprensa, o chefe de polícia de Tulsa, Chuck Jordan, classificou o caso como "muito preocupante".
“Vou dizer para vocês agora que não havia nenhuma arma junto ao suspeito ou dentro de seu veículo (...) Vamos fazer a coisa certa, não encobriremos nada", afirmou ele na segunda, ao descrever o vídeo como "muito difícil de assistir".

Inicialmente, um porta-voz da polícia tinha afirmado que Crutcher havia se recusado a obedecer as ordens dos agentes, entre elas a de manter os braços para o alto.

Tanto Shelby como outro policial identificado como Tyler Turnbough foram suspensos — o procedimento habitual nestes casos —, até que a investigação da polícia de Tulsa sobre o caso seja concluída.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos já anunciou a abertura de uma investigação independente para apurar violações de direitos civis no caso.

O advogado da família, Damario Solomon-Simmons, qualificou o vídeo de "inquietante" e acusou a polícia de ter deixado Crutcher sangrando no chão.

A irmã gêmea do falecido, Tiffany, por sua vez, disse que sua família exige saber o que ocorreu na sexta-feira e se mostrou aborrecida pelo comentário no vídeo que descrevia seu irmão como um “cara do mal”.
"Estamos devastados, toda a família está devastada. Esse cara do mal era pai, esse cara do mal era filho, esse cara do mal estava matriculado na Universidade Comunitária de Tulsa para nos deixar orgulhosos, esse cara do mal amava Deus e cantava na igreja todo fim de semana", disse a irmã da vítima.

Organizações de direitos civis se pronunciaram exigindo a prisão imediata de Shelby sob a acusação de assassinato.

A morte de Crutcher ocorreu dois dias após a polícia da cidade de Columbus, em Ohio, matar Tyre King, um garoto negro de 13 anos que portava uma arma de brinquedo. As autoridades dizem que o assassinato ocorreu na quarta-feira (14/09), após King ter tirado uma arma de pressão do bolso ao ser enquadrado pela polícia em um beco.

Segundo a polícia, King era suspeito de um assalto e, de acordo com o prefeito de Columbus, Andrew Ginther, a arma que ele carregava era "quase idêntica" às armas dos oficiais da cidade. No sábado (17/09), o prefeito também disse que investigações estão sendo realizadas para averiguar o que ocorreu.

Os EUA têm debatido com mais intensidade o racismo institucional e a violência policial contra pessoas negras nos EUA desde agosto de 2014, quando Michael Brown, de 18 anos, foi morto pela polícia da cidade de Ferguson, no Estado de Missouri, enquanto estava desarmado. Desde então, os casos de violência de agentes brancos contra pessoas negras — especialmente as mortes de pessoas negras desarmadas nas mãos da polícia — têm vindo à tona, com protestos em todo o país contra o racismo e a impunidade policial.


*com Agência Efe

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