Os corruptos
estão soltos e mandando no Brasil
Há seis meses, os golpistas comandam o
Brasil. Em 12 de maio de 2016, Michel Temer assumiu o governo interino com o
objetivo de dar uma faceta de “legalidade” ao golpe desfechado em 31 de agosto.
No Parlamento, 428 golpistas - 367
deputados e 61 senadores - rasgaram a Constituição, afastando uma Chefe de
Estado do poder, eleita pela maioria da população, sem que houvesse crime de
responsabilidade contra ela.
Os argumentos do impeachment ainda ecoam
inacreditáveis: a emissão de seis decretos de crédito suplementar em 2015, sem
a autorização do Congresso e as tais pedaladas fiscais. Frente a um Congresso
majoritariamente cooptado, os argumentos da defesa de Dilma foram tragados pela
panaceia dos golpistas.
De nada adiantou mostrar que os tais
decretos não ampliaram gastos, apenas os remanejaram; tampouco que eles foram
assinados por solicitação de órgãos do Judiciário e até do Tribunal de Contas
da União (TCU).
As pedaladas fiscais? Um mês depois do golpe,
o próprio Ministério Público Federal (MPF) concluía que a “pedalada fiscal” não
se configurou operação de crédito, nem crime, mas se tratou de um “simples
inadimplemento contratual”.
A narrativa dos golpistas é uma
invencionice. Não é à toa que eles precisam ainda justificar o injustificável e
se irritam sempre que a palavra golpe entra em questão.
O bate-boca entre os ministros Gilmar
Mendes e Ricardo Lewandowski é prova disso. Sempre que pode, o ministro bate na
mesma tecla, criticando a condução do processo de impeachment, presidido no
Senado por Lewandoski, que avalizou o destrinchamento da ação, mantendo o
direito de Dilma exercer funções públicas. Foi o mínimo.
Neste sábado (19), em sua participação
durante o 2° Congresso do Movimento Brasil Livre (MBL), Gilmar Mendes bateu na
mesma tecla, destacando que o impeachment de Dilma foi “uma solução
institucional absolutamente normal para o quadro de crise grave que nos
acometeu”, disse ainda que o afastamento o deixou com um “duplo sentimento” de felicidade
pelo Brasil ter “conseguido superar essa grave situação de desordem
institucional”.
Do que ele fala ?
Desordem institucional ?
Quanto custou o golpe?
Embora ninguém diga, um fato é notório:
o povo brasileiro terá de pagar a implementação, em tempo recorde, do Estado
mínimo; da política de austeridade e do desmonte da Carta Magna. A PEC 55
(ex-PEC 241) é mais um passo neste assalto à Nação.
Mais uma vez, no país que brada o
“combate à corrupção”, os golpistas fazem a festa. Prova disso é a lista
abaixo, uma reunião de toda sorte de acusações e denúncias contra quem hoje manda
no Brasil e ontem bradavam contra a corrupção endêmica. Confira:
Michel Temer, o
presidente decorativo
A divulgação do cheque de R$ 1 milhão da
Andrade Gutierrez, nominalmente destinado à campanha de Michel Temer trouxe um
revés no depoimento de Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira. Na última
quinta-feira (17.11.2016), após a defesa de Dilma mostrar o cheque e outros
documentos, Azevedo reconheceu o “equívoco” ao afirmar que o cheque havia sido
pago ao PT, afirmando, agora, que a soma não se tratava de propina (VALOR, 17.11.2016).
Temer não aparece apenas na delação de
Azevedo. Doações de empreiteiras ao PMDB, a seu pedido, foram mencionadas por
Marcelo Odebrecht - R$ 10 milhões pedidos por Temer durante um jantar no Jaburu
-, O ESTADO DE SÃO PAULO,
06.08.2016. Por sua vez, Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, delatou
R$ 1,5 milhão, pagos pela Queiroz Galvão, a partir de contratos entre a
construtora e a Transpetro (G1,
15.06.2016).
