Em Assunção, regressando de uma longa viagem de trabalho, fui surpreendido pela notícia sobre Fidel Castro. Não posso dizer “sua morte”, tampouco “seu falecimento”… e menos ainda aceito a ideias de alguns comentaristas de que com ele termina a Guerra Fria… na América Latina.
Martin Almada*
M.A. Y F.C. 2005
“…trata-se de Cuba, onde um livro vale mais que um fuzil”
Fidel Castro passou a um outro nível e a força das ideias e a resistência contra o imperialismo ganhará nova vida e energia no contexto mundial que se vislumbra, para continuar trabalhando na segurança de que “outro mundo é possível” porque “o Condor continua voando”.
É fruto de conhecimento dos processos históricos e das memorias motivadoras. Foi assim com as lutas independentistas latino-americanas, com as ideias de Rousseau, Miranda e tantos outros; em Cuba, José Martí iluminou o caminho da Revolução Cubana. Assim também Fidel Castro, mais vivo que nunca nas ideias.
Uns tentam esquecê-lo, outros manchar sua imagem. Nestes dias se fala mais dele do que durante todo o tempo e aparecem suas obras imensas em educação, ciências e saúde que a própria ONU reconheceu oficialmente.
Pessoalmente reconheço sua enorme generosidade e decisão. Em La Habana, em 2 de junho de 2005, no Encontro Internacional contra o Terrorismo, pela Verdade e Justiça, com apoio da Rede de Intelectuais pela Defesa da Humanidade, terminada minha conferência ele me cumprimentou e pediu meu livro testemunho “Paraguay, la cárcel olvidada, el país exiliado”. Humildemente lhe entreguei uma cópia. Horas mais tarde, dispôs por sua edição e no dia seguinte o livro estava publicado com o prólogo da prestigiosa jornalista Stella Calloni e apresentado publicamente diante de um auditório de mais de duas mil pessoas. A edição foi distribuída em todas as universidades cubanas e sei que alguns estudantes paraguaios tiveram acesso a ele. Bom, trata-se de Cuba, onde um livro vale mais que um fuzil.
*Colaborador de Diálogos do Sul, de Assunção do Paraguai
Baixe gratuitamente o livro testemunho “Paraguay, la cárcel olvidada, el país e