REVISTA ÉPOCA ENTREVISTA
JOESLEY BATISTA
ÉPOCA –
Embora o presidente admita o encontro e discorde somente da interpretação do
que foi dito nele, há questionamentos sobre o áudio dessa conversa. Ele foi
editado ou adulterado de alguma forma?
Joesley – De
modo algum. Zero. Zero. Gravamos e entregamos. Podem fazer todas as perícias do
mundo. Tentam desqualificar o áudio por desespero. Agora, tenho plena
consciência de quão agressivo são os áudios para a cultura do brasileiro –
gravei também o Aécio e o Rocha Loures, não nos esqueçamos. Gravar uma pessoa
não é algo trivial. É duro, doído,
forte. Nunca havia gravado ninguém na minha vida. Esse processo deixa a gente
impactado. Mas a única coisa que me conforta nessa história de ter gravado é
que eu registrei o que eles falaram. Não botei palavra na boca de ninguém. É
diferente de dar um depoimento. Se mesmo com toda a robustez das provas nós já
estamos sendo perseguidos, imagine se fosse só o meu testemunho. Se isso fica
só da minha boca?
ÉPOCA –
Muitos se perguntam por que o senhor também não gravou o Lula. Não seria
importante para o país?
Joesley –
Porque eu nunca tive conversa não republicana com o Lula. Zero. Eu tinha com o
Guido. Conheci o Lula no fim de 2013.
ÉPOCA – O
senhor não era próximo do Lula quando ele era presidente?
Joesley –
Estive uma vez com o presidente Lula quando assumi o comando da empresa, em
2006. Pedi audiência oficial. Deve estar nos registros. Fui com meu pai
apresentar a empresa. Achei que seria importante me apresentar. Nunca mais vi o
Lula até o fim de 2013. Não precisou ter conversa. Meu contato era o Guido.
ÉPOCA – E
ele sempre resolvia?
Joesley –
Resolvia. Então pronto. Para que ter outro? Não estou protegendo ninguém, mas
só posso falar do que fiz e do que posso provar. Não estou entregando pessoas.
Entreguei provas aos procuradores. E o PT tinha o maior saldo de propina. O que
posso fazer se a interlocução era com o Guido? Aí inventam que a Blessed,
aquela empresa que temos nos Estados Unidos, seria do Lula, do Lulinha, de
político. É uma lenda urbana. Esse negócio de Lula ou filho de Lula é fruto de
um imaginário de alguém que quis nos prejudicar. E toda essa documentação da
Blessed está à disposição das autoridades. Encaminhamos. E vamos entregar mais
material. Estamos levantando mais fatos. Tivemos pouco tempo.
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