Em março de 2016, o ex-senador Delcídio
Amaral citou Temer como “padrinho” de João Augusto Henriques, ex-diretor da BR
Distribuidora, operador do escândalo envolvendo a empresa entre 1997 e 2001 (O ESTADO DE SÃO PAULO, 15.03.2016). Sua
proximidade com o lobista Fernando Soares também foi mencionada por Júlio
Camargo, ex-consultor da Toyo Setal (O
ESTADO DE SÃO PAULO, 22.08.2015). Além disso, indícios reunidos por Janot,
mostravam que Temer havia recebido R$ 5 milhões de Léo Pinheiro, presidente da
OAS.
Geddel Vieira Lima, secretário geral da Presidência
Outra acusação recente é contra o
ministro da Secretaria Geral da Presidência, Geddel Viera Lima e ela não vem de
um oposicionista, mas de um colega de ministério, Marcelo Calero, ministro
demissionário da Cultura, fez uma grave denúncia contra Geddel: a de tê-lo
pressionado para interferir em uma decisão técnica no IPHAN, relativa à
construção de um projeto imobiliário da construtora Cosbat, o La Vue. Erguido
ao lado de sítios históricos ou tombados de Salvador, já foram vários pareceres
contra o empreendimento.
Geddel também mostrou interesse em outro
empreendimento: o Residencial Costa España, no qual a Cosbat é sócia da
Construtora OAS. Entre as mensagens telefônicas interceptadas pela Lava-Jato,
Léo Pinheiro (sócio da OAS) menciona Geddel e ACM Neto, prefeito de Salvador:
“Nosso amigo GVL pede para você ligar para Luís. Teve com o baixinho (ACM Neto)
e está liberado o Costa Espanha”. Geddel e ACM confirmaram a conversa sobre o
tema. ACM Neto, inclusive, declarou que a conversa sobre o empreendimento não
fugiu “da moralidade pública”. (FOLHA DE
SÃO PAULO, 19.11.2016).
Interessante notar, como mostra
reportagem do BR2Pontos, do jornalista Marco Damiani, a descarada blindagem a
favor de Geddel que vem sendo realizada pela Rede Globo neste episódio do La
Vue. “Pressionar outro ministro em causa própria deve ser vetado até na
cartilha de ética da Coréia do Norte. Mas, como aqui é Brasil e Geddel é peça
importante da articulação política do presidente Michel Temer no Congresso,
está em curso a Operação Segura Geddel”, destaca o jornalista.
Geddel também havia sido acusado por
Lúcio Funaro, preso pela Lava-Jato, de fazer pressão em uma operação de R$ 330
milhões no fundo de investimento do FGTS (ÉPOCA,
07.09.2016). Seu nome também surge em
mensagens apreendidas pela PF, atuando a favor de interesses da OAS dentro da
Caixa Econômica Federal e na Secretaria de Aviação Civil junto à prefeitura de
Salvador (G1, 21.01.2016).
Aroldo Cedraz (presidente do TCU) e Raimundo Carneiro
(ministro TCU)
Outra bomba no governo atinge o Tribunal
de Contas da União (TCU), reconhecido reduto tucano. Em 2015, o empreiteiro
Ricardo Pessoa, da UTC, havia delatado o pagamento de R$ 1 milhão – em parcelas
de R$ 50 mil – ao advogado Tiago Cedraz para obter informações do TCU que
pudessem favorecer a construtora.
Tiago é filho de Aroldo Cedraz,
presidente do TCU, e sua firma de advocacia atuou em 182 ações do Tribunal.
Nesta semana, Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro Silva (ministro do TCU) tiveram
seus sigilos bancários e telefônicos quebrados (FOLHA DE SÃO PAULO, 03.01.2016, EPOCA, 15.11.2016)
Alexandre de Moraes, o ministro da Justiça
Alexandre de Moraes, recordista em gafes
no Planalto, está também no pódio dos que mais viajam. Em cinco meses, foram 85
voos entre Brasília e São Paulo, 46 deles sem justificativas (O ESTADO DE SÃO PAULO, 07.11.2016).
Vale destacar que o atual ministro da Justiça e, pelo andar da repressão,
eterno secretário de Segurança Pública de São Paulo, já surgiu em reportagens
pelos serviços jurídicos prestados à cooperativa Transcooper, suspeita de lavar
dinheiro do PCC (O ESTADO DE SÃO PAULO,
09.01.2015). Leia também “O paradoxo da Justiça em um governo ilegal” e “A
nacionalização da truculência paulista”.
