tucanos criaram
o monstro
FERNANDO BRITO
Há gente surpresa
com o fato de porta-vozes notório da direita estarem alarmados e críticos ao
papel que Moro e o Ministério Público assumiram.
É algo sobre o que há tempos se vem
alertando: formou-se, dentro das instituições, um partido político informal e
autoritário, que ganhou vida própria e tem apetites imensos de poder.
O amigo Rodrigo Vianna, em texto
publicado em seu Escrevinhador, organiza muito bem este raciocínio e vale a
transcrição de um trecho:
(…) tudo indica que avançamos
rapidamente para um novo 1968, com um AI-5 em câmera lenta. Cada juizeco de
primeira instância sente-se investido da autoridade para condenar “políticos”,
construindo uma narrativa de que “contra a corrupção” qualquer exagero ou abuso
pode ser justificado.
Repito aqui o que já escrevi em texto
recentes. Temos no Brasil hoje três forças em disputa:
1 – a esquerda e os movimentos
populares, sob liderança de Lula;
2 – a direita política, tucana
sobretudo, mas agregando também PMDB e outros partidos de centro-direita;
3 – a direita judicial-midiática, sob
comando de Moro e da Globo (surfando no discurso da antipolítica).
Os setores 2 e 3 se uniram para derrubar
Dilma. Mas agora essa aliança se rompeu.
Reinaldo Azevedo e Gilmar Mendes, com
suas críticas aos abusos da Lava-Jato, são a expressão desse giro: os tucanos e
seus aliados percebem que o golpe cria uma situação perigosa, em que o campo 3
pode quase tudo.
Precisas ou imprecisas, as sondagens de
opinião refletem este quadro e o esvaziamento do tucanato tradicional é tão
grande que até a bicuda a Vera Magalhães, no Estadão, retrata a “traição da
traição” da cúpula do PSDB excluindo João Dória, o Bolsonaro chique, do
programa do partido.
Há um e somente um complicador neste
plano autoritário e não são as eleições, que é muito difícil suprimir neste
século 21.
Mas é possível, e é o que tentam fazer,
desesperadamente, fazer com que nelas não se possa reagir à tomada de poder
pela matilha associada à mídia e açulada por ela.
O caminho é tirar da disputa aquele que
simboliza o não a esta destruição do Brasil: Lula.
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