quinta-feira, 11 de maio de 2017

O DEPOIMENTO DE LULA NA LAVA-JATO

O depoimento de Lula na Lava-Jato
Luís Nassif


Estão conseguindo criar um herói, é impressionante a falta de visão estratégica dos coordenadores da Lava-Jato, incluindo juízes e procuradores.

O dia 10 de maio poderá ser marcado pelo renascimento do mito Lula.

O ex-presidente chegou a Curitiba, recebido por uma multidão de pessoas, apaixonadas, montando uma cena consagradora nas ruas da cidade.

Em contraposição, no depoimento, o que se viu foi a verdadeira dimensão dos juízes e procuradores.

De um lado, uma pessoa que se tornou, durante certo período, o estadista mais festejado do mundo, por incluir milhões de pessoas na linha do consumo, sendo comparado a vários heróis pacifistas.

E, de repente, por conta da perseguição política, perde a mulher, Marisa Letícia, por complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral, visivelmente abatida pelas pressões que vinha sofrendo nos últimos anos

O quadro é de uma pessoa - Lula - que saiu consagrada do governo, sendo criminalizada durante os últimos dois anos e meio, sem uma única prova das acusações às quais foi submetida.

A Lava-Jato entra, portanto, na mesma armadilha do PSDB: a mídia dá o endosso a uma denúncia, conferindo um poder muito grande de início, mas a falta de inteligência estratégica, tanto dos partidos que fizeram oposição aos governos petistas, quanto da Lava-Jato, os levaram a seguir na onda da mídia, e a única coisa que a imprensa sabe fazer é destruir adversários.

Em nenhum momento da história a mídia foi capaz de construir a reputação de pessoas de peso.

O papel da mídia é, meramente, destrutivo. Exemplo é o PSDB, que até anos 1990, tinha formuladores, pessoas que tentaram pensar linhas desenvolvimentistas para o país, que ficou à reboque por se aliar às estratégias da imprensa.

A Lava-Jato segue o mesmo caminho, tendo em vista a imaturidade, já apresentada por representantes da operação, achando que tinham ganhado uma dimensão pública como salvadores da pátria.

Na verdade, viraram somente mais personagens da mídia.

Essa é a elite do Ministério Público? Obviamente que não.

O depoimento de Lula mostra que são personagens de dimensão menor, que jogaram perguntas genéricas, como pegadinhas, sem trazer nenhuma comprovação de que, como agentes da Lava-Jato, tivessem material tangível para encurralar o ex-presidente.

Lula sai do depoimento desse dia 10 de maio como herói nacional, o primeiro operário a chegar ao poder, que fez um conjunto de inclusões sociais inéditas na história, e em termos globais, mas que se meteu no jogo político para garantir a governabilidade com as mesmas armas dos adversários.

Por isso, acabou se enrolando e, fora do poder, é vitimizado.

Em meio a essa pressão, não submetida sobre nenhum outro ex-presidente, Lula perde sua esposa, tem a sua casa e a dos filhos invadida de forma violenta pela Polícia Federal, no âmbito da Lava-Jato.

Toda essa estratégia irresponsável deverá comprometer por décadas todo o Judiciário, onde muitos setores que representam a categoria, incluindo a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), só se manifestaram quando os vazamentos ilegais de áudios da operação atingiram desembargadores.

Um ato mais eficiente contra a corrupção seria o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obrigar juízes, desembargadores e ministros a revelar quanto cobram por cachês das palestras.

Especialmente de um juiz, diretor de um instituto de ensino em Brasília, que inventou uma denúncia para fechar o Instituto Lula.

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