José Serra, o eterno candidato à presidência
Outro grão tucano, o ministro José Serra
(Relações Exteriores), também foi citado durante as delações premiadas da Lava-Jato.
Segundo executivos da Odebrecht, Serra recebeu R$ 23 milhões (R$ 34 milhões em
valores atualizados) em caixa dois da empreiteira, durante a eleição de 2010 (FOLHA DE SÃO PAULO, 28.10.2016). Ele
também já havia aparecido na lista de políticos encontrada na casa do
presidente da Odebrecht, em março deste ano.
Em agosto, o nome de Serra havia
aparecido na delação de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAE, referente à um
esquema de propina nas obras do Rodoanel Sul durante sua gestão (2007-2010) em
São Paulo. “Na licitação, com contrato assinado em 2007, havia um convite de 5%
de vantagens indevidas para Dario Rais Lopes [secretário de Transportes de
Serra] e Mário Rodrigues [diretor de engenharia]”, afirmou Pinheiro.
A assessoria do ministro questionou a
data de assinatura do contrato, apontando que os diretores mencionados não
continuaram em seus cargos durante a administração Serra. Em suma: Serra jogou
a bomba para Alckmin, governador de São Paulo entre 2001 a 2006 (FOLHA DE SÃO PAULO, 27.08.2016).
A gestão Alckmin, aliás, também aparece
em um relatório da PF. Segundo as investigações, em 2002, houve um suposto
esquema de pagamento de propina nas obras de duplicação da Rodovia Mogi-Dutra (OGLOBO, 26.03.2016).
Vale recordar, ainda, Gregório Preciado,
ex-sócio e familiar de Serra que apareceu em duas delações: uma do doleiro
Fernando Baiano, operador do PMDB; e outra do ex-senador Delcídio do Amaral (Carta
Capital, 26.11.2015). A suposição é a de que ele estaria envolvido
em pagamento de propinas.
Eliseu Padilha
Ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu
Padilha também surgiu em delações na Lava-Jato. Delcídio do Amaral afirmou que
Padilha e Moreira Franco deram apoio à sua indicação para a Petrobras em 1999,
ainda no governo FHC. O ministro negou a indicação; Moreira Franco confirmou,
embora tenha desmentido o recebimento de favorecimentos. (OGLOBO, 25.04.2016).
Padilha também aparece na delação de Marcelo Odebrecht. Dos R$ 10 milhões
repassados a pedido de Temer à construtora, R$ 4 milhões teriam sido repassados
a Padilha e R$ 6 milhões para Paulo Skaf, o homem do pato (O ESTADO DE SÃO PAULO, 06.08.2016)
Vale destacar que Eliseu Padilha é réu
em uma ação civil de improbidade administrativa, acusado de ordenar o pagamento
superfaturado de R$ 2 milhões a uma empresa, no escândalo conhecido como Máfia
dos Precatórios, durante o governo FHC. Na época, Padilha chefiava o Ministério
dos Transportes (FOLHA DE SÃO PAULO,
17.05.2016).
Renan Calheiros, o presidente do Senado
Parece mentira, mas existem 12
inquéritos contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Supremo Tribunal
Federal – oito deles relacionados à Lava-Jato. O último, aberto nesta
sexta-feira (18.11.2016), diz respeito a uma movimentação financeira suspeita
de R$ 5,7 milhões (G1, 18.11.2016).
Entre março de 2015 e maio de 2016,
Calheiros foi alvo de nove inquéritos no escopo da Lava-Jato (O ESTADO DE SÃO PAULO,
03.05.2016). Seu nome aparece na delação
de Sérgio Machado, como recebedor de propinas, na ordem de R$ 32 milhões em
desvios nos contratos da Transpetro (G1,
15.06.2016). Ele também foi citado por Delcídio do Amaral, que apontou a
existência de um “esquemão fidelizado” entre Renan e Machado, com recursos da
estatal (G1, 29.05.2016).
Em março, o doleiro Carlos Alexandre de
Souza Rocha, o Ceará, havia mencionado o pagamento de R$ 2 milhões a Calheiros
para evitar a instalação, entre 2009 e 2014, de uma CPI da Petrobras
(G1,21.03.2016). Nestor Cerveró também havia citado o recebimento de propina
pelo senador, no valor de US$ 6 milhões, por meio do lobista Jorge Luz,
referentes a um contrato de afretamento do navio-sonda Petrobras 10.000 (O ESTADO DE SÃO PAULO, 16.12.2015).
