segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Diminui apoio a governos democráticos na América Latina em 2016, indica pesquisa


Diminui apoio a governos democráticos na América Latina em 2016, indica pesquisa


Levantamento mostrou que apenas 54% da população latino-americana apoia governos democráticos; país cuja população mais apoia democracia é Venezuela
De acordo com uma pesquisa da ONG Latinobarómetro, divulgada na sexta-feira (02/09), o apoio da população a governos democráticos na América Latina caiu em 2016 com relação a 2015. Este é o terceiro ano com menor índice de apoio à democracia na região: apenas 54% da população latino-americana.
A Latinobarómetro realiza um levantamento anual em que mede o quanto a população de cada país da América Latina apoia a democracia. Apenas neste ano, o grupo realizou 20.204 entrevistas nos 18 países da região entre maio e junho para compor sua pesquisa.

Maurício Muñoz/Presidência da República

Líderes da América Latina: Nicolás Maduro (Venezuela), Tabaré Vázquez (Uruguai), Rafael Correa (Equador) e Juan Manuel Santos (Colômbia)
Além de mostrar que apenas 54% da população latino-americana apoia governos democráticos, a pesquisa ainda indicou que 23% é indiferente ao tipo de regime e que 15% da população apoia regimes autoritários.
Segundo a Latinobarómetro, os três países que mais apóiam a democracia são a Venezuela (77% de sua população), Argentina (71%) e Uruguai (68%).

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No Brasil, somente 32% da população está de acordo com um governo democrático, de modo que é o segundo país que mais rejeita a democracia, estando apenas atrás da Guatemala por um ponto percentual.
O Brasil também registrou a maior queda de apoio entre 2015 e 2016: 22 pontos percentuais. Isto é, em 2015, 54% da população apoiava um governo democrático.
Os outros quatro países que sofreram quedas bruscas com relação a 2015 foram o Chile, onde caíram 11 pontos; a Venezuela, 7 pontos; a Nicáragua, também 7 pontos, e El Salvador, com uma queda de 5 pontos.
De acordo com a ONG, há uma relação “inegável” entre os ciclos econômicos dos países analisados e a “queda da democracia”, visto que o andamento da economia impacta a política e as “expectativas da população”. Isso pode explicar a diminuição do apoio a governos democráticos neste ano, já que estima-se que a América Latina tenha uma taxa de crescimento de -0,8%, segundo a CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).
Porém, diz a organização, “o passado não parece se repetir”, em referência ao período de ditaduras militares e regimes autoritários em diversos países latino-americanos.
“A América Latina está claramente em um território novo. Temos evidência de tempos novos que desafiam as instituições nacionais e multilaterais”, afirmou a Latinobarómetro na pesquisa.
“Sem guerras, a América Latina acusa a violência, corrupção e desigualdade como os fenômenos mais potentes que retém a democracia”, disse.

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