quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Diário de uma ocupação nº 24 - Aumento da carga horária nas licenciaturas pelo país.

06/12/2016 16:02 - Copyleft

Diário de uma ocupação nº 24 - Aumento da carga horária nas licenciaturas pelo país.

Desanimar estudantes que queiram ser professores(as) é perder um contingente diversificado de experiências.


Equipe de Comunicação Internacional dos Estudantes do OCUPA IGC
reprodução
Em julho de 2015, o MEC - Ministério da Educação lançou uma resolução que logo geraria um dos maiores problemas para muitas universidades poderem discutir. Aumentar a carga horária para os cursos de licenciatura do nada, em meio a cortes de verbas nas universidades públicas desde 2014 e ainda, em cursos das faculdades e universidades particulares que já têm muitas vagas ociosas. Aumentar a carga horária gera mais despesas para as instituições, contratar mais professores, melhorar as instalações, preparar mudanças nos projetos pedagógicos de cada curso, reestruturar grades…
 
Cada licenciatura anda sofrendo com tantos problemas, muitos cursam estes cursos não para trabalhar na área, muitas vezes, e sim para ter um curso superior para realizar algum trabalho ou para tentar concurso. Não se formam muitos professores de verdade. Na área pública ainda, os baixos salários e a desvalorização dos cursos pelas instituições públicas, pais, estudantes e outros. O MEC acha que falta aos professores formados mais experiência de didática e que a maior parte dos problemas não é o professor e sim a dinâmica da escola e estudante que já não é a mesma há muito tempo. Culpar o professor pelos problemas das instituições de ensino é não enxergar o erro de cobrar mais presença das famílias, dar mais segurança nas instituições de ensino, fazer mais projetos de integração. O professor fica muito engessado numa sala de aula em muitos casos. 
 
Como atrair o estudante para a universidade e formar professores então? Complicada a situação do estudante que terá sua grade inchada, muitos deles estudantes do turno noturno que já tem pouco tempo para se dedicar aos estudos já que muitos trabalham durante o dia. Na UFMG, por exemplo, muitos cursos já tem grades básicas de 10 semestres para se formar numa licenciatura no turno noturno. Cinco anos para se tornar professor, isso se não tiver deslizes pelo caminho. Já não têm professores no mercado, então, porque não qualificar mais os estudantes na carga horária existente? Dá para se fazer muita coisa se quiserem, o MEC pode propor semanas de oficinas aos estudantes, marcar cursos gratuitos aos estudantes que queiram aprender mais nos fins de semana. Capacitá-los. E não inchar a carga horária em universidades públicas que talvez não comportem uma nova estruturação de aumento de demanda quando os cortes pedem que diminuam a demanda. Para onde então vai a educação neste país?
 
Somos um país que culpa o(a) professor(a) pelos erros do Estado e das famílias. Culpamos os(as) estudantes por saírem sem preparo didático, quando a cobrança desta mesma didática não acompanha os tempos modernos. Precisamos reconhecer o trabalho duro dos(as) professores(as) que não tem muitas regalias, pois eles têm de trabalhar mais para planejar uma aula e tentar transformar cada aula em uma aula mágica. 





 
Desanimar estudantes que queiram ser professores(as) é perder um contingente diversificado de experiências. Estruturar melhor o que já existe deveria ser a melhor maneira de melhorar o país e o ensino de cursos para a docência. 
 
Links importantes:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17719-res-cne-cp-002-03072015&category_slug=julho-2015-pdf&Itemid=30192
 


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