O mesmo lobista tinha sido apontado pelo
doleiro Fernando Baiano ao delatar o repasse de propina a Renan (O ESTADO DE SÃO PAULO, 12.11.2015). Em
julho deste ano, o primeiro entre inquéritos envolvendo Renan foi arquivado por
falta de provas (O ESTADO DE SÃO PAULO,
06.07.2016).
Romero Jucá, líder do Governo no Congresso
Ex-ministro Todo Poderoso de Temer,
Romero Jucá (PMDB/RR) foi recentemente citado na delação de Flávio Barros da
Andrade Gutierrez, que afirmou ter conhecimento do pagamento de R$ 30 milhões
em propina a Jucá pelas empreiteiras Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e OAS,
entre 2010 e 2012 (O ESTADO DE SÃO PAULO,
20.07.2016). O nome de Jucá aparece nas delações de Paulo Roberto da Costa,
Alexandre Yousseff, Delcídio do Amaral e Sérgio Machado. Alvo de dois
inquéritos no STF, Jucá nega as acusações. Em maio, suas conversas com Sérgio
Machado vieram a público: ele alertava para a necessidade de "estancar a
sangria" da Operação (FOLHA DE SÃO
PAULO, 23.05.2016). Com esse vazamento, ele acabou perdendo o cargo de
ministro do Planejamento.
Jucá foi indicado nesta semana líder do
governo no Congresso por indicação, claro, do golpista Michel Temer.
Aécio Neves, o
ex-futuro-presidente dos coxinhas
Se os 12 inquéritos contra Renan espantam,
as acusações contra Aécio Neves escancaram a óbvia proteção do tucano no
Judiciário. São várias as acusações contra ele. Em agosto, um relatório da
CEMIG denunciava a ausência de cobrança em uma obra na rede de energia elétrica
que corta a fazenda da família do senador (FOLHA
DE SÃO PAULO, 09.08.2016).
Em julho, Léo Pinheiro, ex-presidente e
sócio da OAS, condenado a 16 anos de prisão pela Lava-Jato, mencionou o senador
tucano como beneficiário do pagamento de propina pela OAS na construção da
Cidade Administrativa, em Minas Gerais (RBA, 11.07.2016). Os pagamentos eram
feitos para Oswaldo Borges da Costa Filho, segundo Pinheiro, “operador de Aécio
Neves e controlador das contas das empresas do político” (FOLHA DE SÃO PAULO, 27.08.2016).
Em junho, Sérgio Machado detalhava para
os investigadores da Lava-Jato como Aécio foi eleito presidente da Câmara dos
Deputados em 2000, recebendo R$ 1 milhão em recursos ilícitos. Segundo Machado,
a soma era parte de R$ 7 milhões destinados a bancar a campanha de 50
candidatos tucanos em 1998 - R$ 4 milhões oriundas da campanha nacional de FHC;
R$ 3 milhões, em dinheiro ilícito do exterior. E mais: “parte do dinheiro para
a eleição de Aécio para a presidência da Câmara veio de Furnas”, afirmou o
delator (FOLHA DE SÃO PAULO,
15.06.2016).
No mesmo mês, o ex-deputado Pedro Correa
afirmava que Aécio foi um dos responsáveis pela indicação de Irani Varella à
diretoria de Serviços da Petrobras, ainda durante o Governo FHC. Varella,
segundo Correa, era responsável por conseguir “propinas com empresários para
distribuir com seus padrinhos políticos” (O
ESTADO DE SÃO PAULO, 18.06.2016).
Em fevereiro deste ano, o lobista
Fernando Moura detalhava a divisão do dinheiro em um esquema de propina em
Furnas, beneficiando o senador: “é um terço São Paulo, um terço nacional e um
terço Aécio” (FOLHA DE SÃO PAULO,
03.02.2016).
A subsidiária da Eletrobrás também foi
citada por Delcídio do Amaral: “um dos beneficiários dos valores ilícitos [de
Furnas] sem dúvidas era Aécio Neves”. Ele, inclusive, acusou Aécio de ter
favorecido o Banco Rural durante as investigações da CPI dos Correios, em 2005.
