segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ASSALTO FINAL A ALEPPO

ASSALTO FINAL A ALEPPO

Forças leais ao governo do presidente Bashar al-Assad avançam sobre zonas controladas por terroristas. Queda da cidade não significará o fim da guerra, garante o presidente sírio. Ajuda continua sem chegar.

A batalha por Aleppo parece estar a aproximar-se do fim. Nos últimos dias, o exército sírio, fiel ao presidente Bashar al-Assad, reconquistou o centro histórico da cidade. Só nas duas últimas semanas, os terroristas terão perdido dois terços do território que estava nas suas mãos. Neste momento, as forças leais ao governo controlam entre 75% e 80% da zona Leste e garantem que na próxima semana poderão declarar vitória.

A perda de Aleppo constituirá, para os terroristas e seus aliados (EUA e OTAN), a pior derrota desde o início da guerra civil, em 2011. Caso sejam definitivamente afastadas de Aleppo, as forças terroristas ficarão apenas reduzidas à província de Idlib, a sudoeste de Aleppo, e a alguns redutos em redor de Damasco e no Sul do país.

Ainda assim, na ótica do presidente Bashar al-Assad, isso não significará a paz. "Aleppo mudará completamente o curso da guerra, mas não será o fim do conflito. A batalha não terminará enquanto o terrorismo não for derrotado. Mesmo vencendo Aleppo iremos continuar a guerra", afirmou o presidente sírio numa entrevista ao jornal al-Watan.

A cidade de Aleppo foi tomada pelos terroristas em julho de 2012. A longa batalha em curso desde então sofreu uma virada decisiva desde que, a 15 de novembro, o exército sírio - auxiliado no terreno por forças iranianas e por combatentes do grupo xiita libanês Hezbollah, e pelo ar pela aviação russa - lançou uma forte e destruidora ofensiva destinada a expulsar definitivamente os terrosristas da segunda maior cidade do país.

Aleppo, com exceção do centro histórico, que tem sido relativamente poupado durante os bombardeamentos, é neste momento uma cidade em ruínas. Cercados na zona ainda nas mãos dos terroristas encontram-se cerca de 150 mil civis, desesperados pela ajuda humanitária que teima em não chegar. "Estão sob ameaça de extermínio. Estamos a pedir um cessar--fogo que permita retirar todas as pessoas de forma segura", disse, citado pela agência Reuters, um dos líderes civis dos terroristas. O apelo de Brita Haji Hassan foi feito durante uma viagem a Genebra, onde se encontrará na segunda-feira com Staffan de Mistura, enviado das Nações Unidas para a Síria.

Ontem, em Hamburgo, Rússia e Estados Unidos tentaram chegar a consensos na procura de uma solução pacífica para a guerra que dura há quase seis anos. John Kerry, secretário de Estado dos EUA, e Sergei Lavrov, chefe da diplomacia do Kremlin, reuniram-se na Alemanha. Apesar de o norte-americano ter-se dito "esperançoso" depois da conversa com o seu homólogo russo, Jan Egeland, conselheiro humanitário da ONU para a Síria, declarou que os dois países continuam muito distantes.

De acordo com a Cruz Vermelha internacional, durante a noite de quarta para quinta-feira cerca de 150 feridos e com necessidade de assistência médica urgente foram retirados de um hospital na cidade velha. Serão ainda pelo menos 1500 os civis em situação-limite e a precisar de auxílio hospitalar.

A intensidade crescente dos combates tem agravado ainda mais a dramática situação humanitária e motivado uma aceleração da tentativa de êxodo das populações. De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização não governamental sediada em Londres, desde 15 de novembro cerca de 80 mil pessoas fugiram da cidade.

Há vários meses que a população de Aleppo não recebe qualquer tipo de ajuda humanitária. De acordo com o Comité Internacional de Resgate, desde julho que não há entregas de alimentos nem de medicamentos.

O jornal The Guardian conta que está a ser estudada a possibilidade de fazer chegar ajuda por via aérea, através de paraquedas guiados por GPS. A tecnologia em causa é utilizada pelos militares norte-americanos desde 2001 para fornecer tropas em vários cenários de guerra, nomeadamente no Afeganistão, nas situações em que é demasiado perigoso ou impossível fazê-lo por terra.

Apesar de não haver, segundo o jornal britânico, obstáculos técnicos para concretizar esta operação, os militares norte-americanos não querem ver-se arrastados para o cenário de guerra, mesmo que os aviões pudessem manter-se fora do alcance dos caças sírios e russos.



Reino Unido sob ameaça

"A tragédia humana na Síria é de partir o coração", lamentou ontem, em Londres, o chefe do MI6, agência secreta britânica para o exterior. Numa rara comunicação pública, Alex Younger alertou para o fato de o Reino Unido estar sob um nível de ameaça sem precedentes no que diz respeito à possibilidade de ataques terroristas. "Enquanto estou aqui a falar, as estruturas altamente organizadas do Estado Islâmico, mesmo estando debaixo de fogo, estão à procura de formas de projetar violência contra o Reino Unido e contra os nossos aliados, sem que tenham de sair da Síria", afirmou o chefe da secreta britânica. Younger acrescentou ainda que, desde junho de 2013, foram descobertos e contrariados 12 planos de ataques terroristas.


www.dn.pt 19/12/2016

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