18/04/2016 00:00 - Copyleft
Laurindo Lalo Leal Filho - Publicado na Revista do Brasil, edição de abril de 2016Notícias do Brasil: quando as fontes de informação estão lá fora
Com censura imposta pelas famílias que controlam os meios de comunicação, temos que recorrer à mídia internacional para saber o que se passa por aqui.
Quem diria que um dia ainda voltaríamos a recorrer à mídia internacional para saber o que acontece no Brasil.
Era assim, durante a última ditadura, especialmente depois da promulgação do AI-5, em 1968.
Diante da censura do Estado sobre os meios de comunicação só restavam aos brasileiros, para se informar, os veículos produzidos no exterior: jornais, revistas e principalmente o rádio em ondas curtas.
Faziam sucesso a BBC de Londres, a Voz da América e a Rádio Central de Moscou.
Em meio a guerra fria, um seringueiro no Acre, chamado Chico Mendes dizia que durante a ditadura ouvia a Voz da América saudar o golpe de Estado como uma vitória da democracia e a Central de Moscou denunciar prisões de políticos e sindicalistas.
Foi a BBC que anunciou, antes de qualquer emissora brasileira, o derrame sofrido pelo ditador Costa e Silva e sua substituição por uma Junta Militar em 31 de agosto de 1969.
Era domingo, jogavam no Maracanã diante de 183 mil pessoas as seleções do Brasil e do Paraguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
As emissoras brasileiras só foram dar a nota oficial do governo, informando da troca de comando da ditadura, quando o jogo terminou (vitória do Brasil por um a zero), bem depois da BBC.
A emissora britânica denunciava a prática sistemática de tortura e os assassinatos que vinham sendo cometidos a mando dos militares.
Temas tabu, silenciados pela censura interna, como a guerrilha do Araguaia, eram notícia na BBC, assim como a passagem por Londres de personalidades que se opunham ao regime militar, como a arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara.
Enquanto parte da mídia brasileira, tendo as organizações Globo à frente, seguia louvando o regime de força, a BBC informava ao Brasil que o ditador de plantão Ernesto Geisel havia sido hostilizado nas ruas de Londres, durante visita oficial ao Reino Unido.
Tudo isso ocorreu há quase 50 anos, num momento de forte repressão política, sem as mínimas garantias individuais.
Hoje, mesmo num ambiente de maior liberdade, vivemos no campo da informação situação semelhante.
Para sabermos, com clareza, o que se passa por aqui temos que recorrer a mídia internacional.
Não por imposição do Estado mas pela censura imposta aos veículos de comunicação pelas famílias que os controlam.
Outra vez é a BBC, não mais pelo rádio, mas agora através da internet, que dá um panorama equilibrado da situação no Brasil.
Enquanto a mídia brasileira se alinha como um batalhão militar a favor do golpe, sem mencionar essa palavra, a emissora britânica faz ampla reportagem mostrando a presidenta como vítima de um julgamento sumário, “movido pelo interesse do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha de esconder seus próprios malfeitos e de uma oposição que fecha os olhos para o devido processo legal”.
O jornal El Pais, da Espanha, que já teve posições menos conservadoras, consegue ainda assim cobrir a situação brasileira de forma muito mais precisa do que a mídia nacional.
Por aqui campeia o pensamento único muito bem exemplificado pelo jornalista Gleen Greenwald, repórter do The Guardian, que não teve dúvidas: denunciou o golpe em andamento e traçou um paralelo imaginário com a realidade dos Estados Unidos.
Disse ele: “Considere o papel da Fox News na promoção dos protestos do Tea Party.
Agora, imagine o que esses protestos seriam se não fosse apenas a Fox, mas também a ABC, NBC, CBS, a revista Time, o New York Times e o Huffington Post, todos apoiando o movimento do Tea Party”.
Aquilo que é inimaginável na pátria do liberalismo é a dura realidade brasileira.
Uma voz única, capitaneada pela TV Globo e pela Globonews, insufla a população a ir às ruas defender o golpe de Estado.
