brucutu-compadre
no STF, coloca o tribunal sob suspeita
Fernando Brito
O Estadão publica hoje a estranha ironia
de que o ministro da Justiça de Michel Temer tenha, em sua tese de doutorado,
registrado sua visão de que era incompatível com a isenção do Supremo Tribunal
Federal a indicação de pessoas que ocupassem ministérios do presidente que
estiver em exercício.
Como se sabe, Alexandre de Moraes vem
sendo apontado como um dos possíveis indicados por Michel Temer para a vaga
aberta pela morte de Teori Zavascki, o que o tornaria mais um dos nem tão raros
“esqueçam o que escrevi” do PSDB.
Mas a indicação não é suspeita porque
Moraes seja ministro, simplesmente.
É que Moraes é da cota de quem virou
ministro por íntima ligação pessoal com Temer, tanto que, já nos dias
anteriores ao golpe, ele era o único – além dos operadores apontados nos
depoimentos da Odebrecht, Primo, Babel e Angorá – com presença garantidíssima
no governo.
Nem é preciso que aqui se diga os
mistérios que ligam ambos e que o mantiveram no cargo mesmo quando até o
Estadão dizia que ele era “insustentável” ali e que só o “compadrio com Temer o
garantia:
O maior problema é
a inaptidão de Alexandre de Moraes, cuja vocação para o exibicionismo não
combina com a discrição que o cargo de ministro da Justiça exige. Essa
inclinação já havia ficado clara quando Moraes transformou em espetáculo a
prisão de suspeitos de planejar atentados terroristas durante a Olimpíada,
amplificando a ameaça em vez de tranquilizar a sociedade.
Mas só se surpreende com Alexandre de
Moraes quem não o conhece.
O paulistano teve a oportunidade de
experimentar seu modo atabalhoado de trabalhar quando ele foi o
“supersecretário” do prefeito Gilberto Kassab, entre 2009 e 2010, acumulando
funções nos Transportes e nos Serviços.
Naquele período, anunciou decisões sem
comunicá-las ao chefe, teve de voltar atrás de medidas apressadas que
atrapalharam o trânsito e, em meio a enchentes causadas pelo acúmulo de lixo em
bueiros, disse que a cidade estava mais limpa do que nunca.
Só velhas relações de compadrio podem
explicar como o dono desse desastroso currículo virou ministro da Justiça.
A se confirmarem as notícias dos jornais
de hoje, explicarão também que vire ministro do Supremo.
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