DELATAR É A ÚNICA SAÍDA
Kennedy Alencar
Por uma série de razões, fazer delação
premiada é a única saída para Eduardo Cunha. O ex-presidente da Câmara é o
político mais importante preso até agora pela Operação Lava-Jato.
Quando o ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu foi preso, o petista já estava numa espécie de ostracismo político e
cumprindo pena pelo escândalo do mensalão. Apesar de ter sido cassado, Cunha
teve muito poder até recentemente. Neste ano, ele foi o principal ator do
processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Ao contrário de
Dirceu, estava livre, leve e solto.
Cunha foi o principal operador de
esquemas de corrupção no PMDB. Há um conjunto de acusações contra ele nesse
sentido. Atuou como corrupto, cobrando propina, mas também exerceu o papel de
corruptor, repassando recursos a políticos para que se comprometessem com suas
prioridades no submundo de Brasília.
As grandes empresas bajulavam Cunha. A
imprensa o reverenciou.
O peemedebista é um personagem que detém
enormes segredos. Como responde a um caminhão de acusações, só a delação
premiada poderia evitar uma condenação com longa pena em prisão fechada. Também
seria a forma de proteger familiares, algo que o preocupava bastante.
Na Procuradoria Geral da República, havia
comentários desde 2015 dando conta de que existiam razões suficientes para
prender Cunha. Mas o posto de presidente da Câmara o protegeu e permitiu que
tivesse ação decisiva na queda de Dilma.
A prisão de Cunha é a primeira onda de
um tsunami da Lava-Jato que deverá atingir peemedebistas e tucanos. Tem
potencial explosivo parecido com o conjunto de revelações que executivos da
Odebrecht já começaram a fazer e ainda farão.
O peemedebista é uma ameaça concreta à
sobrevivência do governo Temer devido ao conhecimento profundo de bastidores
sobre figuras centrais da atual administração. Por último, a prisão ajuda o
juiz Sergio Moro e o Ministério Público a rebaterem a crítica de que há seletividade
contra o PT na Lava-Jato.
Diante de todo esse cenário, a delação
premiada de Eduardo Cunha tende a ser uma questão de tempo.
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