Governo Temer
termina com ele ainda no cargo
Josias de Souza
O governo Temer começou a terminar neste
domingo, 11 de dezembro de 2016, quando o presidente da República esboçou sua
reação à delação coletiva da Odebrecht. De saída, concluiu que nada justifica a
demissão de auxiliares como Eliseu Padilha e Moreira Franco. Não se deu conta
de que nada, neste caso, é uma palavra que ultrapassa tudo. De resto, Temer
estimulou aliados a questionarem o vazamento de delação ainda não homologada
pela Justiça. Ficou entendido que, incapaz de curar a doença, opera para
esconder a radiografia.
Temer está diante de uma adversidade que
lhe sonega o único papel que desempenhou nos seis meses de sua gestão. Não pode
mais culpar a herança de Dilma Rousseff por tudo. O apodrecimento do PMDB é
culpa dos políticos que o controlam. Temer preside a legenda há 15 anos. Não
demite padilhas e moreiras porque eles não fizeram nada que não estivesse
combinado. Não se afasta de renans e jucás porque todos os gatunos ficaram
pardos depois que o PMDB virou apenas mais uma organização partidária com fins
lucrativos.
Em política, não adianta brigar com o
inevitável. Diante de um pé d’água, a primeira coisa a fazer é encontrar um
guarda-chuva. A segunda, é abrir o guarda-chuva. A terceira, é tentar se molhar
o mínimo possível. Alcançado por um temporal, Temer está ensopado. Começou a se
molhar quando ainda era vice-presidente. Convidou Marcelo Odebrecht para jantar
no Jaburu. Antes que fosse servida a sobremesa, mordeu o comensal em R$ 10
milhões. Ao liberar a grana para os destinatários combinados, o príncipe das
empreiteiras transformou o guarda-chuva de Temer numa armação sem pano.
Na fase de montagem do seu ministério,
Temer reuniu os amigos em São Paulo para definir o posto que cada um ocuparia
no seu governo provisório. Nesse encontro, firmou-se um entendimento prévio:
auxiliares pilhados em escândalos
deveriam tomar a iniciativa de se afastar dos respectivos cargos.
Participaram da conversa, além de Temer: Romero Jucá, Geddel Vieira Lima.
Eliseu Padilha e Moreira Franco. Jucá e Geddel já deixaram a Esplanada. Padilha
e Moreira também já caíram, só que Temer finge que não percebeu.
O governo de Michel Temer, tal como o
presidente imagina existir, já acabou. Ainda que permaneça no Planalto até
2018, Temer será um presidente coxo. Constrangido e rejeitado, promete reformas
e crescimento econômico arrastando as correntes da Odebrecht como um zumbi.
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