De quebra, disse ter ouvido que o mineiro era beneficiário de uma offshore
sediada nas Bahamas, com conta em Liechtenstein (O ESTADO DE SÃO PAULO, 15.03.2016).
Em dezembro de 2015, Carlos Alexandre de
Souza Rocha, o Ceará, mencionou o senador mineiro em um suposto repasse de
dinheiro feito pela UTC (OGLOBO, 30.12.2015). Vale lembrar que ano passado, uma
ação pública do MPF alertava que Aécio e Antonio Anastasia deixaram de repassar
R$ 14,2 bilhões na área da Saúde, entre 2003 e 2012, durante suas gestões em
Minas Gerais (O ESTADO DE SÃO PAULO,
25.06.2015).
Rodrigo Maia, Presidente da Câmara tentando reeleição
Sucessor de Eduardo Cunha, o presidente
da Câmara deputado Rodrigo Maia, também foi citado na Lava-Jato. Seu nome surge
em troca de mensagens telefônicas com o empreiteiro Léo Pinheiro, envolvendo
doações da OAS para campanhas políticas (O
ESTADO DE SÃO PAULO, 11.06.2016, FOLHA
DE SÃO PAULO, 21.01.2016, EPOCA,
14.06.2016).
Maia vem tentando se reeleger à
presidência da Câmara, apesar da Constituição só permitir reeleição entre uma
legislatura e outra (a próxima termina em fevereiro de 2019). O PSDB de Aécio
Neves se pronunciou sobre o assunto: caso Maia obtenha aval jurídico para se
reeleger, os tucanos vão apoiá-lo (O
ESTADO DE SÃO PAULO, 19.11.2016).
E como é impossível falar em corrupção
no Brasil, sem mencionar o Príncipe da Privataria, finalizamos a lista com as
menções ao grão tucano e seu mandato na Lava-Jato:
FHC e seu Governo
Em fevereiro de 2015, Pedro Barusco, o
ex-gerente da Petrobras, delatou à Lava-Jato que o pagamento de propina na
estatal acontecia desde 1997, quando do primeiro contrato de navios-plataforma
da estatal com a holandesa SBM Offshore, portanto no governo FHC (O ESTADO DE SÃO PAULO, 05.02.2015). Em
dezembro de 2015, a PF e o MPF deflagraram uma operação para apurar esses
desvios (CARTA CAPITAL,17.12.2015).
Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras,
mencionou um suposto recebimento de propina pelo governo FHC, no valor de US$
100 milhões, pela venda da empresa argentina Pérez Companc. FHC negou a
acusação. A pauta evaporou do noticiário. (O
ESTADO DE SÃO PAULO, 11.01.2016). Meses depois, Cerveró afirmaria ter
recebido, durante o governo FHC, uma orientação da presidência da Petrobras
para fechar um contrato com empresa ligada ao filho do ex-presidente, Paulo
Henrique Cardoso.
Ele mencionava, ainda, o pagamento de
propina pela Alstom e General Electric, fornecedoras de turbinas para geração
de energia termoelétrica, em um programa criado pelo governo tucano (O ESTADO DE SÃO PAULO, 02.06.2016). Por
fim, Delcídio do Amaral delatou um esquema de propina, durante a era FHC, de
US$ 10 milhões destinados a políticos do PFL baiano (hoje DEM), entre 1999 e
2001, durante a compra de equipamento para a refinaria Landulfo Alves (El PAÍS, 03.05.2016).
Todas as acusações acima relatadas foram
negadas, obviamente, pelos golpistas envolvidos.
O interessante é que no país “do combate
à corrupção”, não escapam o presidente da República, seus principais ministros
– até ministro do TCU – os chefes do Legislativo, parlamentares e nem ideólogos
do golpe.
Mais interessante ainda é que os
veículos do oligopólio midiático, aqueles que incensam notícias ao longo de
semanas, meses, quando se trata de personalidades da esquerda, no caso dos
golpistas adotam a prática da reportagem relâmpago. Aquela que sai em um dia e desaparece
no outro.
www.cartamaior.com.br 20/11/2016
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