FERNANDO BRITO
Em mais um momento esdrúxulo desta
esdrúxula saga da “Lava-Jato”, vejo o senhor Sérgio Moro num vídeo onde pede a
seus “apoiadores” que não vão a Curitiba “manifestar seu apoio” no dia do
depoimento do ex-presidente Lula, para que “ninguém se machuque”.
Abstraia-se o fato de ser estranho que
juiz tenha “apoiadores” e igualmente se descarte que faça comunicados e apelos
pelas redes sociais, algo totalmente incompatível com a discrição e o silêncio
próprios a um magistrado e faça-se uma análise do que contém o fato incomum,
ainda mais incomum porque feito por uma página de Facebook, mantida por sua
mulher, que tem o nome de “Eu Moro com ele”.
Com base em que Moro espera (ou ao menos
teme) conflitos na quarta-feira? Ele está ciente de que há pessoas ou grupos
dispostos a isso, para além de algum incidente que o mínimo de policiamento poderia
evitar? O que há, assumidamente, é uma manifestação política de apoio a Lula,
que é político, não juiz e, neste caso, cabe ter “apoiadores”.
Ao que se saiba, além de notícias
imprecisas sobre convocação de lutadores de artes marciais para tal “apoio a
Lava-Jato”, só quem fez incitação até agora foi o grupo – pago por quem? – que
espalhou 30 out-doors em Curitiba, figurando Lula como presidiário. Desejo de
prender Lula seria apoio a um juiz que não teria a mesma intenção, em tese?
Ou Moro, com sua “cognição sumária” tem
a intenção de desonerar-se, previamente, do que seus “apoiadores” são capazes
de fazer e, no mesmo movimento preventivo, precaver-se do fato de que serão
poucos, muito poucos, e quase só os mais ferozes?
Porque, depois deste “apelo”, o juiz
está blindado de qualquer acusação de responsabilidade pelo que uma dúzia de bestas-feras
venham a fazer, não é?
www.tijolaco.com.br 07/05/2017
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