A melhor síntese desse alinhamento foi a frase dita, ao vivo, por uma repórter em meio a manifestação golpista: “são muitas as famílias chegando, todas unidas por um mesmo ideal”.
Que ideal era esse, ela não teve coragem de dizer.
Era assim, durante a última ditadura, especialmente depois da promulgação do AI-5, em 1968.
Diante da censura do Estado sobre os meios de comunicação só restavam aos brasileiros, para se informar, os veículos produzidos no exterior: jornais, revistas e principalmente o rádio em ondas curtas.
Faziam sucesso a BBC de Londres, a Voz da América e a Rádio Central de Moscou.
Em meio a guerra fria, um seringueiro no Acre, chamado Chico Mendes dizia que durante a ditadura ouvia a Voz da América saudar o golpe de Estado como uma vitória da democracia e a Central de Moscou denunciar prisões de políticos e sindicalistas.
Foi a BBC que anunciou, antes de qualquer emissora brasileira, o derrame sofrido pelo ditador Costa e Silva e sua substituição por uma Junta Militar em 31 de agosto de 1969.
Era domingo, jogavam no Maracanã diante de 183 mil pessoas as seleções do Brasil e do Paraguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
As emissoras brasileiras só foram dar a nota oficial do governo, informando da troca de comando da ditadura, quando o jogo terminou (vitória do Brasil por um a zero), bem depois da BBC.
A emissora britânica denunciava a prática sistemática de tortura e os assassinatos que vinham sendo cometidos a mando dos militares.
Temas tabu, silenciados pela censura interna, como a guerrilha do Araguaia, eram notícia na BBC, assim como a passagem por Londres de personalidades que se opunham ao regime militar, como a arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara.
Enquanto parte da mídia brasileira, tendo as organizações Globo à frente, seguia louvando o regime de força, a BBC informava ao Brasil que o ditador de plantão Ernesto Geisel havia sido hostilizado nas ruas de Londres, durante visita oficial ao Reino Unido.
Tudo isso ocorreu há quase 50 anos, num momento de forte repressão política, sem as mínimas garantias individuais.
Hoje, mesmo num ambiente de maior liberdade, vivemos no campo da informação situação semelhante.
Para sabermos, com clareza, o que se passa por aqui temos que recorrer a mídia internacional.
Não por imposição do Estado mas pela censura imposta aos veículos de comunicação pelas famílias que os controlam.
Outra vez é a BBC, não mais pelo rádio, mas agora através da internet, que dá um panorama equilibrado da situação no Brasil.
Enquanto a mídia brasileira se alinha como um batalhão militar a favor do golpe, sem mencionar essa palavra, a emissora britânica faz ampla reportagem mostrando a presidenta como vítima de um julgamento sumário, “movido pelo interesse do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha de esconder seus próprios malfeitos e de uma oposição que fecha os olhos para o devido processo legal”.
O jornal El Pais, da Espanha, que já teve posições menos conservadoras, consegue ainda assim cobrir a situação brasileira de forma muito mais precisa do que a mídia nacional.
Por aqui campeia o pensamento único muito bem exemplificado pelo jornalista Gleen Greenwald, repórter do The Guardian, que não teve dúvidas: denunciou o golpe em andamento e traçou um paralelo imaginário com a realidade dos Estados Unidos.
Disse ele: “Considere o papel da Fox News na promoção dos protestos do Tea Party.
Agora, imagine o que esses protestos seriam se não fosse apenas a Fox, mas também a ABC, NBC, CBS, a revista Time, o New York Times e o Huffington Post, todos apoiando o movimento do Tea Party”.
Aquilo que é inimaginável na pátria do liberalismo é a dura realidade brasileira.
Uma voz única, capitaneada pela TV Globo e pela Globonews, insufla a população a ir às ruas defender o golpe de Estado.
A melhor síntese desse alinhamento foi a frase dita, ao vivo, por uma repórter em meio a manifestação golpista: “são muitas as famílias chegando, todas unidas por um mesmo ideal”.
Que ideal era esse, ela não teve coragem de dizer.
Créditos da foto: reprodução
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