Os outdoors em
Curitiba e as responsabilidades de Sérgio Moro
Pedro de Oliveira
Qualquer um perguntará: o depoimento foi
adiado por uma semana para preparar a segurança ou para que as provocações
pudessem ser espalhadas para acirrar os riscos para o acusado e para os que o
apoiam?
Por que Moro adiou o depoimento de Lula,
alegando necessidades da polícia de preparar a segurança, mas permite que
outdoors altamente ultrajantes sejam espalhados por toda Curitiba?
É muito conhecido o dito de Nietzsche de
que se Deus morreu tudo é permitido.
Sem perder um pingo de verdade, pode-se
dizer que se a justiça está morta nada é proibido. Esse é o caso dos outdoors
que brotaram como cogumelos em Curitiba. São trinta outdoors em áreas
movimentadas da cidade incitando a ira da população contra Lula. Coisa bem
organizada, feita com o intuito óbvio de insuflar ondas de ódio, e certamente
de alto custo.
Quem permite uma coisa dessas? Por que
Sérgio Moro não manda retirar esses outdoors e investigar os responsáveis?
De fato, se Sérgio Moro, o responsável
pelo julgamento de Lula, não der ordens para a retirada dos outdoors nem punir
os responsáveis, muitas perguntas ficarão no ar.
Por exemplo: Por que adiou o depoimento
de Lula, alegando necessidade da polícia de preparar a segurança, mas permite
que outdoors altamente ultrajantes sejam espalhados por toda Curitiba?
Quem deixa que provocações destinadas a
provocar confrontos, capazes mesmo de começar uma pequena guerra civil (ou,
quem sabe, até uma grande guerra civil), sejam usadas sem nenhum respeito pelos
direitos do acusado?
E mais: se outdoors não caem do céu, mas
custam caro, quem seria o responsável por esse milagre da multiplicação dos
outdoors?
Quem pagou por eles e com recursos
saídos de onde?
Se é permitido num país livre, em que
ninguém deve ser culpado antes de ser condenado em última instância, que um
inocente, e Lula é até agora tão inocente quanto eu ou você, seja objeto do
mais vil tratamento, uma afronta à Constituição do país, o que se pode esperar?
O que está acontecendo se um país, em
que os poderes estão obrigados pela Constituição a pautarem-se pelo estado
democrático de direito, uma campanha pode espalhar outdoors inteiramente
difamatórios como se estivéssemos no Velho Oeste, em que um xerife afixava onde
bem entendia seus cartazes de “Procura-se, Vivou ou Morto”, e mandava enforcar
sem maiores embaraços?
É um país ou uma terra sem leis?
Voltamos ao antigo “homo homini lupus”,
isto é, o homem é o lobo do homem? Estamos agora na pura e simples guerra de
todos contra todos?
Quem deixa que provocações destinadas a
promover confrontos, capazes mesmo de começar uma pequena guerra civil, sejam
usadas sem nenhum respeito pelos direitos do acusado?]
Qualquer um perguntará: o depoimento foi
adiado por uma semana para preparar a segurança ou para que as provocações
pudessem ser espalhadas para acirrar os riscos para o acusado e para os que o
apoiam?
Que louco não vê que provocações num
momento desses, em que uma fagulha pode atear o incêndio, só podem ser a
atitude de delinquentes e psicopatas?
As perguntas ficam no ar. E devem servir
como um aviso e um alerta.
Se o pior acontecer, ninguém terá
dúvidas sobre quem são os responsáveis pela tragédia.
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