Incêndio em caminhão com ajuda humanitária na Venezuela foi causado por manifestantes da oposição, afirma New York Times
Em vídeo exclusivo, jornal dos EUA desmente representantes do governo Trump e prova que tropas venezuelanas não tiveram responsabilidade alguma sobre o incidente
O incêndio em um dos caminhões que levava a suposta ajuda humanitária da Colômbia à Venezuela no dia 23 de fevereiro foi causado por um coquetel molotov lançado por um manifestante contrário ao governo de Maduro.
Um vídeo exclusivo divulgado neste domingo (10/03) pelo jornal norte-americano New York Times, comprova que o incêndio começou por conta de uma bomba caseira que foi lançada por um manifestante opositor e não por ações das tropas venezuelanas que estavam presentes na fronteira.
O periódico ainda destaca que vários veículos ao redor do mundo e importantes figuras políticas dos EUA culparam as forças venezuelanas e até o próprio presidente por ter supostamente "ordenado" que se queimasse o carregamento.
"Mas uma investigação do [New York] Times mostra que os oficiais dos EUA levantaram um julgamento sem os fatos completos", diz o jornal.
O vídeo mostra um homem de camisa preta lançando dois coquetéis molotov contra os policiais venezuelanos que guardavam a fronteira do país. Na segunda bomba lançada, um fragmento voa para o outro lado, na direção de um dos caminhões.
Ainda de acordo com o NYT, um vídeo difundido pelo governo da Colômbia para incriminar o governo da Venezuela foi falsificado e teve 13 minutos da gravação cortados.
Bolton, Pompeo, Rubio, Pence e Guaidó
Vários membros do governo de Donald Trump e políticos norte-americanos culparam Maduro pelo incidente.
À época, o secretário de Defesa dos EUA, John Bolton, disse que o presidente da Venezuela "mentiu" sobre a crise no país e teria contratado "criminosos" para incendiar os carregamentos com a suposta ajuda humanitária.
"Maduro mentiu sobre a crise humanitária na Venezuela, ele contratou criminosos para queimar comida e remédios destinados para o povo venezuelano", escreveu Bolton em sua conta no Twitter.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, também culpou Nicolás Maduro pelo incidente, o chamando de "tirano doente".
"Nós denunciamos a recusa de Maduro de deixar a ajuda humanitária entrar na Venezuela. Que tipo de tirano doente impede que comida chegue à população faminta? Essas imagens dos caminhões cheios de ajuda queimando são nojentas", escreveu Pompeo em seu Twitter.
Outro norte-americano a culpar o governo da Venezuela foi o senador republicano Marco Rubio. O político retuitou um vídeo de um jornalista venezuelano que estava na fronteira da Venezuela com a Colômbia e fez imagens do incêndio afirmando que a polícia venezuelana havia incendiado o carregamento.
Além disso, Rubio escreveu que "cada um dos caminhões incendiados por Maduro carregava 20 toneladas de comida e remédio. Isso é um crime e se as leis internacionais significam alguma coisa ele deve pagar um preço muito caro por isso". Segundo o vídeo do New York Times, apenas um caminhão foi atingido pela bomba caseira.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, também afirmou que Maduro estava por trás do incêndio na fronteira.
Segundo Pence, "o tirano em Caracas dançava enquanto seus 'capangas' assassinaram civis e queimaram comida e remédio que estavam indo à Venezuela".
O vice-presidente ainda afirmou que o episódio era "apenas mais um dia na jornada da Venezuela da tirania à liberdade".
O deputado de direita Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, também responsabilizou Maduro pelo incêndio. Em discurso realizado em Cúcuta, na Colômbia, um dia depois do incidente na fronteira, Guaidó disse que a população não devia "lealdade a quem queima comida na frente dos famintos".
Após os incidentes do dia 23 de fevereiro, Guaidó iniciou uma série de viagens pela América Latina, onde se encontrou com líderes de países como Colômbia, Brasil, Paraguai e Equador, em busca de apoio para a tentativa de golpe de Estado na Venezuela.
Ainda depois do incêndio na fronteira, o vice-presidente dos EUA anunciou novas sanções contra o país latino-americano, endurecendo a pressão norte-americana contra o governo de Maduro.
Reprodução/Twitter
"Mas uma investigação do [New York] Times mostra que os oficiais dos EUA levantaram um julgamento sem os fatos completos", diz o jornal
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