segunda-feira, 5 de setembro de 2016

'Um golpe delinquente no Brasil', diz jornal peruano; imprensa do país critica impeachment de Dilma


'Um golpe delinquente no Brasil', diz jornal peruano; imprensa do país critica impeachment de Dilma


Para o jornal La República, chama atenção silêncio do governo peruano, especialmente de chancelaria do país, sobre afastamento definitivo de ex-mandatária
Diversos veículos de imprensa do Peru condenaram o impeachment de Dilma Rousseff na última semana e criticaram o governo de Pedro Pablo Kuczynski por não se manifestar contra a destituição da ex-mandatária brasileira, em um processo qualificado como “golpe de Estado”.
Em editorial publicado no domingo (04/09) com o título “É um golpe”, o jornal La Repúblicaafirma que o impeachment de Dilma Rousseff “constitui um golpe de Estado que a comunidade internacional deve apontar com firmeza”.
Pedro França/ Agência Senado

Senado brasileiro durante julgamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff
De acordo com a publicação, o afastamento definitivo de Dilma foi “obra de um conjunto de forças corruptas e desesperadas”, e seu processo de impeachment “violou”, desde o início, “os elementos básicos de um processo justo e democrático, especialmente a formulação da denúncia, um pedido sem pé nem cabeça que a comunidade jurídica desse país e da América Latina consideram antijurídica e carente de sustento”.
Além disso, cita que 25 dos 61 senadores que votaram a favor do impeachment estão envolvidos em acusações de crimes de corrupção, e que, “no cúmulo do cinismo”, o “usurpador" Michel Temer também é acusado de receber propina.
O texto diz também que “chama a atenção o silêncio do governo peruano, especialmente de nossa chancelaria”. Segundo o editorial, o governo de Pedro Pablo Kuczynski poderia ao menos manifestar-se contra a destituição da ex-presidente brasileira e ”chamar, como corresponde, o respeito à legalidade”.
Agência Efe

Presidente do Peru, Pedro Paulo Kuczynski 
Em sua coluna na sexta-feira (02/09), o diretor do diário Uno, Edmundo Dante Lévano La Rosa, qualificou o impeachment de Dilma como “um golpe delinquente no Brasil”.
“O golpe de Estado contra a [agora ex] presidente do Brasil, Dilma Rousseff é obra de um bando de delinquentes que manipulam legisladores a serviço da oligarquia e o imperialismo ianque”.
Além de Michel Temer, o artigo cita o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o chanceler José Serra, “que se beneficiaram da manobra iniciada por Eduardo Cunha, então presidente do Congresso, em dezembro de 2015”.
 

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O texto faz também uma crítica à concentração dos meios de comunicação no Brasil, “onde cinco famílias são donas de todos os jornais, televisões, rádios e revistas do país, e no qual a esquerda poderosa durante anos não construiu uma réplica midiática”.
O artigo diz que o Partido dos Trabalhadores se diferenciou por seu crescimento produtivo e geração de emprego, “mas cometeu um crime horrendo aos olhos de Washington e à reação latino-americana: defendeu a unidade, a soberania e o desenvolvimento independente de nossa América”.
Já um artigo assinado por Santiago Pedraglio no jornal Perú 21 nesta segunda-feira (05/09) afirma que Dilma Rousseff não foi acusada e nem mesmo destituída por causa de crimes de corrupção, e sim em razão das chamadas pedaladas fiscais, que nem ao menos tem pena de reclusão.
“Por isso, inclusive havendo uma margem legal, a decisão foi tão desproporcional que, mais do que um conteúdo constitucional, tem um indefectível selo político”.
O contrário acontece, segundo a coluna, com os acusadores de Dilma, os quais foram indiciados por crimes de corrupção, dentre os quais Eduardo Cunha e Renan Calheiros, integrantes do PMDB, partido de Michel Temer.

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