O que significa Caiado por diretas em
2017?
Fernando Brito
O que significa a proposta lançada hoje
por Ronaldo Caiado, em entrevista ao Estadão, de convocar antecipadamente
eleições gerais para 2017?
Pulemos,claro, pela origem, qualquer
arroubo democrático partido do ex-líder da UDR.
É, antes de tudo, a reação à cada vez
mais evidente da absorção do Governo Michel Temer – que se acentua à medida em
que seu esquema próprio de articuladores vai se dissolvendo pelas falcatruas –
pelo PSDB.
Que, aliás, cria rachaduras até no
próprio tucanato, como se vê na reação de Geraldo Alckmin, jogado fora do ninho
pela aliança FHC-Aécio-Serra-Temer.
É, também, como se lê nas suas
declarações, um sinal da perda de esperanças em que este Governo vá conseguir
algum sucesso do enfrentamento da crise econômica:
É preciso antecipar o processo
eleitoral. Não adianta apenas conter gastos. Não sou contra o presidente, mas é
hora de pensarmos em alguém que, ganhando as eleições, promova melhorias. Não
adianta repetir erros do governo cassado de Dilma Rousseff.
Caiado reconhece a falta de legitimidade
e de respeitabilidade do governo e do parlamento:
(…)diante de uma crise concreta, onde
falta apoio popular, não dá para querer insistir com a continuidade do
governo.(…) O poder está nocauteado com tantas denúncias e escândalos. Não há
democracia que sobreviva a políticos sem espírito público.
O movimento de Caiado pode indicar o
início de uma costura que o leve a compor chapa com o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin.
Fecha a porteira para Aécio em São Paulo
e se expande para as zonas de influência do agronegócio: os dois Mato Grosso,
Goiás, Paraná e Oeste de Minas, bom boas beliscadas onde houver economia
agrícola de grande escala.
Quando a eleição começa a ganhar a rua,
os candidatos começam a se mostrar.
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