Manifestações
contra Dona Marisa são típicas da escória
Os ataques à ex-primeira-dama Marisa
Letícia e manifestações de pessoas que “comemoraram” sua morte, ocorrida nesta
quinta (2) em São Paulo, são coisas típicas “de uma escória, de
uma ralé”. “A classe média alta é constituída por uma escória. As pessoas não
suportam a evolução de uma pessoa de origem modesta.” A opinião sobre as
manifestações recentes não só contra Dona Marisa Letícia, mas também dirigidas
ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é do jurista Celso Antônio Bandeira
de Mello.
Ele disse à RBA-Rede Brasil Atual estar
“muito pessimista” sobre o Brasil, “porque quando o Judiciário não vai bem,
nada vai bem”. A principal referência da atual situação do Judiciário é o juiz
Sérgio Moro, de acordo com Bandeira de Mello. “Existe um homem que faz o que
bem entende, que desrespeita a Constituição diariamente e ninguém faz nada. O
Supremo não faz nada. Aquele homem do Paraná, um juiz que não respeita a
Constituição.”
O jurista lembra um termo utilizado pelo
então relator da Lava-Jato, Teori Zavascki, morto em acidente de avião no dia
19 de janeiro, sobre o tratamento dado a presos pela operação Lava-Jato. “O
próprio ministro que morreu disse que era um tratamento medieval (aos presos)
que era dado lá.”
Em voto no qual foi acompanhado pela
maioria da Segunda Turma em 28 de abril de 2015, Teori concedeu habeas corpus a
nove acusados da Lava-Jato, para que respondessem em liberdade. No voto, Teori
argumentou que seria "extrema arbitrariedade" manter a prisão
preventiva considerando apenas a possível interferência da liberdade no
fechamento de um possível acordo de colaboração premiada. "Subterfúgio
dessa natureza, além de atentatório aos mais fundamentais direitos consagrados
na Constituição, constituiria medida medievalesca que cobriria de vergonha
qualquer sociedade civilizada", afirmou o ministro relator.
Para Bandeira de Mello, Moro “é um
suposto juiz”.
·
Como o senhor
comenta os ataques ao presidente Lula e a Dona Marisa Letícia, feito por pessoas
que chegam a comemorar a morte da ex-primeira-dama?
Evidentemente, são bandidos que fazem
isso. Pessoas que não têm sentimentos. Só assim para fazer um ataque à dona
Marisa. As pessoas não suportam a evolução de uma pessoa de origem modesta. É
isso. A classe média alta é constituída por uma escória, uma ralé. Pra mim, que
esse tipo de gente se manifeste dessa maneira é muito típico de uma escória, de
uma ralé.
Curioso que estamos num país cristão,
onde muitas pessoas que fazem isso se dizem cristãs...
Supostamente cristãs.
·
Como vê o caso de
Moreira Franco, nomeado ministro para, segundo a oposição, escapar da Lava-Jato,
caso semelhante ao de Lula, que foi impedido de ser ministro pela argumentação
de que seria uma manobra para ter foro privilegiado?
Bom, mas você sabe que uma coisa é
quando é para a direita, outra coisa é quando é para a esquerda. Não há nenhuma
imparcialidade. Então essas coisas acontecem.
·
O senhor está
otimista com o Brasil?
Não, muito pessimista.
·
Por quê?
Porque quando o Judiciário não vai bem,
nada vai bem. E eu acho que o Judiciário não vai bem. Existe um homem que faz o
que bem entende, que desrespeita a Constituição diariamente e ninguém faz nada.
O Supremo não faz nada. Aquele homem do Paraná, um juiz que não respeita a
Constituição. Se você olhar para a Constituição está dito que o prisioneiro tem
direito de ficar calado. Fica calado, aí continua preso. Então evidentemente
que não é respeitar o direito dele. O próprio ministro que morreu disse que era
um tratamento medieval que era dado lá. E era mesmo.
·
O senhor se
refere ao juiz Sérgio Moro?
Ao Moro, sem dúvida. É um suposto juiz,
não é?
·
Qual sua opinião
sobre o ministro Luiz Fachin ter ido da Primeira para a Segunda Turma do STF e
em seguida ter sido sorteado como relator da Lava-Jato?
Era uma opção. O Fachin tinha o direito
de optar e optou, e o sorteio caiu nele. Não vejo nenhum problema nisso. Ele
não é mau ministro, não. Já imaginou se tivesse caído com aquele homem do Mato
Grosso (Gilmar Mendes)? Aí é que seria uma desgraça.
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