Petras Malukas
Os estrategistas do exército dos EUA
acreditam que nos próximos cinco anos pode ocorrer um confronto com um
adversário "praticamente equivalente". Sobre "adversário"
eles entendem a Rússia, que está desenvolvendo as suas Forças Armadas de forma
muito ativa, escreve analista em um artigo para a revista Forbes.
O autor do artigo, diretor executivo do
Instituto Lexington, Loren Thompson, preconiza que uma guerra hipotética com a
Rússia será baseada no avanço muito rápido de tropas terrestres por todo um
vasto espaço. A derrota em tal conflito mudará drasticamente o equilíbrio
geopolítico na Europa e reduzirá a influência dos EUA, tornando-a mínima desde
o início da Segunda Guerra Mundial.
De momento, a derrota é o resultado mais
provável. Estes fatores levam o autor à ideia de que o exército
norte-americano, provavelmente perderá uma "guerra na Europa". Loren
Thompson formula cinco argumentos em favor da sua tese.
1. Falhas dos líderes
A previsão decepcionante para a América
do Norte está ligada a vários fatores: erros estratégicos dos presidentes
anteriores George Bush e Barack Obama e a falta de financiamento das Forças
Armadas. De acordo com o analista, o erro de Bush está relacionado com a
retirada da Europa de duas brigadas pesadas americanas, e o erro de Obama é ter
apostado na região Ásia-Pacífico, cuja consequência foi a redução da presença
militar dos EUA no Velho Mundo.
2. Falta de
financiamento
Loren Thompson lamenta que o exército
dos EUA não receba financiamento adequado, especialmente se compararmos o
programa de modernização com o da Rússia. As Forças Armadas norte-americanas
recebem anualmente do governo federal US$ 22 bilhões para compra de armas,
enquanto a Rússia lançou um programa de rearmamento com um orçamento de US$ 700
bilhões, cuja maior parte irá para equipar as tropas terrestres e a aviação.
3. Vantagem
geográfica
A Rússia tem a vantagem geográfica. Os
combates ocorrerão nos territórios do Leste da Europa, que estão mais longe dos
principais pontos de desembarque do contingente americano na Europa. Além
disso, esta parte do Velho Mundo é banhada por mares aos quais se pode ter
acesso apenas através de estreitos que a Rússia poderá controlar facilmente.
Além disso, o exército dos EUA não está lamentavelmente preparado para tal
conflito, acrescenta Thompson. Na Europa, os EUA mantêm apenas duas brigadas
permanentes, uma unidade ligeira de desembarque e um regimento equipado com
Strykers blindados. Se não tiver reforços, a Rússia simplesmente desbaratará
essas tropas, observa o colunista da Forbes. A geografia da região também
pressupõe que a maior parte das forças navais e de outros meios dos EUA ficará
impedida de entrar no teatro de operações. A Rússia tem bases militares na
região de Kaliningrado, no Báltico, e em Sevastopol, no Mar Negro, o que torna
perigosa a entrada da marinha americana nas áreas adjacentes. A Força Aérea dos
EUA, por sua vez, pode ser excluída da zona de conflito com ajuda da defesa antiaérea
russa.
4. Há coisas em
que EUA não podem competir
Recentemente, a Casa Branca tomou a
decisão de colocar uma terceira brigada rotativa na Europa. Junto com isso, foi
decidido enviar milhares de soldados para a Polônia e para cada um dos países
Bálticos. No entanto, isso não os livrará de todos os problemas. Após 15 anos
de luta contra adversários como o Talibã, o exército dos EUA ainda é
vulnerável. Isso se verifica nos meios de defesa antiaérea, guerra eletrônica,
armas de alta precisão e proteção insuficiente dos equipamentos. Nestes aspetos
o exército dos EUA não pode competir com as forças russas, conclui Thompson.
5. Aliados de
pouca confiança
Outra circunstância que pode piorar a
posição do exército americano em um hipotético conflito com a Rússia são os
aliados hesitantes da OTAN, se destaca no artigo. As tropas da OTAN têm
superioridade de número sobre a Rússia. No entanto, ainda não está claro se os
parceiros da aliança alinharão em um conflito no território dos países Bálticos
ou na Ucrânia, que a propósito não integra a aliança. A maioria das pesquisas
de opinião pública mostra a falta de vontade dos europeus ocidentais de
defender seus vizinhos do Leste. As posições da aliança também se debilitarão
se Washington escolher táticas defensivas e desistir de atacar as bases
militares ou unidades no território da Rússia. Iniciar uma ofensiva será
difícil, tal conflito pode levar à utilização de armas nucleares por Moscou e
nenhuma das capitais europeias está disposta a atrair um ataque nuclear sobre
si, conclui o especialista.
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