quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Robert Reich: o fim do Establishment?

17/11/2016 16:04 - Copyleft

Robert Reich: o fim do Establishment?

Não há uma definição oficial para "establishment" mas inclui todas as pessoas e instituições que exercem poder significante na economia política do


Guernica Magazine
Divulgação
Em tempo.
Saia um pouco do frenesi da campanha e considere a enormidade do que já aconteceu.


Um judeu de 74 anos de Vermont, que se descreve como um socialista democrático, que nem era Democrata até pouco tempo, chegou muito perto de vencer Hillary Clinton na convenção do partido em Iowa, comandou na primária de New Hampshire e conquistou mais de 47% dos presentes na convenção em Nevada.







E um bilionário de 69 anos que nunca ocupou um cargo eleitoral ou que nunca teve nada a ver com o Partido Republicano tomou a liderança nas primárias Republicanas.


Algo muito grande aconteceu, e não foi por causa do magnetismo de Sanders ou da amabilidade de Trump. É a rebelião contra o establishment.


A pergunta é porque o establishment demorou tanto para ver isso. Um ano atrás – o que agora parece uma eternidade – proclamou Hillary Clinton e Jeb Bush como os favoritos.


Ambos tinham todas as vantagens – bases profundas de financiadores, redes de infiltrados políticos bem estabelecidas, conselheiros políticos experientes, e todo o reconhecimento pelo nome que podiam querer.


Mas mesmo agora que Bush está fora e Hillary ainda lidera mesmo vulnerável, o establishment ainda não vê o que aconteceu. Eles explicam tudo apontando para as fraquezas: Bush, agora dizem, “e a Hillary”


Um informante político respeitado me disse recentemente que a maioria dos norte-americanos está contente. “A economia está em boa forma”, ele disse. “A maioria dos norte-americanos está melhor agora do que estiveram em anos. O problema mesmo são os próprios candidatos”.


Eu tendo a discordar.


Os indicadores econômicos podem estar altos mas eles não refletem a insegurança econômica que a maioria dos norte-americanos ainda sente, nem as injustiças e arbitrariedades que eles experienciam.


Os maiores indicadores não mostram as conexões que os norte-americanos vêem entre a riqueza e o poder, o “velho amigo capitalismo”, a queda real do salário, queda no pagamento dos CEOs, e uma classe bilionária que está transformando nossa democracia em uma oligarquia.


A renda média de uma família, está ajustada para a inflação, enquanto isso, os ganhos econômicos chegaram ao topo.


Esses ganhos se traduziram em poder político para manipular o sistema com resgates bancários, subsídios corporativos, brechas fiscais especiais, acordos comerciais, e crescente poder de mercado - todos que têm contribuído com a queda do salário mínimo e o aumento dos lucros.


Aqueles no topo do topo manipularam o sistema ainda mais completamente. Desde 1995, a média da taxa de imposto para os 400 mais ricos do país caiu de 30% para 17%.


Riqueza, poder, e o amigo capitalismo encaixam juntos. Até agora nas eleições de 2016, os 400 mais ricos são mais de um terço de todos os contribuições de campanha.


Os norte-americanos sabem que um controle foi feito e eles culpam o establishment por isso.


Não há uma definição oficial para “establishment” mas inclui, presumivelmente, todas as pessoas e instituições que exercem poder significante na economia política norte-americana, e que, são, portanto, considerados coniventes.


No seu coração estão as maiores corporações, seus executivos mais importantes, e os lobistas de Washington e associações de comércio; os maiores bancos de Wall Street, seus representantes mais importantes, investidores e seus gerentes de hedge-fund e de capitais de investimento e seus lacaios em Washington; os bilionários que investem diretamente na política; e os líderes políticos de ambos os partidos, seus patrocinadores e seus operadores políticos.


Ao redor desse coração estão os negacionistas e os apologistas – aqueles que atribuem ao que aconteceu “as forças neutras do mercado”, ou que dizem que o sistema não pode ser mudado, ou que qualquer reforma deve ser pequena e adicional.


Alguns norte-americanos estão se rebelando contra tudo isso apoiando um demagogo autoritário que quer fortalecer os EUA contra os estrangeiros e também os bens de fabricação estrangeira. Outros estão se rebelando entrando na chamada “revolução política”.


O establishment está tendo acessos de raiva. Chamam Trump de louco e Sanders de irresponsável. Denunciam que o isolacionismo de Trump e os programas de governo ambiciosos de Sanders irão travar o crescimento econômico.


O establishment não entende que a maioria dos norte-americanos não liga para o crescimento econômico pois, por anos, eles receberam pouco dos seus benefícios, enquanto sofriam a maioria de seus fardos perdendo emprego e com salários menores.


A maioria das pessoas está mais preocupada com segurança econômica e uma chance de conquistar sucesso.


O establishment não vê o que acontece porque se cortou da vida da maioria dos norte-americanos. Também não quer entender, porque isso exigiria que entendesse que é a causa principal de tudo isso que acontece.


Ainda assim, independentemente dos destinos políticos de Donald Trump e Bernie Sanders, a rebelião contra o establishment irá continuar.


Eventualmente, aqueles com poder político e econômico significantes nos EUA terão que se comprometer com uma reforma fundamental ou renunciar seu poder.


Créditos da foto: Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário