No mesmo dia em que veio à tona delação
da Odebrecht afirmando doação de R$ 30 milhões via caixa dois para chapa que
elegeu Michel Temer em 2014, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
ministro Gilmar Mendes, relativizou a prática. Para Gilmar, que vai julgar ação
no TSE que pode cassar Temer, o caixa dois não significa necessariamente
propina ou corrupção. Para o ministro, é preciso saber a origem do dinheiro do
caixa dois no âmbito do processo contra a chapa Dilma-Temer.
As informações são do Estado de S.Paulo.
“O caixa 2 não revela per se (em si
mesmo) a corrupção, então temos de tomar todo esse cuidado. A simples doação
por caixa dois não significa a priori propina ou corrupção, assim como a
simples doação supostamente legal não significa algo regular”, disse Gilmar,
ressaltando que a operação Lava Jato desvendou um esquema em que pagamento de
propina era disfarçado como doação legal para campanhas de candidatos.
Segundo ele, a corte deverá apurar se as
suspeitas de caixa 2 na chapa da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e do
presidente Michel Temer (PMDB) configuram abuso de poder econômico. Responsável
por definir a pauta de cada sessão do TSE, o ministro levantou a possibilidade
de o processo que pode levar à cassação da chapa ficar para depois do primeiro
semestre do ano que vem.
“É um processo extremamente complexo que
a toda hora muda de configuração. Agora, se fala em caixa 2 com muita ênfase,
com atribuição a pagamentos. Isso vai crescendo numa dimensão que não era do
nosso conhecimento, mas não vejo com aflição. O ideal era que pudéssemos julgar
hoje, mas se não tivermos condições, vamos fazer no momento oportuno, sem
nenhum estresse”, completou.
Para o presidente do TSE, o processo
terá o mérito de revelar como as campanhas presidenciais eram feitas até aqui.
“Não se trata de cassar presidente, mas de saber como foi feita a campanha. Só
isso terá mérito significativo, saber como as campanhas se faziam até aqui.
Espero que elas não repitam mais esse modo”, comentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário